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Bruce LaBruce junta imigração e pornografia em ‘O Intruso’ – 12/11/2024 – Ilustrada

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Leonardo Sanchez

Para aqueles que pouco o conhecem, Bruce LaBruce não passa de um provocador que prensou seu nome na indústria cinematográfica ao filmar transas catárticas e fetiches desavergonhados. Mas quem de fato mergulha na filmografia do canadense sabe que, em meio aos gemidos, declarações políticas querem ser ouvidas.

Não é diferente em seu novo filme, “O Intruso“, que usou sua expertise pornográfica para atacar um dos temas mais quentes nas campanhas políticas do Hemisfério Norte, a imigração. Especialmente oportuno na ressaca causada pela reeleição de Donald Trump, viabilizada, em parte, pela aversão do eleitorado republicano ao estrangeiro.

“Essa eleição é complexa, porque muitos gays apoiaram o Trump. Houve uma assimilação por parte do movimento, e muitos homossexuais passaram a achar que, para serem aceitos, precisariam adotar ideias conservadoras. Assim, o movimento gay se aproximou do centro, ou da centro-direita, enquanto os trans se tornaram os alvos”, diz ele, por telefone.

“O Intruso” é um dos destaques do 32º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que reúne filmes, shows, livros, bate-papos e oficinas com temática LGBTQIA+ a partir desta quarta-feira (13), em São Paulo. A programação, gratuita, atinge seu clímax no dia 24 de novembro, com sua cerimônia de premiação.

Além de “O Intruso”, são destaques “Tudo Vai Ficar Bem”, de Ray Yeung, vencedor do Teddy em Berlim, “Maré Alta“, longa americano com Marco Pigossi que esteve no SXSW, e “Baby“, prêmio de melhor ator revelação na Semana da Crítica em Cannes. A abertura ficou com “Avenida Beira-Mar“, que levou o prêmio Félix de filme nacional no Festival do Rio.

Mas é LaBruce quem brilha na seleção, por seu pioneirismo no cinema queer e, também, porque o canadense estará em São Paulo nesta semana. Não apenas para exibir “O Intruso”, mas também para receber uma homenagem do evento, parceiro de longa data que lhe entrega o prêmio honorário Ícone Mix, já nesta quarta.

No dia seguinte, o multiartista inaugura no MIS, o Museu da Imagem e do Som, a exposição fotográfica “Bruce LaBruce Sem Censura“, com registros de bastidores de seus filmes, como “Hustler White“, um tragicômico retrato da prostituição masculina na Los Angeles dos anos 1990, e “The Raspberry Reich“, sobre um grupo terrorista de esquerda que quer fazer a revolução pelo sexo.

Ambos são filmes torridamente sexuais, de um período em que o cineasta estava disposto a chocar a qualquer custo. São várias as cenas de sexo explícito, intensificado por taras como asfixia e BDSM, em contraste com um LaBruce que havia ficado mais comportado nos mais recentes “Gerontofilia” e “Saint Narcisse” –ao menos para seus padrões.

“O Intruso” é um filme que subverte a hipersexualiação do homem negro e, mais importante, subverte uma retórica racista que LaBruce descreve como uma paranoia sexual, que cola ao estrangeiro a figura de um homem viril que “vai chegar e foder todo mundo” –Trump frequentemente chama os mexicanos que cruzam a fronteira de estupradores.

De fato é o que o protagonista de “O Intruso” faz. No filme, o acompanhamos pedindo abrigo num lar da burguesia britânica para, na sequência, seduzir pai, mãe, filho, filha e empregado. Ele transa com todos, algumas vezes com mais de um ao mesmo tempo, chocando o espectador com cenas de penetração e sexo oral explícitas, e também com incesto.

Antes disso, porém, uma voz grave e modorrenta entoa um discurso político sobre os perigos de abrir as fronteiras para imigrantes e refugiados. Os trechos, extremistas, foram tirados de discursos reais, e são ilustrados pela curiosa viagem de uma mala pelo Canal da Mancha, de onde sai, nu, o protagonista vivido pelo performer Bishop Black.

Seus atos, na sequência, são uma resposta àquela retórica xenofóbica, como se ele gritasse, sempre que tirasse a roupa, “vocês vão ter que me engolir”. E eles o fazem, ora metafórica ora literalmente. “Esse estranho chega e liberta essa família de suas repressões, os transforma em algo diferente. É um personagem que surge tanto como um libertador, quanto um destruidor”, diz LaBruce.

“Países coloniais acham que são mais civilizados que outros, mas foram eles, com o cristianismo, que levaram a homofobia para a África, por exemplo”, continua. Mais uma vez, o cineasta permeia seu trabalho de iconografia religiosa, jogando com a ideia de moral cristã e pondo um personagem de quatro diante de uma das fotografias mais controversas de sua carreira –a de uma mulher trans nua, com adereços como os de Nossa Senhora.

“O Intruso” é fruto do desejo antigo de LaBruce de refilmar “Teorema”, longa de outro cineasta controverso, Pier Paolo Pasolini, lançado em 1968. A premissa é semelhante –um desconhecido que chega numa casa e seduz toda uma família–, mas muito mais sexual na nova versão, que ainda brinca com gêneros como o horror e a ficção científica.

“São as mesmas ideias, mas levadas ao extremo absurdo”, afirma o canadense, que usou a ascensão de discursos de extrema direita como combustível. “O lado bom do que aconteceu nos Estados Unidos é que isso vai motivar não só os gays, mas a esquerda em geral a repensar a sua luta. E, enquanto artista, o fascismo me estimula a ser mais criativo e disruptivo.”



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Ufac promove ações pelo fim da violência contra a mulher — Universidade Federal do Acre

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A Ufac realizou ações de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, em alusão à campanha Agosto Lilás. A programação, que ocorreu nesta segunda-feira, 25, incluiu distribuição de adesivos na entrada principal do campus-sede, às 7h, com a participação de pró-reitores, membros da administração superior e servidores, que entregaram mais de 2 mil adesivos da campanha às pessoas que acessavam a instituição. Outro adesivaço foi realizado no Restaurante Universitário (RU), às 11h.

“É uma alegria imensa a Ufac abraçar essa causa tão importante, que é a não violência contra a mulher”, disse a reitora Guida Aquino. “Como mulher, como mãe, como gestora, como cidadã, eu defendo o nosso gênero. Precisamos de mais carinho, mais afeto, mais amor e não violência. Não à violência contra a mulher, sigamos firmes e fortes.”
Até 12h, o estacionamento do RU recebeu o Ônibus Lilás, da Secretaria de Estado da Mulher, oferecendo atendimento psicológico, jurídico e outras orientações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.

Agosto Lilás



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Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas — Universidade Federal do Acre

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A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Ufac realizou a abertura do Floresta em Evidência, nesta quarta-feira, 20, no auditório da Associação dos Docentes (Adufac). O projeto de extensão segue até quinta-feira, 21, desenvolvido pelo Herbário do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como público-alvo estudantes do campus Transacreana do Ifac.

O projeto busca difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta, identificação e preservação de espécies botânicas, contribuindo para valorização da biodiversidade amazônica e fortalecimento da pesquisa científica na região.

Representando a Proex, a professora Keiti Roseani Mendes Pereira enfatizou a importância da extensão universitária como espaço de democratização do conhecimento. “A extensão nos permite sair dos muros da universidade e alcançar a sociedade.”

O coordenador do PZ, Harley Araújo, destacou a contribuição do parque para a conservação ambiental e a formação de profissionais. “A documentação botânica está diretamente ligada à conservação. O PZ é uma unidade integradora da universidade que abriga mais de 400 espécies de animais e mais de 340 espécies florestais nativas.”

A professora do Ifac, Rosana Cavalcante, lembrou que a articulação entre instituições é fundamental para consolidar a pesquisa no Acre. “Ninguém faz ciência sozinho. Esse curso é fruto de parcerias e amizades acadêmicas que nos permitem avançar. Para mim, voltar à Ufac nesse contexto é motivo de grande emoção.”

A pesquisadora Viviane Stern ressaltou a relevância da etnobotânica como campo de estudo voltado para a interação entre pessoas e plantas. “A Amazônia é enorme e diversa; conhecer essa relação entre comunidades e a floresta é essencial para compreender e preservar. Estou muito feliz com a recepção e em poder colaborar com esse trabalho em parceria com a Ufac e o Ifac.”

O evento contou ainda com a palestra da professora Andréa Rocha (Ufac), que abordou o tema “Justiça Climática e Produção Acadêmica na Amazônia”.

Nesta quarta-feira, à tarde, no PZ, ocorre a parte teórica do minicurso “Coleta e Herborização: Apoiando a Documentação da Sociobiodiversidade na Amazônia”. Na quinta-feira, 21, será realizada a etapa prática do curso, também no PZ, encerrando o evento.



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Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

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A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.

A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.

Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.

O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.

A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.



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