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Coca-Cola ‘livre de genocídio’ faz sucesso no Reino Unido | Conflito Israel-Palestina
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12 meses atrásem
Londres, Reino Unido – Num dia ensolarado de outono, a Hiba Express – uma cadeia de fast food em Holborn, um bairro movimentado no centro de Londres repleto de restaurantes, livrarias e lojas – está cheia de lanchonetes. Acima de Hiba fica a Casa Palestina, um ponto de encontro de vários andares para os palestinos e seus apoiadores, construído no estilo de uma casa tradicional árabe com paredes de pedra e um pátio central com uma fonte.
Osama Qashoo, um homem carismático que usa o cabelo preso em um coque e uma barba espessa e bigode terminando em cachos impressionantes, administra os dois estabelecimentos no prédio de seis andares.
No Hiba Express, sua equipe serve pratos palestinos e libaneses feitos com receitas de família. No interior do espaço, decorado com cores quentes e com ramos de árvores e cartazes com slogans como “Do rio ao mar”, os clientes transportam queijo halloumi, grão de bico e falafel nos pratos. Na entrada do restaurante, uma boneca vestida com um lenço keffiyeh preto e branco está sentada sobre uma mesa com uma placa acima escrita em tinta cor de sangue: “Salvem as crianças”, referindo-se aos milhares de crianças palestinas mortas nos ataques israelenses contra Israel. Gaza durante o ano passado.
Em várias mesas estão latas de refrigerante vermelho cereja decoradas com listras pretas, brancas e verdes da bandeira palestina e obras de arte árabes, e cercadas por um padrão do keffiyeh. “Cola Gaza” está escrito em caligrafia árabe – numa escrita semelhante à de uma marca popular de cola.
É uma bebida com uma mensagem e uma missão.
Qashoo, 43 anos, é rápido em apontar que a bebida, que é feita com ingredientes típicos da cola e tem sabor doce e ácido semelhante ao da Coca-Cola, “é totalmente diferente da fórmula que a Coca usa”. Ele não dirá como ou onde surgiu a receita, mas afirmará que criou a Cola Gaza em novembro de 2023.
‘O verdadeiro sabor da liberdade’
Nynke Brett, 53 anos, que mora em Hackney, leste de Londres, descobriu Cola Gaza enquanto participava de um evento cultural na Palestine House. “Não é tão gasoso quanto a Coca-Cola. É mais suave e agradável ao paladar”, diz ela. “E o sabor é ainda melhor porque você apoia a Palestina.”
Qashoo criou a Cola Gaza por vários motivos, diz ele, mas “o primeiro foi boicotar empresas que apoiam e alimentam o exército israelita e apoiam o genocídio” em Gaza. Outra razão: “Para encontrar um gosto sem culpa e sem genocídio. O verdadeiro sabor da liberdade.”
Isto pode soar como um slogan de marketing, mas a liberdade palestiniana está no coração de Qashoo. Em 2001, foi co-fundador do Movimento de Solidariedade Internacional (ISM), um grupo que utiliza a acção directa não violenta para desafiar e resistir à ocupação israelita de terras palestinas. Esta organização abriu caminho ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) quatro anos depois, explica Qashoo. O BDS boicota empresas e produtos que, segundo eles, desempenham um papel direto na opressão dos palestinos por parte de Israel.
Qashoo foi forçado a fugir da Palestina em 2003, depois de organizar manifestações pacíficas contra o que chama de “muro do apartheid” na Cisjordânia. Chegou ao Reino Unido como refugiado e tornou-se estudante de cinema, determinado a comunicar histórias palestinianas através do cinema. Sua trilogia, Uma Jornada Palestina, ganho o Prêmio Al Jazeera Novo Horizonte de 2006.
Em 2007, Qashoo foi cofundador do Movimento Gaza Livre, que visava quebrar o cerco ilegal a Gaza. Três anos depois, em 2010, ajudou a organizar a missão da Flotilha da Liberdade de Gaza para levar ajuda humanitária da Turquia para Gaza por mar. Em maio de 2010, um dos navios da flotilha, o Mavi Marmara, foi atacado e Qashoo perdeu o seu cinegrafista e equipamento de filmagem. Mais tarde, ele foi preso e torturado enquanto estava detido com quase 700 outras pessoas. Sua família fez greve de fome até que ele estivesse seguro.
Depois de se estabelecer no Reino Unido, Qashoo continuou o seu activismo, mas achou difícil tentar ganhar a vida com filmes. Ele então se tornou dono de restaurante. Mas ele nunca esperou se tornar um fornecedor de bebidas carbonatadas. “Eu nem estava pensando nisso” até o final do ano passado, explica Qashoo. Acrescenta que também queria criar um produto que fosse “um exemplo de comércio e não de ajuda”.
Cinquenta e três por cento dos consumidores no Médio Oriente e no Norte de África estão a boicotar produtos de certas marcas durante guerras e conflitos recentes, disse George Shaw, analista da GlobalData, à Al Jazeera.
“Essas empresas que alimentam esse genocídio, quando você as atinge no lugar mais importante, que é o fluxo de receita, isso definitivamente faz muita diferença e as faz pensar”, diz Qashoo. A Cola Gaza, acrescenta ele, “vai construir um movimento de boicote” que afetará financeiramente a Coca-Cola.
A Coca-Cola, que opera instalações no assentamento industrial israelense de Atarot, na Jerusalém Oriental ocupada, enfrentou um novo boicote a partir de 7 de outubro do ano passado.
A família também foi um fator importante no esforço da Qashoo para lançar a Cola Gaza. Hoje ele não sabe o paradeiro de seu filho adotivo de 17 anos na Cisjordânia, que foi baleado na cabeça em junho. “Tenho familiares em Gaza que foram dizimados”, diz Qashoo. “Tenho amigos, não sei onde eles estão.”

Não estou disposto a comprometer
Embora tenha levado apenas um ano para ser feito, Qashoo diz que a criação da Cola Gaza foi um desafio. “A Cola Gaza foi um processo muito difícil e doloroso porque não sou especialista na indústria de bebidas”, diz Qashoo. “Todos os potenciais parceiros sugeriam compromissos: comprometer a cor, comprometer a fonte, comprometer o nome, comprometer a bandeira”, diz ele. “E dissemos ‘não, não estamos comprometendo nada disso’.”
Criar o logotipo da bebida foi complicado. “Como você cria uma marca que é bastante clara e não faz rodeios?” Qashoo diz com olhos brilhantes e um sorriso atrevido. “Cola Gaza é direta, com mensagens honestas e claras.”
No entanto, encontrar locais para armazenar a bebida, que é produzida na Polónia e importada para o Reino Unido para poupar dinheiro, foi um problema. “Obviamente não podemos chegar aos grandes mercados devido à política por trás disso”, diz Qashoo.
Ele começou estocando Cola Gaza em seus três restaurantes em Londres, onde, desde que a bebida foi lançada no início de agosto, foram vendidas 500 mil latas. A cola também é vendida por varejistas muçulmanos, como a Al Aqsa, com sede em Manchester, que esgotou recentemente, diz o gerente da loja, Mohammed Hussain.
A Cola Gaza também está sendo vendida on-line, com um pacote de seis custando 12 libras esterlinas (US$ 15). Para efeito de comparação, um pacote de seis Coca-Cola é vendido por cerca de 4,70 libras (US$ 6).
Qashoo diz que todos os lucros da bebida estão sendo doados para a reconstrução da maternidade do Hospital al-Karama, a noroeste da cidade de Gaza.
Um bando de boicotes
A Cola Gaza encontra-se entre outras marcas que aumentam a conscientização sobre a Palestina e o boicote contra grandes colas que operam em Israel. A Palestine Drinks, uma empresa sueca lançada em fevereiro, vende em média três a quatro milhões de latas de suas bebidas (uma delas é um refrigerante) por mês, disse o cofundador Mohamed Kiswani à Al Jazeera. A Matrix Cola, criada na Jordânia em 2008 como uma alternativa local à Coca-Cola e à Pepsi, que opera a sua principal fábrica SodaStream na Cisjordânia ocupada por Israel, informou em Janeiro que a produção duplicou nos últimos meses. E a Spiro Spathis, a mais antiga empresa de bebidas carbonatadas do Egito, viu um grande aumento nas vendas durante a campanha “100% Made in Egypt” no ano passado.

Jeff Handmaker, professor associado de sociologia jurídica na Erasmus University Rotterdam, na Holanda, diz que embora os boicotes de consumo procurem responsabilizar empresas e estados acusados de crimes de atrocidade, é uma tática para gerar consciência e responsabilização pela cumplicidade corporativa ou institucional em atrocidades. crimes, e não um fim em si mesmo.
“Esse não é nem mesmo o objetivo deles, mas sim aumentar a conscientização e, neste aspecto, a campanha para boicotar a Coca-Cola é evidentemente bem-sucedida”, acrescenta Handmaker.
Qashoo está agora trabalhando na próxima versão da Cola Gaza, com mais gás. Entretanto, ele espera que cada gole de Cola Gaza lembre às pessoas a situação difícil da Palestina.
“Precisamos lembrar gerações após gerações deste horrível holocausto”, diz ele. “Está acontecendo e vem acontecendo há 75 anos.”
“Só precisa ser um pequeno e gentil lembrete, como ‘a propósito, aproveite sua bebida, saudações da Palestina’.”
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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