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Com golpe ‘ingrato’, Macron aliena ainda mais África

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5 meses atrásem
A reputação da França nas suas antigas colónias africanas está manchada há algum tempo. Um discurso recente do Presidente Emmanuel Macron poderá aprofundar a divisão.
No vídeo, a expressão no rosto de Presidente francês Emmanuel Macron está sério, talvez até frustrado. “Acho que se esqueceram de dizer ‘obrigado’”, diz Macron. E acrescenta, mais directamente: “Digo isto por todos os governos africanos que não tiveram a coragem, face à opinião pública, de suportar que nenhum deles estaria hoje num país soberano se o exército francês não tivesse sido destacado nesta região.” Macron balança um dedo balançando, as sobrancelhas levantadas.
Essa cena vem gerando reações intensas desde segunda-feira. É uma passagem do discurso de Macron proferido na reunião anual dos embaixadores franceses, que deixaram os seus postos em todo o mundo para se reunirem no Palácio do Eliseu, em Paris. Jornalistas também foram convidados – por isso Macron devia saber que as suas palavras alcançariam um público mais vasto.
Nina Wilen, analista do Instituto Real Belga de Relações Internacionais Egmont, disse à DW que as observações foram provavelmente um erro estratégico.
“E sabemos que, durante as visitas a África, ele também fez comentários que não foram apreciados pelos líderes africanos, por vezes brincando quando não era realmente apropriado fazê-lo”, disse Wilén.
Durante a sua primeira viagem presidencial a África em 2017, Macron causou perturbação durante uma sessão casual com estudantes em Burkina Fasoacompanhado pelo então presidente Roch Marc Kabore. Ele disse-lhes que era tarefa de Kabore e não da França consertar o sistema eléctrico, uma vez que França não era mais uma potência colonial. Quando Kabore saiu para ir ao banheiro, Macron gritou: “Olha, ele está saindo para consertar o ar condicionado!” – uma piada que desde então foi criticada como arrogante.

Um incidente mais grave ocorreu durante uma conferência de imprensa em Kinshasa, capital da a República Democrática do Congocom o Presidente Felix Tshisekedi em 2023. Tshisekedi ficou chateado com as observações feitas a respeito da supervisão das eleições africanas de forma mais rígida do que as eleições no Ocidente. Macron tentou minimizar as observações, explicando que esta era apenas a opinião de um único jornalista, e não a posição oficial da França. Tshisekedi interrompeu-o indignado, citando a fonte como Jean-Yves Le Drian, que não era jornalista, mas sim ministro dos Negócios Estrangeiros da França na altura.
Os comentários recentes de Macron estão alinhados com erros do passado, disse Wilen.
“É difícil saber se esses comentários são bem pensados.” Wilen disse, “ou se é algo que ele deseja divulgar porque sente que é a coisa correta a fazer”.
“Mas, com certeza, há alguns oficiais e oficiais militares franceses que estão a trabalhar arduamente para mudar a imagem que a França tem em África como uma antiga potência colonial arrogante”, disse Wilen. “Comentários como estes feitos por Macron prejudicam realmente os seus esforços para fazer isto.”
Onde está a gratidão de Macron?
Juste Codjo, professor assistente de estudos de segurança na New Jersey City University, disse à DW que não vê justificativa para as declarações de Macron. Codjo, que serviu anteriormente nas forças armadas do Benim durante 20 anos, disse à DW que o destacamento francês na região do Sahel a partir de 2013, por exemplo, não foi pro bono, mas sim do interesse nacional francês.
“Também é um absurdo do ponto de vista histórico”, disse Codjo. “Macron parece esquecer que os africanos foram forçados a lutar em nome da França durante a Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial e durante as guerras coloniais na região do Indo-Pacífico e noutros locais.”

“África contribuiu imensamente para sustentar o poder francês” nas áreas da economia, militar, diplomacia e cultura, disse Codjo.
“A França não teria chegado onde está hoje sem as contribuições africanas, contribuições pelas quais África nunca recebeu quaisquer compensações justas da França”, disse ele. “Então, talvez o presidente Macron devesse calar a boca e dizer: ‘Obrigado, África, por nos deixar apoiá-los.'”
A pressão interna de Macron
A França perdeu 58 soldados no Sahel durante a implantação de uma década. Segundo diplomatas, Macron ficou desapontado com o facto de a missão não ter conseguido proporcionar alguma estabilidade à região, disse Lisa Louis, correspondente da DW em Paris.
“No entanto, a política externa é o único campo que Macron ainda pode reivindicar para si”, disse Louis. “Depois das eleições antecipadas, o seu partido já não é a maior facção no parlamento.”
O novo primeiro-ministro vem de outro campo, deixando Macron com uma influência cada vez menor na agenda do governo.
“É muito improvável que estas observações aumentem a popularidade do presidente enfraquecido”, disse Louis.
O legado colonial da França
Vinte países africanos conquistaram a independência da França, 14 deles só no “Ano Africano” de 1960.
Mas a França manteve um controlo mais forte sobre esses países independentes do que a maioria das outras potências coloniais manteve sobre os territórios que se libertaram. Muitos países ainda usam uma das duas variantes do Franco CFA como moeda. Ambos estão atrelados ao euro como sucessor do franco francês.
Em 1960, Guiné aboliu o franco CFA em favor do novo franco guineense, provocando retaliação: o serviço secreto francês inundou o país com notas falsas, com o objetivo de desestabilizar a nova moeda.
A França também se intrometeu na arquitectura de segurança de algumas das suas antigas colónias: os militares franceses costumavam operar a partir de várias bases em toda a África.
Mas A influência da França está diminuindo: Depois de uma onda de golpes de estado, o Estados do Sahel do Mali, Burkina Faso e Níger encerraram a sua cooperação de longa data com a França e começaram a trabalhar com a Rússia como uma nova potência protetora.
Embora as forças russas possam ser uma estratégia menos a longo prazo contra os insurgentes, elas são valorizados como uma medida estabilizadora temporária.
Adeus, França
O Gabão e o Djibuti deverão ser as últimas bases restantes para as forças militares francesas: no final de 2024, o Senegal e Chade anunciaram que iriam pôr fim à sua própria cooperação com a antiga potência colonial. Uma primeira base no Chade já foi fechada.
O presidente do Costa do MarfimAlassane Ouattara, fez um anúncio semelhante em seu discurso de Ano Novo.
“A França não está a recuar”, disse Macron aos seus embaixadores. “Estamos simplesmente nos reorganizando.”
“Como somos muito educados”, disse Macron, “deixamos que eles fizessem o anúncio primeiro”.
O presidente Mahamat Idriss Deby Itno disse que a retirada da França foi um decisão soberana tomada pelo Chade.
“Gostaria de expressar a minha indignação relativamente às recentes observações do Presidente Macron, que beiram o desprezo pela África e pelos africanos”, disse Deby. “Acho que ele está na época errada.”

Codjo, o professor de Nova Jersey, também não acredita que o Senegal e o Chade tenham consultado a França antes de tomarem as suas decisões.
“Em contraste, é mais provável que a Costa do Marfim tenha sido pressionada por Macron”, disse Codjo. “Retirar-se da Costa do Marfim e pressionar o Presidente Ouattara a aceitar a retirada francesa foi provavelmente um movimento estratégico, uma vez que se tornou inevitável e claro para Macron que a presença francesa já não era bem-vinda no Senegal e no Chade.”
A Costa do Marfim ainda acolhe cerca de 600 soldados franceses. A base será agora devolvida aos militares nacionalistas. No seu discurso de Ano Novo, Ouattara disse aos seus colegas marfinenses para se orgulharem do seu exército, “cuja modernização é agora eficaz”.
Phil Gayle contribuiu para este artigo.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
2 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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2 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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2 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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