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Dahomey cutuca ferida colonial com devolução de relíquias – 12/12/2024 – Ilustrada

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Dahomey cutuca ferida colonial com devolução de relíquias - 12/12/2024 - Ilustrada

Alessandra Monterastelli

Sequestrada, apalpada, medida e exposta diariamente a milhares de olhos. Depois de décadas, de um dia para o outro, trancafiada em uma caixa e mandada de volta ao seu país de origem. Essa é a trajetória de uma estátua do Reino de Daomé, atual Benim, levada a Paris no final do século 19 e que a França devolveu ao país africano neste ano.

Em “Dahomey“, documentário ficcionalizado de Mati Diop, ouvimos o lamento do objeto, que se revela uma entidade presa em pedra e madeira entalhadas. O filme narra a volta para casa de 26 tesouros reais levados à Europa durante a colonização da África e foi coroado com o Urso de Ouro no último Festival de Berlim.

É a segunda vez que a diretora saiu vencedora de um festival de cinema europeu. Em 2019, ela venceu o Grand Prix em Cannes pelo drama sobrenatural “Atlantics”, sobre um casal de imigrantes que enfrenta o crime, o desemprego e fantasmas. Na ocasião, Diop se tornou a primeira mulher negra a dirigir um filme em competição pela Palma de Ouro.

Ela diz se esforçar para ficar alinhada aos seus princípios estéticos e políticos diante da pressão da indústria cinematográfica. “Decidi cedo que queria colocar o meu cinema a serviço das urgências de minha época”, diz Diop. “O cinema é definitivamente um dos meios que pode reconstruir a nossa própria história e a representação de nós mesmos.”

Por videochamada, ela conta ainda admirar o diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho, por transmitir mensagens sociais em seus filmes sem deixar de entreter com o horror ou a comédia. Diop espera não ser limitada no futuro por dirigir um filme explicitamente político neste momento.

Isso porque “Dahomey” cutuca uma ferida aberta e de difícil cicatrização na história mundial, a apropriação de obras de arte e relíquias por europeus em períodos de ocupação violenta na África, América Latina e Ásia.

O corte voltou a arder nos últimos dois anos, depois que alguns países, como Nepal, Camarões, Indonésia e próprio Benim pediram a restituição de itens que estavam em museus na França, Alemanha e Inglaterra. Em 2017, o presidente francês Emanuel Macron fez um discurso em Burkina Faso em que prometeu devolver permanentemente o patrimônio africano retido em seu país.

Em 2023, a Alemanha restituiu 1.100 bronzes ao Benim, por exemplo. Até o Brasil entrou nesse debate quando, no ano passado, o Museu Nacional anunciou que receberia um manto tupinambá que estava fixado na Dinamarca desde o século 17.

Diop, porém, não está otimista. “A França está passando por uma tendência neoliberal e de ultradireita”, diz a diretora francesa, de ascendência senegalesa. “O mais importante é espalhar consciência. O cinema tem uma grande capacidade de impactar as pessoas, e é um meio que pode reconstruir a nossa própria história e a representação de nós mesmos.”

“Dahomey” não conta, exatamente, sobre o processo de restituição das peças —até porque não é um documentário convencional. Reflexões das entidades-estátuas dividem tempo de tela com discussões de alunos de uma universidade, por exemplo, e cenas silenciosas da viagem, que acabam pondo em xeque o próprio papel social dos museus.

Se por um lado essas instituições guardam e disponibilizam itens importantes para a história e identidade dos povos, por outro, impõem de forma autoritária como essas peças devem ser organizadas e por quem, a despeito das culturas que as criaram.

“As estátuas estavam cativas. Foram reduzidas à invisibilidade, nas cavernas de um museu”, afirma Diop, sobre os tesouros de Daomé. “Mas elas podem se tornar novamente narradoras de suas próprias histórias, sem serem reduzidas à condição de vítimas. Para mim, são viajantes do tempo, veículos que seguram almas ancestrais, de antigos africanos e escravos que foram deportados.”

Ao mesmo tempo, o filme perturba pela semelhança entre a trajetória do tesouro transviado e a situação de milhares de imigrantes africanos que hoje partem em direção à Europa —e que, às vezes, são deportados para seus países por autoridades.

Quando chega ao Benim, a relíquia não sente exatamente que retornou ao seu lar. Tudo mudou, afinal, depois de um século em que ela foi destacada da própria cultura, e o retorno parece tão complexo quanto a partida.





Leia Mais: Folha

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Menina se emociona ao ver boneco com a mesma marca que ela tem no rosto; vídeo

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O cachorrinho caramelo não está nem aí, ele espia o vizinho na janela mesmo. Só que agora foi flagrado em vídeo que viralizou. - Foto: @gabrielvaneti/TikTok

Essa menina, que tem uma marca de nascença no rosto, ficou mega feliz quando viu um boneco que tem uma mesma parecida com a dela. O vídeo comovente viralizou nas redes, foi assistido por mais de 5 milhões de pessoas. Mais que isso mostrou a importância da representatividade e provocou uma corrente do bem.

A pequena Winry, filha de Nicole, de Missouri, Estados Unidos, virou uma celebridade no TikTok. Em um dia de compras com a mãe, a pequena viu uma pelúcia de Shoto Todoroki, protagonista do anime “My Hero Academia”.

O personagem tem uma marca no rosto, que alegrou a garotinha. “Ele tem uma marca de nascença como a minha!”, comemorou Winry. Como forma de animar ainda mais a garotinha, vários internautas fizeram desenhos e mandaram brinquedos do personagem para ela. Que lindo!

“Combina comigo”

Nicole, a mãe, é fã de cultura pop e animes e quer que a filha vá para o mesmo caminho. E não é que ela conseguiu?

As duas estavam juntas em uma loja de brinquedos procurando cartinhas de Pokémon, mas acharam outra grata surpresa.

“Não encontramos cartas de Pokémon, mas eu queria que um Shoto aparecesse aqui há muito tempo”, disse a mãe.

Apesar de ter gostado das cores dos olhos e dos cabelos do Shoto, o que Winry mais amou foi a semelhança com a marca dela!

“Ele combina comigo, mãe, ele combina comigo”, disse a pequena com o boneco em mãos.

Leia mais notícia boa

Campanha para ela fica ainda mais feliz

No TikTok, internautas começaram uma campanha para deixar Winry ainda mais feliz. Eles fizeram vários desenhos da menina interagindo com o personagem.

Em um deles, a garotinha aparece interagindo com o personagem .”Você tem uma marca de nascença igual a mim?”, pergunta. Que lindinhos!

“Isso é muito engraçado mãe, eu amei meus desenhos”, disse Winry.

Criador da série viu

E o vídeo correu tanto, que chegou ao Kōhei Horikoshi, criador da série My Hero Academia. O mangaká foi o responsável por enviar o vídeo para o ator japonês Yuki Kaji, que faz a voz do personagem.

“Horikoshi-sensei me contou sobre um vídeo de uma garota que tem uma cicatriz no mesmo lugar que Shoto e eu assisti”, iniciou.

“Dizendo ‘como eu’, ela estava abraçando um boneco com um sorriso adorável. “Mesmo que seja um passado pesado para você, percebi que ainda tem o potencial de salvar alguém… Eu vi ali uma maneira de ser o herói que só Shoto poderia ser”, disse Kaji sobre o vídeo.

Na web, internautas pediram para a mãe da criança nunca revelar a origem da marca de Shoto para a criança. O personagem, na infância, sofreu queimaduras.

“Ninguém conta a verdadeira história de fundo para ela. Não diga a ela que não é uma marca de nascença porque isso é adorável”, brincou um.

A garotinha adorou a pelúcia do Shoto!

@lastflashqueen We didn’t find Pokemon cards, but I’d been wanting a Shoto to pop up here forever!!!! #shototodoroki #birthmark #zuko ♬ original sound – ✨

Ela ganhou vários presentes!

@lastflashqueen @Black Wave Designs ♬ original sound – ✨

Os internautas mandaram vários presentes para Winry:

@lastflashqueen Replying to @ihatemyself0997 her reaction and I’ll stop tagging you guys so much ❤️ @tepepany @KaraBear @❑ MOONMOON‼️ ˎˊ- @SOKKA! @Jack ♡ ♬ original sound – ✨

//www.tiktok.com/embed.js



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Em Paris, a CGT e centenas de trabalhadores denunciam a “quebra” do emprego industrial face à multiplicação dos planos sociais

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Em Paris, a CGT e centenas de trabalhadores denunciam a “quebra” do emprego industrial face à multiplicação dos planos sociais

Membros da CGT em frente ao Ministério da Economia, em Paris, 22 de janeiro de 2025.

Num contexto económico e social difícil, várias centenas de funcionários de empresas dos sectores químico, automóvel e de grande distribuição reuniram-se, a pedido da CGT, na quarta-feira, 22 de Janeiro, em frente ao Ministério da Economia, em Paris, para desafiar o governo sobre o ” quebrado ” do emprego industrial.

De toda a França, autocarros fretados pela central sindical transportaram funcionários da química Arkema, que anunciou terça-feira a eliminação de 154 postos de trabalho em Isère, e do seu fornecedor Vencorex, onde também estão ameaçadas várias centenas de funcionários. Ao lado deles, funcionários da Auchan, onde quase 2.400 empregos estão ameaçadose Michelin, que conta fechar duas fábricas, em Vannes e Choletonde trabalham 1.254 pessoas.

Dezenas de bandeiras, um estandarte “Parem a destruição industrial, a destruição social, a repressão sindical” : a praça em frente à sala de espetáculos Bercy, ao lado do ministério, é adornada de vermelho. “A Arkema está aproveitando a situação da Vencorex para cortar empregos”estimou Emmanuel Grandjean, coordenador da CGT Arkema, da qual a Vencorex é fornecedora estratégica de sal. Ele mencionou um “questão da soberania industrial” para a França, a fábrica da Arkema em Jarrie (Isère), fornecendo nomeadamente à RTE fluidos técnicos para os seus transformadores, ou à Arianespace com combustível para os seus foguetes.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes O gigante plano social de Auchan marca o fim do seu modelo histórico

Funcionários exigem “responsabilidade”

“Estamos a quarenta dias de uma decisão decisiva para o futuro da química” na França, disse Christophe Ferrari, presidente (DVG) da metrópole de Grenoble e prefeito de Pont-de-Claix, onde está localizada a fábrica da Vencorex, à Agence France-Presse (AFP). O tribunal comercial de Lyon deverá decidir no início de março sobre uma proposta de aquisição por um concorrente chinês, prevendo a retenção de cerca de cinquenta funcionários de um total de 460.

“Se você fechar a plataforma, você a fecha permanentemente”explicou o eleito, pedindo ao governo “nacionalização temporária” da Vencorex, tal como aconteceu em 2018 com os estaleiros de Saint-Nazaire. Ferrari, tal como a CGT, estima o custo dessa nacionalização em 200 milhões de euros ao longo de dez anos, em comparação com vários milhares de milhões de euros para descontaminação e desmantelamento do local.

“A raiva é grande, somos despedidos como lixo, estou no Auchan há vinte e cinco anos”criticou, por sua vez, Jean-Paul Barbier, representante sindical da CGT e funcionário do grupo de distribuição de Seyne-sur-Mer, perto de Toulon (Var). Ele pede ao governo que “chamada de contas” à empresa sobre a utilização de ajudas públicas, que tem mais “usado para enriquecer acionistas” do que criar empregos.

A CGT estima que “mais de 300”o número de planos de layoff em curso em França, “Ameaçando cerca de 200.000 empregos” eliminação.

O mundo com AFP

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Príncipe Harry resolve ação judicial contra editora Sun | Príncipe Harry

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Príncipe Harry resolve ação judicial contra editora Sun | Príncipe Harry

Caroline Davies

O duque de Sussex resolveu sua ação judicial no tribunal superior na última hora contra o editor do Sun, News Group Newspapers (NGN).

A NGN ofereceu “um pedido de desculpas completo e inequívoco” a Príncipe Harry “pelo hackeamento telefônico, vigilância e uso indevido de informações privadas por jornalistas e investigadores particulares por eles instruídos” no News of the World.

Também pagará “danos substanciais” enquanto os dois lados resolvem suas ações legais, disse o advogado de Harry, David Sherborne, ao tribunal superior.

Na manhã de quarta-feira, Sherborne disse: “Tenho o prazer de anunciar ao tribunal que as partes chegaram a um acordo. Como resultado de as partes chegarem a um acordo, eu pediria formalmente que o julgamento fosse anulado.”

Ele continuou: “A NGN oferece um pedido de desculpas completo e inequívoco ao Duque de Sussex pela grave intrusão do Sun entre 1996 e 2011 em sua vida privada, incluindo incidentes de atividades ilegais realizadas por investigadores particulares que trabalham para o Sun.

“A NGN também oferece um pedido de desculpas completo e inequívoco ao Duque de Sussex pela escuta telefônica, vigilância e uso indevido de informações privadas por jornalistas e investigadores particulares instruídos por eles no News of the World.

“A NGN pede desculpas ainda ao duque pelo impacto sobre ele da extensa cobertura e da grave intrusão em sua vida privada, bem como na vida privada de Diana, Princesa de Gales, sua falecida mãe, em particular durante sua juventude.”

Ele continuou: “Também é reconhecido, sem qualquer admissão de ilegalidade, que a resposta da NGN às prisões de 2006 e às ações subsequentes foram lamentáveis”.

Tom Watson, um antigo vice-líder do Partido Trabalhista que também estava a tomar medidas legais contra a editora, também resolveu a sua reclamação.

Depois de dois pedidos anteriores de adiamento na terça-feira, considerados relacionados com discussões de acordo, o juiz Fancourt recusou um terceiro pedido de adiamento, uma vez que ambos os lados tiveram “tempo suficiente para procurar resolver as suas diferenças”.

Após um breve intervalo, os advogados de ambos os lados pediram permissão para contestar a decisão do juiz de não conceder mais adiamento no tribunal de recurso. Embora Fancourt tenha negado o pedido, os advogados poderiam recorrer ao próprio tribunal de apelação, o que significa que a audiência de terça-feira foi adiada de qualquer maneira.

Várias outras figuras de destaque resolveram os seus casos contra a NGN, com 39 pessoas a resolverem reclamações entre Julho e Dezembro do ano passado.

Em abril, o tribunal superior ouviu que o ator Hugh Grant havia resolvido seu caso contra a NGN devido ao risco de uma conta legal de £ 10 milhões se seu caso fosse a julgamento.

Sherborne disse naquela audiência que “o duque de Sussex está sujeito aos mesmos problemas que Sienna Miller e Hugh Grant têm estado sujeitos, ou seja, que são feitas ofertas que os impossibilitam de avançar”.



Leia Mais: The Guardian



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