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Direita vai bem, Bolsonaro vai mal; Trump não vai salvá-lo – 09/11/2024 – Ilustríssima

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Direita vai bem, Bolsonaro vai mal; Trump não vai salvá-lo - 09/11/2024 - Ilustríssima

Christian Lynch

[RESUMO] O domínio do centrão nas eleições deste ano, sustenta o autor, aponta que o sistema político brasileiro, depois de um período de forte instabilidade e polarização extrema, passa por um processo de reequilíbrio, marcado por um presidencialismo de coalizão fraco e níveis menores de radicalidade ideológica. Partidos de centro-direita têm interesse em manter a inelegibilidade de Bolsonaro, e a esquerda, sem novos líderes, depende cada vez mais de Lula.

Os resultados das eleições municipais deste ano confirmam que o sistema político brasileiro passa por um processo de reequilíbrio em torno de novas bases ideológicas e de governabilidade. Bases distintas daquelas que definiram o período de estabilização do regime democrático entre os anos 1990 e 2010, assentadas sobre um eixo ideológico de centro-esquerda e do presidencialismo de coalizão forte ou imperial como modelo de governabilidade, que levava a reboque o chamado centrão.

Há cerca de dez anos, o eixo ideológico começou a se deslocar para a centro-direita, sustentado por partidos de centro-direita e direita, que deixaram a periferia do sistema para se tornar seu núcleo de estabilidade e controle. O modelo de governabilidade, perdido ou desarranjado durante aqueles anos de transição, parece agora se estabilizar na forma de um presidencialismo de coalizão fraco ou, conforme seus críticos, um “parlamentarismo bastardo”.

Essas mudanças decorrem de uma crise de legitimidade do sistema representativo, que estalou nas jornadas de 2013, se aprofundou com o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2015 e culminou, em 2018, na eleição de Jair Bolsonaro (à época no PSL). Crise gerada pela emergência de uma nova direita que não se percebia no sistema político da República de 1988 e o hostilizava.

Embora Bolsonaro representasse a nova direita radical, que canalizava o ressentimento popular contra o sistema e o suposto establishment, o centrão renovado pela mesma eleição se adaptou à nova conjuntura, assumindo uma postura conservadora pragmática e reforçando seu papel como pilar de estabilidade. Passou a agir para limitar tanto as prerrogativas da Presidência quanto do STF.

Tudo aponta para uma tendência em direção a um novo equilíbrio sistêmico e ao afrouxamento da polarização para níveis menores de radicalidade.

A Constituição de 1988 foi concebida em um contexto progressista, em que havia um consenso de que o país deveria se afastar das práticas autoritárias da ditadura militar e se comprometer com um projeto de inclusão social e liberdades públicas. Esse espírito se refletiu nas primeiras décadas de democracia, em que o eixo ideológico predominante esteve à esquerda, sustentado por uma Constituição com fortes valores social-democratas.

Entre os anos 1990 e 2010, o sistema político se estabilizou em torno do chamado presidencialismo de coalizão, um arranjo em que o presidente, mesmo minoritário no Congresso, usava seu vasto poder sobre o Orçamento e a máquina governamental para construir maiorias legislativas e garantir a governabilidade.

Esse modelo se consolidou a partir do Plano Real, que gerou estabilidade econômica e legitimidade para Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Tanto ele quanto Lula e Dilma Rousseff, seus sucessores, governaram formando coalizões com partidos mais conservadores que se alinhavam pragmaticamente ao governo em troca de cargos e influência.

Era esse um presidencialismo forte ou imperial, marcado pelo poder de agenda do chefe de Estado na definição de políticas progressistas, voltadas para promover um ambiente de maior liberdade política, civil e econômica, mas também maior igualdade social, racial e de gênero.

No entanto, a partir dos anos 2010, o consenso progressista começou a dar sinais de desgaste. O contexto político e social havia mudado: a sociedade brasileira, transformada por décadas de políticas sociais e de inclusão, se tornou mais complexa e polarizada. Em paralelo, denúncias de corrupção e o colapso do modelo de presidencialismo alimentaram uma crise de legitimidade.

As manifestações de 2013 expressaram o descontentamento generalizado com a classe política e marcaram o início de um período de grande instabilidade. Bancado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) e pelo STF, a “revolução judiciarista” pautou a Operação Lava Jato, derrubou Dilma Rousseff, quase derrubou Michel Temer (MDB), além de prender e condenar dezenas de figuras do establishment a título de purgá-lo da corrupção.

Esse processo abriu espaço para que o centrão reagisse em busca de sobrevivência. Para alcançar esse fim, precisaria deixar de ser apenas um grupo de apoio pragmático e passasse a atuar de forma mais autônoma e ativa, buscando consolidar sua hegemonia.

Nesse contexto, o centrão se adaptou para sobreviver e fortalecer sua influência. Até então, seus partidos haviam operado pragmaticamente, compondo com presidentes de diversos espectros políticos. Entretanto, após o impeachment de Dilma e com a ascensão de figuras mais conservadoras, assumiu sua posição conservadora sem perder o pragmatismo, perseguindo primazia sobre os demais Poderes.

Na impossibilidade de aprovar o semipresidencialismo, esse processo culminou em uma nova forma de presidencialismo de coalizão, agora fraco, menos centralizado na Presidência e mais ancorado no Legislativo. Uma espécie de parlamentarismo bastardo.

Por meio de estratégias como o uso de emendas parlamentares (como as emendas Pix e o orçamento secreto), o centrão passou a controlar a distribuição de recursos e fortalecer suas bases locais, garantindo seu domínio sobre a política nacional, o que contribuiu para a vitória de seus candidatos na última eleição municipal e fortaleceu sua influência. Essa apropriação do Orçamento e da máquina pública se tornou um mecanismo de autossustentação, tornando tais partidos cada vez mais independentes do presidente, seja ele de direita ou de esquerda.

O resultado foi um conservadorismo inercial que garante estabilidade ao sistema político ao custo de fazê-lo rodar muito mais lentamente.

As ideologias passaram a ocupar um lugar mais central na organização e na definição das identidades políticas do centrão. Seu conservadorismo sempre existiu, mas estava adormecido pelo consenso progressista. Findo este, saiu da incubadora.

Mas se trata de um conservadorismo moderado, mais pragmático que doutrinário, voltado principalmente para a proteção dos mecanismos de sua autorreprodução com pouca interferência do governo e do Judiciário. Daí a defesa daquilo que eufemisticamente chamam de prerrogativas do Congresso.

A crise de legitimidade vivida pela democracia brasileira e, em paralelo, o avanço da nova direita na década passada deram força política, em estilo abertamente populista, a ideologias radicais que antes estavam à margem, como o reacionarismo e o libertarianismo. A social-democracia identificada com o PT entrou em crise.

No entanto, o pacto pragmático do liberalismo democrático centrista com o conservadorismo tradicional da direita moderada tem garantido que o sistema permaneça estável, coibindo o avanço de pautas progressistas, ora decadentes, mas, também e principalmente, o avanço do populismo autoritário.

Essa relação entre ideologia e pragmatismo se revela na ambiguidade de líderes da direita do centrão, como Ciro Nogueira (PP) e Valdemar Costa Neto (PL). Querem o estoque eleitoral do populismo radical, mas submetendo-o à disciplina partidária tradicional e, assim, podando seus efeitos antissistêmicos.

Mesma ambiguidade visível em Tarcísio de Freitas (Republicanos), que representa no governo de São Paulo o impossível “bolsonarismo moderado”, com que busca atrair eleitores de centro-direita acenando periodicamente para o radicalismo. Na centro-direita, Gilberto Kassab (PSD) segura Tarcísio com a mão direita e Lula com a esquerda, estabelecendo as alianças amplas que elegeram o maior número de prefeitos neste ano.

A direita brasileira está consolidada, e seu sucesso cria novos problemas. O maior reside na oposição entre moderados ou sistêmicos, identificados, de um lado, com Kassab e Eduardo Paes (PSD), e radicais antissistêmicos, como Bolsonaro e Pablo Marçal (PRTB).

A liderança de Bolsonaro, inelegível e sem expectativa de poder, está francamente decadente. Egoísta e inábil, o ex-presidente confia sempre e unicamente na sua camarilha de bajuladores e pretende submeter toda a direita ao seu objetivo particular de fugir da cadeia por meio de uma anistia que reverta sua inelegibilidade ou lhe permita lançar à Presidência um candidato subserviente.

Por essas e outras razões, com toda a sua ambiguidade, a própria direita moderada centrônica o percebe como um estorvo e não vê a hora de se livrar dele definitivamente. Prefere gente como Tarcísio e Ronaldo Caiado (União Brasil), este em rota de colisão com Bolsonaro.

A decadência de Bolsonaro se dá também no campo da direita radical. Aparentemente, a apologia da tortura, da ditadura e do golpe militar saíram de moda. Nesse contexto, a figura de Marçal emergiu como um populista neoliberal, camaleão que busca capitalizar o sentimento anti-establishment de gerações mais novas, mais preocupadas com enriquecimento rápido e que veem a religião como terapêutica para problemas pessoais e familiares.

Em termos eleitorais, Bolsonaro também se engajou pessoalmente em campanhas municipais, não só contra a esquerda, mas contra gente da própria direita, e saiu derrotado em quase todas. Muitas igrejas evangélicas também já desinvestem do radicalismo, pregando a despartidarização da religião ou mudando de lado.

Em outras palavras: a direita vai bem, Bolsonaro vai mal. A direita populista, a despeito de sua força eleitoral e histrionismo, continua longe de ameaçar os centrônicos. A eles interessa manter a inelegibilidade de Bolsonaro, fingindo ajudá-lo a escapar quando, na verdade, mais o aproximam do abismo. Mas também lhes interessa a inelegibilidade de Marçal.

Ao mesmo tempo, é improvável que a própria Justiça Eleitoral declare a inelegibilidade de Tarcísio pela declaração que fez a respeito de Guilherme Boulos (PSOL) no dia do segundo turno. Tarcísio pode dar suas “bolsonaradas” à vontade: o sistema o percebe como um dos seus.

Já a esquerda, que historicamente liderou o processo de redemocratização, enfrenta uma situação complexa. Com seu declínio e a falta de renovação de suas lideranças, o PT perdeu o protagonismo e depende cada vez mais da figura de Lula para se manter relevante.

Se Bolsonaro não consegue ser maior que a direita, Lula consegue ser maior que a esquerda. Ele se reinventou como piloto de uma frente democrática ou ampla e se comportou assim nas eleições, se afastando o tanto quanto possível da imagem de partidário.

Em outras palavras: a esquerda vai mal, mas Lula vai relativamente bem. Ao mesmo tempo que a esquerda se torna cada vez mais “lulodependente”, o presidente se vê obrigado a se mover cada vez mais para o centro para preservar e aumentar seu arco de alianças. Enquanto o governo vai se tornando cada vez menos de esquerda, a fissura entre os socialistas se aprofunda. Alguns acham que falta pragmatismo, outros acham ser preciso recuperar as bandeiras históricas do socialismo.

O retorno de Donald Trump à Presidência dos EUA, um reacionário golpista, condenado criminalmente e movido pelo desejo de vingança e de escapar da cadeia, põe a democracia americana em uma posição frágil. Sua influência direta sobre o Brasil, contudo, encontra limites importantes.

Primeiro, o Brasil não enfrenta uma crise de decadência geopolítica ou de imigração para catalisar o tipo de ressentimento e identidade nacionalista que Trump mobiliza.

Segundo, o sistema político brasileiro, embora tenha falhas, possui mecanismos institucionais que oferecem resistência a investidas autoritárias, como a independência do STF e um sistema constitucional mais recente e adaptado às necessidades de uma sociedade democrática.

O sistema bipartidário, que permite que todos os setores conservadores se aglutinem em torno de um radical como Trump, tampouco existe no Brasil. Bolsonaro não consegue ascendência nem sequer sobre Valdemar Costa Neto. Além disso, o centrão não possui interesse em uma ruptura autoritária que abale o equilíbrio de poder do qual depende para manter influência e controle sobre o governo.

Assim, apesar de uma possível pressão da internacional reacionária liderada por Trump e das tentativas de importar mais uma vez sua retórica e seu messianismo, nada indica que ele abalará o atual modelo de governabilidade de tendência conservadora, mas pragmática do Brasil. Bolsonaro, que tentou sempre emular Trump, está cada vez mais isolado.

Da mesma forma, nenhuma das alternativas conservadoras à Presidência se mostra disposta a romper o presidencialismo de coalizão fraco. Aparentemente, querem todas ser apenas um Michel Temer com votos. Nem a Justiça Eleitoral, nem o governo, nem o STF parecem dispostos a anistiar Bolsonaro para que ele volte a se candidatar.

Nesse quadro, o que Trump poderá efetivamente fazer de útil para Bolsonaro? Bolsonaro quer, claro, explorar em benefício de sua anistia a tese delirante de que Trump mandará fuzileiros navais prenderem Alexandre de Moraes.

Trump estará ocupado redesenhando as instituições e a sociedade norte-americana à sua feição. Está interessado em reduzir a presença militar dos EUA no mundo, não em aumentá-la. Se precisar de um bajulador sul-americano, já tem à mão um Milei para posar ao seu lado. Mais provável são tuítes destemperados apoiados por Elon Musk ou a concessão de asilo diplomático na calada da noite.

As eleições municipais de 2024, ao consolidar o controle do centrão e do conservadorismo pragmático sobre a política local, indicam que o Brasil está caminhando para uma nova configuração de poder. Esse processo de normalização do sistema, que agora gira em torno da centro-direita, sugere que a polarização política extrema dos últimos anos pode estar cedendo lugar para uma moderação pragmática.

No entanto, essa normalização enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à convivência com o STF, visto por muitos como o último bastião de um sistema democrático e liberal. Há arestas entre o tribunal e o centrão, decorrentes da tentativa de preservar o avanço feito pelo Congresso sobre o Orçamento.

Sabe-se que, no quadro de fraqueza imposta ao governo pelo “parlamentarismo bastardo”, o governo também conta com a maioria do STF como parceiro para restabelecer alguma paridade de armas. É o “judiciarismo de coalizão”, identificado principalmente com o ministro Flávio Dino.

Enfim, tudo indica uma tendência ao reequilíbrio sistêmico em torno do centro-direita e um afrouxamento da radicalização ideológica.

É cedo para discutir as eleições de 2026. Não se sabe se Lula passará o bastão a Fernando Haddad (PT) ou se será candidato à reeleição, opção que parece cada vez mais provável. Nem se sabe para que lado penderia a centro-direita de Kassab, apoiando um candidato como Tarcísio, mais seguro à reeleição em São Paulo, ou Caiado. A reversão da inelegibilidade de Bolsonaro é remota, e Marçal deve ser declarado inelegível pela falsidade assacada contra Boulos durante a campanha em São Paulo.

Do ponto de vista sistêmico, porém, a depender do resultado das eleições de 2026, saberemos se o sistema político absorveu definitivamente, como parece, as tensões subversivas da direita radical ou se sofrerá o ataque de um populista apoiado por cerca de um quarto do eleitorado e, talvez, pela internacional reacionária.





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Carro elétrico: Modelos chineses entopem portos do Brasil – 12/12/2024 – Mercado

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Os portos brasileiros ficaram congestionados este ano com mais de 70 mil veículos elétricos chineses não vendidos, em um sinal de quão difícil está se tornando para que as montadoras chinesas mantenham níveis de crescimento robustos.

Empresas como a BYD e a GWM têm ambições globais, e o Brasil se tornou um campo de provas crucial com outras grandes economias se voltando ao protecionismo. O país é o sexto maior mercado automotivo do mundo e o sucesso aqui pode contribuir com as perspectivas em toda a região.

Mas depois de tomar o segmento emergente de veículos elétricos do Brasil de assalto, as fabricantes chinesas estão enfrentando desafios crescentes.

O excesso de carros nos portos decorre da tentativa de evitar novas alíquotas do imposto de importação. Os concorrentes nacionais responderam com opções eletrificadas adicionais e investimentos. E as taxas de crescimento de veículos elétricos no país estão desacelerando.

“A lua de mel acabou agora”, afirmou Alexander Seitz, presidente-executivo da Volkswagen na América do Sul, que vende carros no Brasil desde a década de 1950 e produz alguns dos modelos a combustão mais vendidos do país.

A BYD é um caminho para ultrapassar US$ 100 bilhões em vendas de carros elétricos neste ano, e o Brasil é uma grande parte disso. É o maior mercado externo da empresa por uma ampla margem, enquanto enfrenta a resistência de governos nos EUA e na Europa.

Na década passada, o Brasil zerou o imposto de importação de 35% sobre os veículos elétricos e híbridos em uma tentativa de estimular o setor. Isso atraiu as montadoras da China, e elas realizaram essencialmente o próprio mercado em um país com mais de 200 milhões de habitantes. Os fabricantes locais estabelecidos —todas as partes integrantes de empresas globais como a GM— ignoraram amplamente os modelos elétricos e híbridos.

A BYD dinamizou seus primeiros carros no Brasil em 2021 e acelerou as exportações no ano passado. Com seu modelo de menor valor, de R$ 115,8 mil (US$ 19,1 mil), a empresa rapidamente ganhou participação do mercado por ser mais barata do que alguns dos veículos a combustão da concorrência. A resposta dos fabricantes nacionais foi a redução dos preços de alguns modelos em até 30%.

As montadas brasileiras fizeram pressão para trazer de volta o imposto de importação e receberam apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que voltou ao poder em janeiro de 2023. O governo começou a restabelecer as alíquotas do imposto um ano depois com planos de aumentá-lo gradualmente para 35% até julho de 2026. (A indústria nacional pressiona para acelerar isso.)

Em resposta, a BYD inundou o Brasil com veículos antes da elevação tarifária. No início de novembro, um executivo da montadora chinesa disse que havia 35 mil carros sobrando nos portos, respondendo por cerca de quatro meses de vendas.

Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil, comentou que tudo isso faz parte de um plano para se antecipar à elevação das alíquotas, para manter os preços e fortalecer o que chamou de uma indústria nacional “ultrapassada”.

“Nós abalamos esse mercado automobilístico brasileiro a ponto de colocar tanto medo nos nossos concorrentes”, avaliou Baldy. “É um desespero completo da concorrência.”

A participação de modelos eletrificados nas vendas totais de veículos no Brasil quase dobrou, para 7%, em janeiro em relação ao ano anterior, mas ocorreu aproximadamente nesse nível desde então, de acordo com dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Até outubro, as montadoras venderam cerca de 2 milhões de veículos, sendo cerca de 140 mil unidades eletrificadas.

Encontrar novos clientes que desejam comprar um veículo elétrico em um país que está apenas começando a construir redes de estações de recarga está se tornando mais difícil. Somando-se à preocupação sobre a quilometragem que um carro elétrico pode ter com uma única carga, o Brasil é um país grande com grandes distâncias entre seus centros urbanos.

“Precisamos expandir nossa infraestrutura”, disse Ricardo Bastos, diretor de assuntos institucionais da GWM no Brasil. “As vendas são boas hoje, mas elas têm um potencial de crescer ainda mais se a infraestrutura também acompanhar.”

Para acelerar a adoção, a BYD e a GWM estão adotando mais orientações em direção a 2025. Ambos planejam abrir fábricas no Brasil.

Para a BYD, isso deve acontecer em março, quando sua primeira fábrica de carros elétricos fora da Ásia deverá começar a produzir. No local onde já funcionou uma fábrica da Ford, a BYD está investindo R$ 5,5 bilhões e espera que em dois anos a fábrica produza 300 mil carros anualmente.

A montadora chinesa também informou que está dobrando o número de consultorias no país. Eles promoverão uma gama com mais de 12 modelos. Isso inclui o que a empresa diz ser a primeira picape híbrida do mercado, lançada em outubro.

Enquanto isso, a GWM, que deve ultrapassar US$ 28 bilhões em vendas este ano, espera começar a operar em maio em uma antiga fábrica da Daimler, como parte de um plano para investir R$ 10 bilhões ao longo de aproximadamente uma década.

Outras empresas chinesas também anunciaram recentemente planos de expansão para o Brasil, em meio a uma onda de fortes barreiras na Europa e nos EUA. No início deste ano, o governo Biden aumentou as tarifas sobre veículos elétricos importados da China de 25% para 100% para proteger a indústria automobilística dos EUA do que alegou serem práticas comerciais desleais.

Omoda e Jaecoo, marcas de propriedade da Chery, planejam lançar vários modelos no Brasil até 2026. A GAC promete investir cerca de R$ 6 bilhões. A Neta, vinculada ao grupo Hozon New Energy Automobile, está entrando atualmente no mercado. E a Zeekr, da Geely Automotive Holdings, começou recentemente a apresentar modelos premium no país.

“Os chineses tentarão conquistar este país do ponto de vista automotivo, e temos que ver como lidar com isso”, analisou Seitz. “No final das contas, a competição é sempre boa, nos obriga a reconsiderar as coisas.”

Concorrentes estabelecidos, incluindo Volkswagen, Toyota e Renault, anunciaram mais de R$ 100 bilhões em investimentos até o final desta década. A maior parte do dinheiro é planejada para desenvolver híbridos, incluindo soluções flexíveis que combinam eletricidade com um motor a combustão movido a gasolina e etanol.

A Stellantis, dona de marcas tradicionais como Fiat, Jeep e Peugeot, planeja começar a vender modelos elétricos de sua parceira chinesa Leapmotor no Brasil no início do ano que vem.

Antes da retomada do imposto sobre veículos eletrificados importados, os chineses não “jogavam nas mesmas condições”, disse Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis na América do Sul.

Assim como o restante da indústria automobilística brasileira, Cappellano aposta que isso ajudará a nivelar as condições de concorrência.



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Homem que vive na rua faz decoração de Natal na barraca e emociona quem passa; vídeo

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A médica Islane Verçosa já ajudou a transformar a vida de mais de mil crianças com catarata e glaucoma no Projeto Social Caviver, criado por ela no Ceará - Foto: Divulgação

“Aqui não é notícia quem mata, mas quem salva. Não quem rouba, mas quem é honesto. Não quem agride, mas aquele que faz boas ações. Não noticiamos tragédias, só casos com final feliz. Em vez de preconceito, damos histórias de superação.”

Rinaldo de Oliveira; Fundador do SóNotíciaBoa



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Banco Central Europeu corta taxas de juro e antecipa política menos restritiva

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Banco Central Europeu corta taxas de juro e antecipa política menos restritiva

Christine Lagarde, Presidente do Banco Central Europeu (BCE), durante uma conferência de imprensa sobre a política monetária da zona euro, na sede do BCE em Frankfurt am Main, oeste da Alemanha, 12 de dezembro de 2024.

O Banco Central Europeu (BCE) baixou as suas taxas diretoras em 0,25 pontos na quinta-feira, 12 de dezembro, em resposta a uma inflação próxima do seu objetivo e a uma previsão de crescimento revista em baixa, ao mesmo tempo que sinalizava que sairia do quadro restritivo da sua política monetária.

Esta redução adicional de 0,25 pontos percentuais eleva a taxa de depósito, que serve de referência para as condições de crédito na economia, para 3%.

O processo de desinflação “está no caminho certo” mas é acompanhado por“uma recuperação económica mais lenta” do que o previsto em setembro, estimam em comunicado os 26 membros do conselho de governadores, presidido por Christine Lagarde.

Leia também | Artigo reservado para nossos assinantes O Banco Central Europeu acelera a redução das suas taxas de juro

Com esta terceira queda consecutiva da taxa de juro, e a quarta desde Junho, o BCE está a amplificar a mudança tomada para reduzir os custos de financiamento das famílias e das empresas. Este ciclo segue-se a um período de aperto monetário drástico para fazer face à inflação elevada, ligada à guerra na Ucrânia e à recuperação pós-Covid.

Este é o cenário esperado pela maioria dos observadores que prevaleceu, os guardiões do euro renunciando a um corte mais ousado das taxas (de 0,5 pontos percentuais) face à deterioração do crescimento e ao rápido declínio da inflação.

Trazer a inflação de volta à meta

As novas projeções económicas publicadas quinta-feira pelo BCE apoiaram as decisões do dia: o instituto reduziu as suas previsões de crescimento para o período 2024-2026 e as suas previsões de inflação para 2024-2025.

Embora o momento dos cortes adicionais das taxas permaneça incerto, o BCE abandonou, no entanto, uma passagem importante do seu comunicado de imprensa anunciando as suas decisões, que indicava que as taxas deveriam permanecer “restritivo pelo tempo que for necessário” para trazer a inflação de volta ao nível-alvo. Em vez disso, está finalmente escrito que, “ao longo do tempo, o alívio gradual dos efeitos da política monetária restritiva deverá apoiar uma recuperação da procura interna”.

Guias de compra do Le Monde

Garrafas de água reutilizáveis

As melhores garrafas de água para substituir garrafas descartáveis

Lira

A recuperação prevista deverá basear-se “principalmente no aumento dos salários reais”o que é um bom presságio para o consumo das famílias, e em “aumento do investimento empresarial”segundo o BCE.

No fundo, a turbulência política que atravessa a Alemanha e a França

Perante o BCE, o Banco Nacional Suíço (SNB) surpreendeu ao reduzir a sua taxa directora em meio ponto percentual, para 0,5%, argumentando que “a incerteza quanto às perspectivas económicas aumentou nos últimos meses”de acordo com um comunicado de imprensa.

A discussão entre os guardiões do euro ocorreu num contexto de turbulência política que assola duas das principais economias da zona euro, a Alemanha e a França, que também deverão travar o crescimento.

Enquanto espera – provavelmente quinta-feira à noite – pela nomeação de um sucessor para o cargo de Primeiro-Ministro após a queda do governo Barnier, a França, economicamente enfraquecida, está neste momento sem orçamento para 2025, com um défice público a aumentar este ano para 6,1% do PIB.

Economia da zona euro “perdendo impulso”

Se a crise política persistisse em França e as suas condições de financiamento se deteriorassem demasiado, o BCE poderia actuar simbolicamente com o seu “instrumento de protecção da transmissão”, através de recompras de dívida no mercado, para evitar qualquer contágio a outros países.

Mmeu Lagarde, ex-inquilina de Bercy, foi questionada sobre este assunto durante uma conferência de imprensa no início da tarde. Segundo ela, a economia da zona euro “perde impulso” devido à contracção do sector industrial e ao fraco crescimento dos serviços. Ela também destacou “o risco de aumento de fricções no comércio global (Quem) poderia pesar sobre o crescimento na zona euro ao restringir as exportações e enfraquecer a economia global”sem referência direta às ameaças de Donald Trump de aumentar os direitos aduaneiros americanos.

A Alemanha também está no meio de um período de incerteza. Além da crise industrial que atravessa, caminha para eleições antecipadas em Fevereiro, após o colapso da coligação do chanceler social-democrata Olaf Scholz em Outubro.

O retorno iminente e preocupante de Donald Trump

Um atraso na formação do futuro governo em Berlim complicaria ainda mais a recuperação da maior economia da Europa, enfraquecida por um abrandamento industrial que já dura dois anos e já está a afectar os seus parceiros.

Também é preocupante o iminente regresso de Donald Trump à Casa Branca, com a implementação de uma política protecionista que poderá abrandar as exportações e, portanto, o crescimento da zona euro.

Nos Estados Unidos, a inflação acelerou em Novembro, para 2,7% em termos homólogos, alimentando receios de que a curva se mantivesse nesta trajectória. O suficiente para complicar a tarefa do banco central americano (Fed), cujos líderes se reunirão na próxima semana.

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O mundo com AFP

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