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“Faroeste” na internet: Governo quer apoiar projet…

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José Casado

Governo, Congresso e Judiciário não se entendem sobre como enfrentar um problema que consideram urgente e prioritário: a regulação das plataformas digitais e redes sociais.

O Planalto, a Câmara e o Senado atravessaram os últimos dois anos em múltiplas obstruções no debate. Como um imobilizou o outro, por razões exclusivamente eleitorais, conseguiram a proeza de iniciar 2025 totalmente imobilizados. Pelo calendário legislativo, agora têm apenas nove meses para produzir uma legislação consensual e aplicável nas eleições gerais do ano que vem.

No vácuo político, o Judiciário resolveu mostrar como é proativo. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu caminho com um conjunto de normas para as eleições municipais, em outubro passado.

Na sequência, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento da validade constitucional de um artigo (nº 19) do Marco Civil da Internet, que regula a responsabilidade dos donos de plataformas digitais e redes sociais na divulgação de conteúdos produzidos por terceiros (pessoas físicas ou jurídicas).

O julgamento será retomado em fevereiro, mas o ambiente de conflito institucional não garante que a decisão do Supremo seja adotada como baliza para a legislação que governo e Congresso dizem desejar, mas não conseguem sequer encaminhar um rascunho nos plenários.

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O impasse na praça dos Três Poderes deixou o país numa situação inusitada: as instituições estatais continuam sem saber como reagir, por exemplo, à decisão do grupo Meta de encerrar parcerias de moderação de conteúdo e dos programas de diversidade, equidade e inclusão no Facebook, Instagram e WhatsApp.

Sobram críticas à perspectiva de um “faroeste” na internet, sobretudo na temporada eleitoral do ano que vem. Faltam respostas objetivas sobre o que fazer para restringir um cenário potencialmente favorável a novas modalidades de banditismo social e político, preservando-se a liberdade de expressão e a iniciativa privada nos meios digitais — sete em cada dez empresas anunciantes no Instagram representam pequenos negócios, inclusive de difusão de ideias e de propaganda política.

O governo teve bons motivos para reagir com acidez à decisão empresarial de Mark Zuckerberg, principal acionista da Meta. Vislumbrou a chance momentânea de resgatar o “inimigo externo”, no caso, as big techs que Lula gostaria de tributar, regular e vigiar antes da próxima campanha eleitoral. O problema no Planalto é que, além do discurso crítico, ninguém sabe o que fazer, além de encaminhar eventuais denúncias à Polícia Federal.

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Entre assessores presidenciais começou a florescer a ideia de uma coalizão legislativa, com o governo, o Partido dos Trabalhadores e a bancada satélite apoiando um projeto apresentado antes do Natal por uma dupla de deputados “da direita”, o pastor Silas Câmara, do Republicanos do Amazonas, e Danielle Cunha, do União Brasil do Rio (ela é herdeira política do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, cassado e condenado por corrupção no caso Petrolão). No Planalto, acredita-se ser um caminho viável para desobstrução do debate no Congresso.

Os deputados reuniram num projeto de lei (nº 4691/2024) ideias que julgam consensuais para regulamentação das plataformas digitais “de maneira segura, responsável e transparente”. Baseiam-se na intervenção estatal, com uma teia burocrática de supervisão direta, via órgãos reguladores (agências federais de concorrência empresarial de telecomunicações) e daquilo que definem como “autorregulação regulada”, uma entidade setorial responsável pelas “regras de moderação” das empresas.

A premissa do projeto é polêmica: os usuários da internet teriam garantia de livre manifestação do pensamento em troca da renúncia ao anonimato – teriam direito a pseudônimos ou codinomes, desde que registradas as identidades reais nos arquivos das empresas para eventual responsabilização.

Querem revogar a essência das redes sociais, onde o anonimato é regra e a assinatura voluntária exceção. Vai ser difícil, talvez impossível, obter apoio de quem importa – os usuários, quase dois terços da população brasileira.



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POLÍTICA

CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go…

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CPMI do INSS deve causar estrago ainda maior ao go...

Marcela Rahal

Como se não bastasse a ideia de uma CPI na Câmara, ainda a depender do aval do presidente Hugo Motta (o que parece que não deve acontecer), o governo pode enfrentar uma investigação para apurar os desvios bilionários do INSS nas duas Casas.

Já são 211 assinaturas de parlamentares a favor da CPMI, 182 deputados e 29 senadores, o suficiente para o início dos trabalhos. A deputada Coronel Fernanda, autora do pedido na Câmara, vai protocolar o requerimento nesta terça-feira, 6. Caberá ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, convocar o plenário para a leitura da proposta e, consequentemente, a criação da Comissão.

Segundo a parlamentar, que convocou uma entrevista coletiva para amanhã às 14h30, agora o processo deve andar. O governo ficará muito mais exposto com um escândalo que tem tudo para ficar cada vez maior, segundo as investigações ainda em andamento.

O desgaste será inevitável. O apelo do caso é forte e de fácil entendimento para a população. O assalto bilionário aos aposentados e pensionistas do INSS.



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POLÍTICA

Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg…

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Com fortes dores, Antonio Rueda passará por cirurg...

Ludmilla de Lima

Presidente da Federação União Progressista, Antonio Rueda passará por uma cirurgia nesta segunda-feira, 05, devido a um cálculo renal. Por causa de fortes dores, o procedimento, que estava marcado para amanhã, terá que ser antecipado. Antes do anúncio da federação, na terça da semana passada, ele já havia sido operado por causa do problema, colocando um cateter.

Do União Brasil, Rueda divide a presidência da federação com Ciro Nogueira, do PP. Os dois partidos juntos agora têm a maior bancada do Congresso, com 109 deputados e 14 senadores. O PP defendia que o ex-presidente da Câmara Arthur Lira ficasse no comando do bloco, mas o União insistia no nome de Rueda. A solução foi estabelecer um sistema de copresidentes, que funcionará ao menos até o fim deste ano. 

A “superfederação” ultrapassa o PL na Câmara – o partido de Jair Bolsonaro tem 92 deputados – e se iguala ao PSD e ao PL no Senado. O poder do grupo, que seguirá unido nos próximos quatro anos, também é medido pelo fundo partidário, de R$ 954 milhões.

A intensificação das agendas políticas nos últimos dias agravou o quadro de saúde de Rueda, que precisou também cancelar uma viagem ao Rio.



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POLÍTICA

Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu…

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Os dois bolsonaristas unidos contra Moraes para pu...

Matheus Leitão

A mais nova dobradinha contra Alexandre de Moraes tem gerado frisson nas redes bolsonaristas, mas parece mesmo uma novela de mau gosto. Protagonizada por Eduardo Bolsonaro, o filho Zero Três licenciado da Câmara, e Paulo Figueiredo, neto do último general ditador do Brasil, os dois se uniram para tentar punir o ministro do Supremo Tribunal Federal nos EUA.

Em uma insistente tentativa de se portarem com alguma relevância perante o governo Donald Trump, os dois agora somam posts misteriosos de Eduardo com promessas vazias de Figueiredo após uma viagem por alguns dias a Washington.

Um aparece mostrando, por exemplo, a lateral da Casa Branca em um ângulo no qual parece, pelo menos nas redes sociais, a parte interna da residência oficial do presidente dos Estados Unidos. O outro promete que as sanções ao ministro do STF estão 70% construídas e pede mais “72 horas” aos seus seguidores.

“Aliás, hoje aqui de manhã, eu tive um [inaudível] com eles, no caso o Departamento de Estado especificamente, e o termo que usaram para mim foi: olha, nós não queremos criar excesso de expectativa, mas nós estamos muito otimistas que algo vai acontecer e a gente vai poder fazer num curto prazo”, disse Paulo Figueiredo.

A ideia dos dois é que, primeiro, Alexandre de Moraes, tenha seu visto cancelado e não possa mais entrar nos Estados Unidos. Depois, que ele tenha algumas sanções econômicas, caso tenha bens nos Estados Unidos, como o bloqueio financeiro a instituições do país, como empresas de cartão de crédito.

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“O que eu posso dizer para você é que a gente nunca esteve tão perto. Eu não posso dizer quando e nem garantir que vão acontecer”, prometeu ainda Paulo Figueiredo. A novela ainda vai ganhar novos ares nesta semana com a chegada de David Gamble, coordenador para Sanções do governo de Trump, ao Brasil nesta semana. 

A seguir as cenas dos próximos capítulos…



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