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Há mais de 50 anos que o serviço somali da BBC transmite uma mensagem anticolonial – sem se aperceber | Mohammed Hirmoge

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Mohammed Hirmoge

Tserviço somali da British Broadcasting Corporation melodia temática é um dos sons mais populares e reconhecíveis para as pessoas na Somália e na diáspora. Com ritmo e melodia sibilantes, é autoritário e cativante. As palavras que acompanham a música não mudam há mais de 60 anos: “Está aqui BBC – esta é a BBC.”

Escondido na acústica simples, no entanto, está o facto de que as letras originalmente escritas – embora não utilizadas – para a música são profundamente anticoloniais e deliberadamente concebidas para serem lembradas pelos somalis sempre que ouvem a instrumental da estação de rádio britânica. Em essência, o tema é um anúncio anticolonial gratuito nas ondas de rádio do colonizador, uma proclamação fervorosa e um apelo à atenção do público.

Foi em 1957 que a BBC perguntou Rádio Hargeisaagora a emissora nacional da Somalilândia, para encontrar uma música tema para o seu serviço somali recentemente lançado. Naquela época, o serviço nacional de rádio britânico transmitia dois programas de notícias por semana para a região. O lendário compositor e poeta somali Abdullahi Qarshe, então locutor da Rádio Hargeisa, deu-lhes a sua canção, mas retirou a letra, oferecendo aos involuntários gestores da BBC uma versão instrumental por detrás da qual se escondia a verdadeira mensagem de rebelião contra o domínio britânico.

A composição de Qarshe capta um anseio de liberdade e esperança de propriedade legítima da terra. É uma expressão poderosa e um desejo de autogoverno. As linhas de abertura da letra são:

Essas pessoas estão gritando,

Eles querem suas terras,

Se eles se opusessem,

Oh Deus, dê a ele

Isso se traduz como: “Esse povo clamando, ansiando por sua terra. Se eles se levantarem para isso, ó Deus, conceda-lhes (seu desejo).”

O serviço BBC Somali pretendia contrariar a influência da radiodifusão egípcia que era popular em Somália na época, e que promovia sentimentos anticoloniais e de autogoverno.

Os somalis são uma sociedade profundamente oral, uma forma tradicional de manter a coesão social e transmitir a sabedoria através das gerações. Também somos entusiastas de notícias, algo que os ocupantes britânicos descobriram e exploraram com o BBC Serviço somali.

O que os britânicos não levaram em conta foi a inteligência dos somalis, que foi aguçada através dessa tradição oral, e o seu amor por formas intrincadas e expressivas de arte verbal.

A poesia somali, por exemplo, às vezes é profundamente codificada com significados ocultos em camadas de palavras.

Assim, quando uma música tema da BBC foi solicitada a Qarshe, ele viu uma oportunidade de tecer uma mensagem colonial anti-britânica que seria compreendida imediatamente pelos ouvintes somalis. Seu subterfúgio foi facilmente decifrado, a letra bem conhecida pelas interpretações da música em toda a sua glória em outros lugares.

Ele acrescentou outro toque rebelde ao chamar a música de Araweelo’s Gait. Araweelo é uma figura mítica do folclore somali, uma rainha poderosa que governou uma sociedade em grande parte matriarcal. Mulher forte, astuta e muito inteligente, nas histórias somalis ela é uma defensora da independência.

Posteriormente, os britânicos podem ter ganho influência em todo o Corno de África e feito da BBC uma fonte popular de notícias e informações para os somalis, mas 67 anos depois, a melodia característica não mudou. Você ainda ouve aquelas palavras não cantadas em sua cabeça: “Essas pessoas clamando, ansiando por sua terra, Se elas se levantarem por isso, ó Deus, conceda-lhes (seu desejo)”.

Mohammed Hirmoge é um jornalista queniano-somali baseado em Mogadíscio, Somália



Leia Mais: The Guardian

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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.

A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”

A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”

Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”

A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)



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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.

A ação marca a primeira iniciativa formalizada voltada à proteção do maior fragmento urbano de floresta em Rio Branco. As propostas foram desenvolvidas com o apoio de servidores do PZ e utilizaram ferramentas como o QGIS, mapas mentais e dados de campo.

Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.

Os estudos sugerem a criação de um Plano Permanente com ações como: Parcerias com o Corpo de Bombeiros; Definição de rotas de fuga e acessos de emergência; Manutenção de aceiros e sinalização; Instalação de hidrantes ou reservatórios móveis; Monitoramento por drones; Formação de brigada voluntária e contratação de brigadistas em período de estiagem.

O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.

“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.

Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.

 



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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre

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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre

A Rede Educanorte é composta por universidades da região amazônica que ofertam doutorado em Educação de forma consorciada. A proposta é formar pesquisadores capazes de compreender e enfrentar os desafios educacionais da Amazônia, fortalecendo a pós-graduação na região.

Coordenadora geral da Rede Educanorte, a professora Fátima Matos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou que o seminário tem como objetivo avaliar as atividades realizadas no semestre e planejar os próximos passos. “A cada semestre, realizamos o seminário em um dos polos do programa. Aqui em Rio Branco, estamos conhecendo de perto a dinâmica do polo da Ufac, aproximando a gestão da Rede da reitoria local e permitindo que professores, coordenadores e alunos compartilhem experiências”, explicou. Para ela, cada edição contribui para consolidar o programa. “É uma forma de dizer à sociedade que temos um doutorado potente em Educação. Cada visita fortalece os polos e amplia o impacto do programa em nossas cidades e na região Norte.”

Durante a cerimônia, o professor Mark Clark Assen de Carvalho, coordenador do polo Rio Branco, reforçou o papel da Ufac na Rede. “Em 2022, nos credenciamos com sete docentes e passamos a ser um polo. Hoje somos dez professores, sendo dois do Campus Floresta, e temos 27 doutorandos em andamento e mais 13 aprovados no edital de 2025. Isso representa um avanço importante na qualificação de pesquisadores da região”, afirmou.

Mark Clark explicou ainda que o seminário é um espaço estratégico. “Esse encontro é uma prática da Rede, realizado semestralmente, para avaliação das atividades e planejamento do que será desenvolvido no próximo quadriênio. A nossa expectativa é ampliar o conceito na Avaliação Quadrienal da Capes, pois esse modelo de doutorado em rede é único no país e tem impacto relevante na formação docente da região norte”, pontuou.

Representando a reitora Guida Aquino, o diretor de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), Lisandro Juno Soares, destacou o compromisso institucional com os programas em rede. “A Ufac tem se esforçado para estruturar tanto seus programas próprios quanto os consorciados. O Educanorte mostra que é possível, mesmo com limitações orçamentárias, fortalecer a pós-graduação, utilizando estratégias como captação de recursos por emendas parlamentares e parcerias com agências de fomento”, disse.

Lisandro também ressaltou os impactos sociais do programa. “Esses doutores e doutoras retornam às suas comunidades, fortalecem redes de ensino e inspiram novas gerações a seguir na pesquisa. É uma formação que também gera impacto social e econômico.”

A coordenadora regional da Rede Educanorte, professora Ney Cristina Monteiro, da Universidade Federal do Pará (UFPA), lembrou o esforço coletivo na criação do programa e reforçou o protagonismo da região norte. “O PGEDA é hoje o maior programa de pós-graduação da UFPA em número de docentes e discentes. Desde 2020, já formamos mais de 100 doutores. É um orgulho fazer parte dessa rede, que nasceu de uma mobilização conjunta das universidades amazônicas e que precisa ser fortalecida com melhores condições de funcionamento”, afirmou.

Participou também da mesa de abertura o vice-reitor da Ufac, Josimar Batista Ferreira.



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