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Ilações de Nunes e Boulos marcam início de 2º turno em SP – 12/10/2024 – Poder

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Carolina Linhares, Joelmir Tavares

Em segundo lugar na corrida à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) fez na primeira semana da campanha do segundo turno afirmações com distorções sobre Ricardo Nunes (MDB), que atacou o rival usando exageros e descontextualizações. O deputado tem 33% das intenções de voto, enquanto o prefeito lidera com 55%, de acordo com pesquisa Datafolha da última quinta-feira (10).

O tom acalorado, que enseja uma batalha jurídica marcada por ordens de remoção de conteúdos e pedidos de direito de resposta, manteve alta a temperatura da eleição mesmo com a saída de Pablo Marçal (PRTB), principal candidato incendiário no primeiro turno.

Boulos e Nunes elevaram o tom ao expor ataques que, de maneira geral, já vinham fazendo ao longo do primeiro turno, mas escorregaram na precisão, com acusações sem provas e o uso de informações desatualizadas. Ambos já foram obrigados pela Justiça Eleitoral a interromperem a veiculação de mensagens sobre os rivais que foram deturpadas ou descambam para calúnia ou difamação.

Entre as declarações há ilações de ambos os lados, com Boulos acusando Nunes de fazer caixa dois sem apresentar provas, e o prefeito afirmando que o rival vai acabar com parcerias e concessões, sendo que o deputado do PSOL prometeu mantê-las.

Em encontro com vereadores aliados eleitos, na terça-feira (8), Nunes ditou a eles a estratégia de enfrentamento: “Vamos repetir. Ordem contra desordem. Equilíbrio contra desequilíbrio. Experiência contra inexperiência”, disse. Segundo ele, esses pontos foram captados em pesquisas qualitativas como questões que pesam contra o adversário.

Nunes, no entanto, tem usado falas antigas ou descontextualizadas para associar Boulos ao radicalismo e ao extremismo, explorando a rejeição do deputado do PSOL, que chegou a 58% no Datafolha. Ao ativar o sentimento antiesquerda, Nunes busca também atrair os eleitores de Marçal, que marcou 28,14% no primeiro turno.

Como mostrou a Folha, Boulos mudou de posição em uma série de temas na tentativa de amenizar sua imagem, mas Nunes tem resgatado as opiniões anteriores do deputado sobre Venezuela e legalização de drogas, por exemplo.

Ao mesmo tempo, Nunes acusa o adversário de ser o responsável pelo nível de ataques no segundo tuno. A campanha do MDB já contabilizou 11 condenações de Boulos na Justiça Eleitoral, em cinco dias, por declarações que consideram ser mentirosas.

Para a campanha de Boulos, é Nunes quem tem lançado mão de fake news para atacá-lo. A equipe do PSOL aponta quatro vitórias na Justiça Eleitoral contra Nunes.

O deputado do PSOL antecipou a retórica bélica contra o prefeito já na noite da votação, no domingo passado (6). Boulos disse que o emedebista “tem histórico de relação com crime organizado, com tráfico de drogas, [e] botou o crime organizado no comando da Prefeitura de São Paulo, nos contratos da prefeitura”.

Um recorte com os trechos do pronunciamento publicado nas redes do postulante do PSOL teve que ser apagado por ordem da Justiça na terça-feira (8). Por outro lado, a Justiça negou pedido de Nunes para que Boulos apagasse um post em que expõe a nomeação de Eduardo Olivatto, ex-cunhado de Marcola, do PCC, como chefe de gabinete de uma secretaria.

A estratégia de Boulos ao evocar “vidraças” de Nunes é uma tentativa de aumentar a rejeição do oponente para tentar tirar votos dele e reduzir a distância nas pesquisas. Segundo o Datafolha, 37% dos eleitores dizem não votar de jeito nenhum no prefeito.

Neste sábado (11), o temporal que provocou apagões em São Paulo também provocou troca de críticas entre os dois candidatos.


Acusações de Boulos contra Nunes

Crime e tráfico de drogas

Nunes tem “histórico de relação com crime organizado, com tráfico de drogas, [e] botou o crime organizado no comando da Prefeitura de São Paulo, nos contratos da prefeitura”, disse Boulos no domingo (6), após o resultado do primeiro turno. Em vídeo nas redes, diz que Nunes “trouxe o crime organizado para SP”.

Contexto: Boulos não apresentou evidências. Ele costuma citar casos que não permitem essa conclusão, como a infiltração do PCC no sistema de ônibus e o fato de o cunhado de Marcola, do PCC, ser servidor na prefeitura.

Caixa dois

“A diferença é que eu não uso caixa dois”, disse Boulos em sabatina do Grupo Globo, na quinta (10).

Contexto: Questionado sobre provas, Boulos admitiu não ter, mas disse que a campanha rival tinha “mais estrutura e material” mesmo tendo menos dinheiro.

Violência contra mulher

Nunes tem que responder “sobre agressão contra a mulher, violência física, psicológica”, afirmou Boulos no domingo (6), após o resultado do primeiro turno.

Contexto: Alusão ao boletim por violência doméstica feito pela primeira-dama contra o marido em 2011. O BO registrado por Regina Nunes, no entanto, envolve violência doméstica, ameaça e injúria, mas não menciona agressão física.

Cunhado de Marcola

Reportagem do UOL mostrou que Eduardo Olivatto, nomeado chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, é irmão de Ana Maria Olivatto, que morreu há mais de 20 anos e era casada com Marcola, chefe do PCC. Boulos questionou, na quinta (10), por que o funcionário público está “cuidando dos recursos das obras de mais de R$ 6 bilhões sem licitação”.

Contexto: A própria reportagem afirma que “não há indício de que a relação de sua irmã com o líder da organização criminosa tenha repercutido na trajetória de Olivatto, servidor de carreira da Prefeitura de São Paulo”.

Acusações de Nunes contra Boulos

Concessões e parcerias

Na sexta (11), Nunes afirmou que Boulos “é contra” concessões e PPPs (parcerias público-privadas) e que “vai eliminar esses contratos”.

Contexto: Boulos tem dito que vai manter e fiscalizar os aparelhos públicos sob gestão privada, o que se aplica às organizações sociais, caso contrário haveria um colapso na saúde e na educação. O deputado, no entanto, prometeu rever uma concessão específica, a dos cemitérios.

Liberação das drogas e desmilitarização da polícia

Em sabatina na TV Record, na quinta (10), Nunes afirmou que Boulos defendia a desmilitarização da polícia e a liberação de drogas, sugerindo que a polícia desmilitarizada seria também desarmada.

Contexto: Boulos prometeu dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana e mantê-la armada, como é hoje. A respeito das drogas, voltou atrás e hoje diz que não defende a legalização, mas o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) que diferencia traficante e usuário.

Radicalismo e invasões

Na quinta (10), Nunes afirmou que a “turma do PSOL” é composta por radicais e que ele representa o equilíbrio contra o extremismo. Também costuma lembrar o caso de depredação da Fiesp e publicou em rede social que “Boulos sempre incentivou a invasão de propriedades particulares”.

Contexto: Boulos tem dito que o MTST ocupa apenas imóveis abandonados e que já viabilizou moradias para 15 mil famílias. A respeito da depredação na Fiesp, em 2016, diz que amadureceu e que é preciso ter capacidade de diálogo.

Venezuela

Na quinta (10), Nunes afirmou que o segundo turno irá contrapor “a ordem contra a desordem” e “o Brasil contra a Venezuela”, em referência ao fato de que Boulos já defendeu a ditadura de Nicolás Maduro.

Contexto: Boulos mudou de opinião e, pouco dias antes do primeiro turno, disse que considera a Venzuela um regime ditatorial.


O que diz a campanha de Boulos

Procurada, a campanha de Boulos não respondeu diretamente sobre as declarações dele sem provas e reiterou críticas a Nunes, afirmando que o prefeito “não quer que a população conheça seu histórico, que inclusive foi amplamente noticiado pela imprensa”, e “deve explicações aos eleitores sobre as suspeitas”.

A nota cita o caso da máfia das creches e afirma que “ele é investigado pela Polícia Federal por ter recebido dinheiro do esquema, por meio de empresa em seu nome”. Diz ainda que Nunes tem “relação amistosa com empresários de ônibus investigados” por elo com o crime organizado e gravou vídeo em uma das empresas, a UPBus, “parabenizando pelos serviços prestados a São Paulo”.

Sobre o caso do BO, a campanha recordou reportagem da Folha que cita mensagem enviada pelo perfil de Regina Nunes em uma rede social a uma pessoa afirmando: “Amiga tenho provas de que ele sempre me bateu e sempre foi um crápula”.

“São fatos conhecidos, que estão sendo investigados pelas autoridades, e sobre os quais o prefeito se nega a prestar contas. Não se trata de ataques pessoais, e, sim, de apontamentos que recaem sobre uma figura pública que comanda a maior cidade da América Latina”, afirma a nota.

O que diz a campanha de Nunes

A campanha de Nunes diz que é “incorreto fazer falsa simetria entre a postura dos dois candidatos” e também reiterou críticas a Boulos. A respeito das mudanças de opinião do adversário, questiona: “Em quem o eleitor deve acreditar? No personagem que Boulos assume durante a eleição ou no Boulos da vida real?”.

“Boulos diz uma coisa e faz outra. Seu radicalismo está presente na campanha, especialmente neste segundo turno. Foram 11 condenações por mentiras em 5 dias. Hoje, abriu o horário eleitoral com todas as inserções voltadas a ataques […]. Isso não é radicalismo? […] A única verdade que existe entre esses dois Boulos é que suas posições são dadas acordo com a conveniência”, afirma em nota.

“Boulos sempre disse que a Venezuela não era uma ditadura. Só mudou de posição agora, durante as eleições”, afirma a nota, acrescentando que o deputado sempre foi contrário a concessões, PPPs e OSs.

A campanha de Nunes menciona ainda invasões do MTST que não se deram em imóveis abandonados, como na Fiesp e no Ministério da Fazenda, ocasiões em que o movimento realizou protestos. Também pontua que o PSOL tem “vários candidatos, em todo o país, que defendem a legalização das drogas”.

“Existem vários vídeos que mostram falas do candidato esquerdista defendendo que a GCM precisa ser desarmada. O Boulos da vida real repetia isso com frequência. Mas o Boulos da eleição mudou de narrativa novamente”, completa.



Leia Mais: Folha

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Ufac sediará 57º Fórum Nacional dos Juizados Especiais — Universidade Federal do Acre

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Ufac sediará 57º Fórum Nacional dos Juizados Especiais — Universidade Federal do Acre

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino ao receber a visita da juíza de Direito Evelin Bueno, coordenadora da comissão organizadora do Fórum Nacional dos Juizados Especiais (Fonaje) e representante do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC). O encontro ocorreu nesta terça-feira, 7, no gabinete da Reitoria, campus-sede.
A reunião teve como objetivo discutir uma possível parceria entre o TJ-AC e a Ufac para a realização do 57º Fonaje, previsto para ocorrer entre os dias 27 e 29 de maio de 2026, em Rio Branco. O evento é um dos maiores do Poder Judiciário brasileiro e reúne magistrados, professores e profissionais do direito de todo o país para debater e aperfeiçoar o sistema dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais.
Carlos Paula de Moraes manifestou apoio à proposta e ressaltou que a universidade busca fortalecer parcerias institucionais em eventos de relevância nacional. “A Ufac tem compromisso social e coloca sua estrutura à disposição para iniciativas que promovam conhecimento e integração. Essa parceria reforça o papel da universidade como espaço de cultura, ciência e diálogo com a sociedade.”

Durante a conversa, a juíza Evelin Bueno destacou a importância de o Acre sediar, pela primeira vez, um evento dessa dimensão. “Em 30 anos de existência, o Fonaje nunca foi realizado no Acre. Será uma oportunidade para mostrar a competência dos profissionais do Estado e a qualidade do nosso sistema jurídico.”
Ela explicou que a comissão organizadora pretende realizar o encontro no campus-sede, utilizando o Teatro Universitário e o Centro de Convenções, pela estrutura e localização adequadas. “A Ufac é o espaço mais apropriado para um evento dessa natureza. Além da parte científica, queremos agregar uma programação cultural e gastronômica que valorize as potencialidades do Acre e proporcione uma experiência completa aos visitantes.”

Ao final da visita, ficou definido que o TJ-AC encaminhará, nos próximos dias, o pedido formal de reserva dos espaços da Ufac para a realização do evento em 2026. Neste ano, o 56º Fonaje ocorrerá de 12 a 14 de novembro, em Porto Alegre, sediado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). O tema do evento será “Resgate dos Ritos dos Juizados Especiais e os Desafios Atuais”.

 



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PET-Educação Física resgata jogos e brincadeiras no Taquari — Universidade Federal do Acre

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PET-Educação Física resgata jogos e brincadeiras no Taquari — Universidade Federal do Acre

O Programa de Educação Tutorial (PET) de Educação Física da Ufac realiza o projeto de extensão Resgatando Jogos e Brincadeiras Tradicionais, no Taquari, em Rio Branco, em parceria com a Igreja Batista do bairro, a qual cede o espaço e materiais para as atividades, que iniciaram em julho deste ano.

Estudantes de Educação Física trabalham com crianças e adolescentes no bairro, visando resgatar jogos e brincadeiras que fazem parte da memória cultural de diferentes gerações, proporcionando momentos de lazer, socialização e desenvolvimento motor, além de favorecer a convivência coletiva e a transmissão de saberes populares e tradicionais.

“Ao unir esforços entre universidade, comunidade e instituições locais, o PET-Educação Física desempenha um papel importante na extensão universitária ao promover a valorização cultural e o bem-estar social de crianças e adolescentes, ao mesmo tempo em que contribui para a formação cidadã dos acadêmicos envolvidos”, comentou a tutora do PET-Educação Física, professora Eliane Elicker.

 



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Hospital Sírio-Libanês faz encontro na Ufac sobre melhoria do SUS — Universidade Federal do Acre

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Hospital Sírio-Libanês faz encontro na Ufac sobre melhoria do SUS — Universidade Federal do Acre

A Ufac sediou a cerimônia de abertura do Encontro Regional para Apresentação dos Projetos de Intervenção, promovido pelo Hospital Sírio-Libanês em parceria com o Ministério da Saúde, no âmbito do Programa de Desenvolvimento da Gestão do Sistema Único de Saúde (DGPSUS). O evento ocorreu na quinta-feira, 2, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede.

O encontro reuniu especialistas dos cursos de preceptoria do SUS e de gestores de programas de residência, oferecidos pelo Hospital Sírio-Libanês em todo o país. Em Rio Branco, participam 40 profissionais que atuam diretamente no fortalecimento dos programas de residência médica e multiprofissional no Acre.

Para a reitora Guida Aquino, a atuação com o Hospital Sírio-Libanês representa um avanço significativo na formação e gestão dos programas de residência. “É uma parceria muito importante entre universidade, Estado e o Sírio-Libanês, que certamente trará uma melhor gestão e qualificação para nossos profissionais de saúde e docentes”, afirmou.

Para Kássia Veras Lima, facilitadora de aprendizagem, e Célia Márcia Birchler, facilitadora do curso de especialização em Preceptoria do SUS e representantes do Hospital Sírio-Libanês, o diferencial do DGPSUS está em unir a formação individual dos especialistas com a entrega social dos projetos de intervenção. Esses projetos são concebidos e implementados pelos participantes a partir das necessidades vividas e sentidas no território.

Também participaram da mesa de abertura o professor Osvaldo Leal; o presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde, George Eduardo Carneiro Macedo; e a presidente da Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre), Sóron Angélica Steiner.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)



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