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Johnny Massaro e Elias Andreato criticam etarismo em peça – 17/01/2025 – Ilustrada
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Gustavo Zeitel
Em seus seminários, o psicanalista francês Jacques Lacan elaborou o neologismo “amódio” para mostrar como o amor está unido ao ódio na estrutura do inconsciente humano. O enamoramento, segundo o autor, não se manifesta como uma oposição ao desprezo, mas à indiferença.
Do mesmo modo, a paixão, num sentido abrangente do termo, seria marcada por uma pureza indelével ao conciliar afetos conflitantes. A peça “Visitando o Sr. Green”, que estreia sábado (18) no Teatro Renaissance, aborda as contradições de um amor pouco representado, a amizade formada por dois homens de gerações diferentes, um jovem e outro mais velho.
Em geral, são relações construídas sob o signo da admiração, podendo replicar traços da paternidade. Incluem ainda interdições, sobretudo o afastamento causado pela morte do amigo vivo há mais tempo.
“O esforço de se comunicar com o outro é um ato de amor para unir as pessoas, mesmo diante dos preconceitos”, diz o ator Johnny Massaro, 32, que volta aos palcos depois de cinco anos. “O audiovisual não é necessariamente mais sedutor. Nada se compara ao risco e à fluidez que o teatro oferece. Fiquei até enferrujadinho nesse tempo.”
Ele contracena com Elias Andreato, 69, que dirigiu a primeira montagem da peça no Brasil, há quase três décadas, com Paulo Autran no elenco. “A vida privada dele nunca era exposta, não se falava de sexualidade. Paulo interpretava um velho rabugento. O texto ficou mais político, porque o preconceito está mais cruel hoje, com todo mundo exposto na rede”, afirma Andreato.
Encenada em 50 países, a dramaturgia escrita pelo americano Jeff Baron se motiva por um acidente de trânsito, em que o empresário Ross, papel de Massaro, atropela Sr. Green, judeu ortodoxo vivido por Andreato. O ocorrido entre os dois é levado aos tribunais.
A juíza decide, então, que Ross deverá prestar serviços comunitários, visitando Sr. Green toda semana. “O que um assassino está fazendo no meu apartamento?”, pergunta a vítima, logo no início da peça. Pouco a pouco, ele se afeiçoa ao jovem neurótico, que se interessa em tomar algumas lições sobre a vida.
Até que Ross revela ser gay e judeu, uma afronta ao moralismo de Sr. Green, advindos de uma leitura ortodoxa da Torá. Desse modo, a cumplicidade entre os amigos é abalada por um choque entre duas visões de mundo distintas.
A dramaturgia se distingue por essa plasticidade dos sentimentos evocados, uma montanha-russa para os atores, que brigam e se acariciam, num átimo. Morando na Ilha de Manhattan, Baron, o autor, constrói suas personagens se inspirando em tipos que encontra. “Visitando o Sr. Green” parece um conto de Nova York, o que não afasta as plateias ao redor do mundo. Cenário de tantos roteiros, a cidade é o lugar-comum para o desenrolar de uma história. Baron é autor de outras peças, como “Dia dos Pais”, além de romances e de seriados.
O diretor da montagem, Guilherme Piva, afirma que os atores têm estilos diferentes. Enquanto Massaro opera intervenções no presente, Andreato desenvolve, pouco a pouco, seu personagem. As contradições da ficção se estendem à vida real, uma vez que os artistas estão em momentos bem distintos da carreira.
O início dos ensaios, por exemplo, teve de ser adiado porque Massaro viajou até uma praia em Curimãs, no interior do Ceará, para protagonizar as cenas eróticas do clipe de “Numa Ilha”, lançamento da cantora Marina Sena, de quem é fã.
As imagens viralizaram na internet, que não deu sossego a Massaro. Ele rememora a gravação, sem sublimar seu desejo. “Sonhei com ela dois dias antes de fazer o clipe, mas o que você quer dizer com excitado? Pinto duro? Pinto duro exatamente não, porque ali na hora não dá, né gente”, diz ele.
Massaro percorreu uma trajetória singular até aqui. Na TV Globo, surgiu como o nerd da novela “Malhação”, se notabilizou na minissérie “Amorteamo” e se tornou sex symbol, interpretando Giotto, em “Verdades Secretas 2”. O assédio só aumentou, quando se descobriu gay, logo após atuar no filme “Primeiros Soldados”, sobre a Aids.
Ele diz não se incomodar com a atenção dada à sua forma física e recusa qualquer deslumbramento com o estrelato. “Encaro tudo isso como algo transitório. Eu sei que, em algum momento, serei outra coisa aos olhos do público. Mas, agora, é excelente, vou surfar nessa onda enquanto ela existir.” Apesar das diferenças, é nítida a admiração de Massaro por Andreato. Os dois brincam e se abraçam o tempo todo, entre uma cena e outra, nos ensaios.
Massaro reconhece que o mercado de atores tem sido etarista na escolha dos elencos. “A luta contra o tempo é perdida. Eu me recuso a atrelar o auge à juventude”, diz. Ao mesmo tempo, busca entender a nova dinâmica da indústria, fragmentada entre contratos temporários na TV, o universo do streaming e o próprio teatro. Nesse cenário, os artistas jovens tendem a usar as redes sociais como vitrine para o trabalho. “Eu não sou ninguém para julgar alguém que está no BBB ou no TikTok. Dá muito trabalho, tento entender quem é o meu eu virtual.”
Nem havia internet quando Andreato iniciou a carreira. Na juventude, o paranaense de Rolândia era hippie e tinha o apelido de Caetaninho por causa da cabeleira. Ele entrou tarde em um teatro, aos 17 anos, quando viu Maria Bethânia no espetáculo “Rosa dos Ventos”, com direção de Fauzi Arap. Apaixonado por Bethânia, Andreato intuiu ali que seu lugar seria no palco. Também firmou uma amizade com Arap, seu mestre, de quem herdou todo o acervo.
“O processo com Fauzi era árduo. Ele não tinha paciência com os artistas. Eu aprendi com ele a roteirizar as dramaturgias e buscar uma delicadeza no trabalho”, diz Andreato, que também é diretor. Décadas mais tarde, ele trabalharia com a sua musa, no recital “Bethânia e As Palavras”.
Entre as peças históricas que trabalhou, na década de 1970, estão a montagem de Renato Borghi para “Os Pequenos Burgueses”, de Máximo Górki, e a segunda temporada de “Calabar”, de Chico Buarque e Ruy Guerra, depois de ser censurada pelo regime militar.
Atualmente, o ator é considerado um dos homens de teatro mais importantes da geração pós-Oficina. Sua história com a companhia é, no entanto, tortuosa. Como José Celso Martinez Corrêa estava exilado, Andreato afirma ter entrado em contato com a versão dada por Borghi de sua briga com o líder do grupo, morto em 2023.
Ao voltar ao país, Zé Celso se aproximou de Andreato por um breve período. “Eu virei ídolo do Zé Celso por seis meses. Até que fui dirigir a Maria Alice Vergueiro num show e fomos ensaiar no Oficina. Só que eu não deixei o Zé Celso ver, aí foi a morte”, lembra Andreato. “Não vem querer botar o pau na minha cara, sentado na plateia. Eu brincava com ele que preferia escolher os meus parceiros.”
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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre
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23 de outubro de 2025A Coordenadoria de Vigilância à Saúde do Servidor (CVSS) da Ufac realizou, nesta quinta-feira, 23, o evento “Cuidar de Si É um Ato de Amor”, em alusão à Campanha Outubro Rosa. A atividade ocorreu no Setor Médico Pericial e teve como público-alvo servidoras técnico-administrativas, docentes e trabalhadoras terceirizadas.
A ação buscou reforçar a importância do autocuidado e da atenção integral à saúde da mulher, indo além da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. O objetivo foi promover um momento de acolhimento e bem-estar, integrando ações de valorização e promoção da saúde no ambiente de trabalho.
“O mês de outubro não deve ser apenas um momento de lembrar dos exames preventivos, mas também de refletir sobre o cuidado com a saúde como um todo”, disse a coordenadora da CVSS, Priscila Oliveira de Miranda. Ela ressaltou que muitas mulheres acabam se sobrecarregando com as demandas da casa, da família e do trabalho e acabam deixando o autocuidado em segundo plano.
Priscila também explicou que a iniciativa buscou proporcionar um espaço de pausa e acolhimento no ambiente de trabalho. “Nem sempre é fácil parar para se cuidar ou ter acesso a ações de relaxamento e promoção da saúde. Por isso, organizamos esse momento para que as servidoras possam respirar e se dedicar a si mesmas.”
O setor mantém atividades contínuas, como consultas com clínico-geral, nutricionista e fonoaudióloga, além de grupos de caminhada e ações voltadas à saúde mental. “Essas iniciativas estão sempre disponíveis. É importante que as mulheres participem e mantenham o compromisso com o próprio bem-estar”, completou.
A programação contou com acolhimento, roda de conversa mediada pela assistente social Kayla Monique, lanche compartilhado e o momento “Cuidando de Si”, com acupuntura, auriculoterapia, reflexologia podal, ventosaterapia e orientações de cuidados com a pele. A ação teve parceria da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e da especialista em bem-estar Marciane Villeme.
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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.
Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”
Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.
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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.
A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.
A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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