NOSSAS REDES

ACRE

Nobéis do Google são prenúncio de crise das universidades – 10/10/2024 – Ciência

PUBLICADO

em

David Baker foi premiado pela síntese de proteínas inexistentes na natureza, utilizando um software desenvolvido especificamente para essa finalidade, enquanto Demis Hassabis e John Jumper foram reconhecidos pelo AlphaFold 2, uma inteligência artificial capaz de prever a estrutura tridimensional dessas mesmas macromoléculas, aplicando princípios da área de jogos.

Na Física, o prêmio também destacou avanços na ciência da computação, laureando John Hopfield e Geoffrey Hinton por suas contribuições fundacionais à inteligência artificial. A premiação gerou críticas de físicos mais puristas e alimentou debates sobre a originalidade da dupla, dado que existem versões anteriores das técnicas que levaram à sua consagração, como redes de Hopfield, máquina de Boltzmann e backpropagation.

“O Nobel de Física de 2024 premia plágio e atribuição incorreta em ciência da computação”, afirma Jürgen Schmidhuber, figura histórica da IA, sob o descrédito da maioria. O cientista alemão é um dos criadores da técnica de processamento de linguagem mais importante até o surgimento do ChatGPT.

A celebração do papel da IA na ciência não é a única convergência entre os dois prêmios. Hinton foi vice-presidente do Google Brain (2013-2023), enquanto Hassabis é o CEO da DeepMind, adquirido pelo gigante das buscas em 2014, onde o também laureado John Jumper lidera uma das divisões.

Se isso não basta para da um ar de máfia a essas relações —no sentido da máfia do Paypal e não da Cosa Nostra, acrescente o fato de que Hassabis é neto acadêmico de Geoffrey Hinton, tendo sido orientado por um de seus ex-alunos no pós-doutorado.

Essas associações levam a duas hipóteses: (1) o Google é preciso na identificação e captação dos pesquisadores de maior potencial; e (2) a iniciativa privada tornou-se o grande polo de atração para as mentes mais brilhantes dessa área basilar para a maioria das outras. Ambas estão corretas.

A revolução no consumo de IA que estamos vivenciando é impulsionada por chatbots que utilizam autoatenção (LLMs), tecnologia desenvolvida inicialmente nos laboratórios do Google e posteriormente incorporada pela OpenAI, criadora do ChatGPT. A promessa de liberdade criativa bem remunerada impulsiona o recrutamento de talentos pela empresa, resultando em avanços excepcionais como este.

Ao mesmo tempo, há uma barreira de entrada cada vez maior para o desenvolvimento da ciência básica em IA, o que influencia o planejamento de carreira dos novos pesquisadores. Mesmo as universidades mais renomadas do mundo não conseguem competir com as big techs, o que curiosamente as aproxima das nossas, perenemente limitadas pela falta de grana.

“Os recursos estão cada vez mais concentrados nas mãos das grandes empresas de tecnologia, que exercem um controle desproporcional sobre o ecossistema de desenvolvimento da IA”, declarou a governadora de Nova York, Kathy Hochul, por meio de seu escritório. Recentemente, o estado lançou um polo conector de suas principais universidades, que conta com um vasto cluster de servidores e outros dispositivos voltados à IA.

Iniciativas como essa são encorajadoras e precisam ser adotadas por aqui o quanto antes. No entanto, é preciso ter em mente que estão longe de reestabelecer o equilíbrio de forças que existia entre empresas e universidades até a década passada. Além do custo de treinar novas IAs ser astronômico, o acesso a hardwares de última geração está cada vez mais competitivo.

O resultado é uma redefinição de papéis até há pouco inimaginável. Os laboratórios acadêmicos estão se concentrando na criação de aplicações de “segunda camada” —como chatbots que ajudam a programar, diagnosticar ou combater a solidão— a partir de descobertas mais fundamentais feitas pelas grandes empresas.

Essa mudança, somada à perda de valor dos diplomas e à proliferação de assistentes de ensino com IA em ambientes imersivos, sugere que, sem medidas mais críticas e ousadas, as universidades se tornarão cada vez menos relevantes. Tanto aqui quanto no resto do mundo.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

ACRE

Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre

O curso de Letras/Libras da Ufac realizou, nessa segunda-feira, 3, a abertura de sua 8ª Semana Acadêmica, com o tema “Povo Surdo: Entrelaçamentos entre Línguas e Culturas”. A programação continua até quarta-feira, 5, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, com palestras, minicursos e mesas-redondas que abordam o bilinguismo, a educação inclusiva e as práticas pedagógicas voltadas à comunidade surda.

“A Semana de Letras/Libras é um momento importante para o curso e para a universidade”, disse a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno. “Reúne alunos, professores e a comunidade surda em torno de um diálogo sobre educação, cultura e inclusão. Ainda enfrentamos desafios, mas o curso tem se consolidado como um dos mais importantes da Ufac.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou que o evento representa um espaço de transformação institucional. “A semana provoca uma reflexão sobre a necessidade de acolher o povo surdo e integrar essa diversidade. A inclusão não é mais uma escolha, é uma necessidade. As universidades precisam se mobilizar para acompanhar as mudanças sociais e culturais, e o curso de Libras tem um papel fundamental nesse processo.”

A organizadora da semana, Karlene Souza, destacou que o evento celebra os 11 anos do curso e marca um momento de fortalecimento da extensão universitária. “Essa é uma oportunidade de promover discussões sobre bilinguismo e educação de surdos com nossos alunos, egressos e a comunidade externa. Convidamos pesquisadores e professores surdos para compartilhar experiências e ampliar o debate sobre as políticas públicas de educação bilíngue.”

A palestra de abertura foi ministrada pela professora da Universidade Federal do Paraná, Sueli Fernandes, referência nacional nos estudos sobre bilinguismo e ensino de português como segunda língua para surdos.

O evento também conta com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, da Secretaria Municipal de Educação, do Centro de Apoio ao Surdo e de profissionais que atuam na gestão da educação especial.

 

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)

 

//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Propeg — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Propeg — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) comunica que estão abertas as inscrições até esta segunda-feira, 3, para o mestrado profissional em Administração Pública (Profiap). São oferecidas oito vagas para servidores da Ufac, duas para instituições de ensino federais e quatro para ampla concorrência.

 

Confira mais informações e o QR code na imagem abaixo:

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Atlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Atlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre

A atlética Sinistra, do curso de Medicina da Ufac, participou, entre os dias 22 e 26 de outubro, do 10º Intermed Rondônia-Acre, sediado pela atlética Marreta, em Porto Velho. O evento reuniu estudantes de diferentes instituições dos dois Estados em competições esportivas e culturais, com destaque para a tradicional disputa de baterias universitárias.

Na competição musical, a bateria da atlética Sinistra conquistou o pentacampeonato do Intermed (2018, 2019, 2023, 2024 e 2025), tornando-se a mais premiada da história do evento. O grupo superou sete concorrentes do Acre e de Rondônia, com uma apresentação que se destacou pela técnica, criatividade e entrosamento.

Além do título principal, a bateria levou quase todos os prêmios individuais da disputa, incluindo melhor estandarte, chocalho, tamborim, mestre de bateria, surdos de marcação e surdos de terceira.

Nas modalidades esportivas, a Sinistra obteve o terceiro lugar geral, sendo a única equipe fora de Porto Velho a subir no pódio, por uma diferença mínima de pontos do segundo colocado.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

MAIS LIDAS