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O mundo está em um ponto de inflexão? – DW – 21/10/2024

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A biodiversidade – ou a variedade de todos os seres vivos na Terra – está em colapso. Isto porque os humanos continuam a levar os ecossistemas ao limite através da queima de combustíveis fósseis, da agricultura intensiva, da urbanização e da poluição.

Nos últimos 50 anos, as populações de vertebrados caíram 73%, de acordo com um relatório recente da grupo de conservação WWFenquanto os cientistas estimam que cerca de um milhão de espécies animais e vegetais estão agora ameaçadas de extinção, algumas nas próximas décadas.

Mas a diversidade de organismos vivos interligados é a base de ecossistemas saudáveis, e a perda de uma única espécie pode perturbar o intrincado equilíbrio.

Para enfrentar estes desafios, há dois anos, quase 200 nações assinaram o que foi chamado na altura de um acordo “marco” da ONU sobre biodiversidade para salvaguardar a natureza.

Agora, durante as próximas duas semanas, milhares de decisores políticos, líderes empresariais e grupos da sociedade civil reunir-se-ão na cidade colombiana de Cali para acompanhar o progresso do acordo e abordar questões delicadas como o financiamento.

É uma tarefa crucial porque um declínio na biodiversidade também ameaça o bem-estar social e económico de milhares de milhões de pessoas, afirmam os especialistas.

“Se não protegermos a nossa natureza, estamos na verdade a minar as nossas economias, estamos a minar a nossa agricultura, e não seremos capazes, no futuro, de alimentar uma população de 10 mil milhões de pessoas neste planeta”, afirmou Astrid Schomaker, secretária executiva da da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, disse à DW.

Na Flórida, grupos de restauração oceânica ajudam a preservar os recifes

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Progresso lento nos planos nacionais de biodiversidade

Líderes no Conferência da ONU sobre Biodiversidade de 2022 estabeleceu metas ambiciosas para proteger 30% das áreas terrestres e marítimas até o final da década acima de 17% da terra e quase 8% dos oceanos. O acordo, que é para a biodiversidade o que o Acordo de Paris é para o clima, também visa restaurar 30% de áreas degradadas.

“Já foi muito difícil chegar a acordo sobre isto, mas o desafio está por vir – porque agora os estados têm de implementar o que concordaram”, disse Florian Titze, analista de política internacional da WWF na Alemanha.

Para ajudar a acompanhar o progresso e garantir que os países estão a implementar as metas acordadas, os governos foram obrigados a apresentar estratégias e planos de ação nacionais atualizados sobre biodiversidade (NBSAPs) antes da cimeira sobre biodiversidade de Cali. Até à data, apenas 34 dos 196 países o fizeram. A Alemanha está entre os que não cumpriram o prazo.

“Países como a Alemanha não estão a sentir a pressão para apresentar os seus planos… porque outros países também não o fizeram”, disse Titze à DW. “Só nos restam mais cinco anos até 2030. Se a implementação das promessas não começar agora, provavelmente não cumpriremos as metas para 2030.”

Um novo estudo descobriu que 8,2% dos oceanos estão agora protegidos – um aumento de 0,5% desde o acordo de biodiversidade de 2022. Sugere também que apenas 2,8% desse montante está efectivamente protegido, classificando como “grande o fosso entre o compromisso e a acção”.

O que está a atrasar o progresso na implementação dos planos de biodiversidade?

Espera-se que a conferência deste ano aborde os obstáculos à actualização e implementação de planos de acção.

“O que muitas vezes nos impede é uma discussão com outros setores que sentem que a política ambiental os está a interferir negativamente ou é problemática para a competitividade”, disse o chefe da biodiversidade da ONU, Schomaker.

Por exemplo, quando o governo alemão anunciou em 2023 que iria abolir os incentivos fiscais “ambientalmente prejudiciais” para o gasóleo, agricultores saíram às ruas aos milhares para protestar o que eles viam como uma ameaça aos seus meios de subsistência.

O governo adiou a eliminação total até 2026, embora o acordo da ONU sobre biodiversidade vise reduzir progressivamente os subsídios prejudiciais à natureza em 500 mil milhões de dólares (461 mil milhões de euros) por ano até 2030.

“Estamos acelerando os gastos positivos com a biodiversidade, mas eles ainda são muito superados em número ou são superados por subsídios que são negativos para a biodiversidade e essa é uma questão fundamental que devemos atacar”, disse Schomaker.

Quem pagará pela proteção da natureza?

Quem paga as contas dos gastos com biodiversidade estará em discussão em Cali. Na última cimeira, os países desenvolvidos comprometeram-se a angariar 25 mil milhões de dólares anualmente até 2025 e 30 mil milhões de dólares até 2030 em ajuda financeira aos países de baixo rendimento para protegerem a sua natureza.

Mas um relatório recente concluiu que apenas dois países – Noruega e Suécia – pagaram a sua parte justa para atingir a meta. Cerca de 23 dos 28 países analisados ​​“estão pagando menos de metade do que prometeram”.

Numa conferência de imprensa antes da cimeira, a ministra colombiana do Ambiente, Susana Muhamad, apelou aos países desenvolvidos para aumentarem o que prometeram, “pois precisamos de dar um sinal de que os compromissos que foram acordados… estão a ser cumpridos”.

Os países também concordaram em destinar 200 mil milhões de dólares por ano para a salvaguarda da biodiversidade até 2030 através de fontes públicas e privadas, esperando-se que os negociadores falem sobre como a enorme soma será angariada a tempo.

Rica biodiversidade escondida na expansão urbana de Delhi

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Titze, da WWF, espera que os decisores políticos cheguem a acordo sobre alguns aspectos da sua estratégia de financiamento. Na melhor das hipóteses, isto incluiria formas de distribuir dinheiro aos países de baixo rendimento, como lidar com subsídios prejudiciais à biodiversidade e o papel do financiamento do sector privado.

“A questão é quão eficaz será? Os países podem comprometer-se com medidas concretas?” disse Titze.

Encontrando soluções financeiras

Soluções de financiamento que equilibrem a conservação da natureza com as necessidades económicas estão na agenda, disse Schomaker.

Os créditos de biodiversidade são uma ferramenta que está sendo discutida. Em teoria, estes regimes permitiriam às empresas compensar danos ambientais comprando créditos de organizações ou projetos que protegem ou restauram a natureza. Os defensores dizem que monetizar a natureza desta forma incentivaria a proteção, enquanto os críticos afirmam que os créditos são uma ferramenta que convida lavagem verde.

Também estão em cima da mesa as trocas de dívida por natureza, que implicam o alívio da dívida de um país em troca de investimento na conservação.

Outra grande discussão centrar-se-á na utilização de dados genéticos da natureza e nos rendimentos que derivam dessa utilização – como no sector farmacêutico, onde a sequenciação de ADN de plantas para a produção de medicamentos pode conduzir a lucros multibilionários.

Os delegados discutirão de forma justa compensando países com muita biodiversidade – que muitas vezes também são de baixa renda – pelo uso de seus recursos genéticos, bem como pelas comunidades indígenas que muitas vezes preservam essas espécies. Esse dinheiro poderia ser canalizado para a proteção de habitats.

Embora os incentivos financeiros possam ajudar, os especialistas alertam que devem ser acompanhados de ações concretas e de vontade política para realizar mudanças duradouras.

“Se perdermos ecossistemas e um clima tolerável, então a vida humana como a conhecemos não será mais possível neste planeta”, disse Titze. “Estamos falando de preservar a nossa própria civilização. Há poucas coisas que poderiam ser mais importantes.”

Editado por: Jennifer Collins

Este artigo foi atualizado para refletir a mudança nas NBSAPs.



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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.

“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”

Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu, nessa segunda-feira, 22, no gabinete da Reitoria, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Representando a liderança da entidade, esteve presente Letícia Holanda, responsável pelas relações institucionais. O encontro teve como foco a apresentação da agenda da UNE, que reúne propostas para o Congresso Nacional com a meta de ampliar os recursos destinados à educação na Lei Orçamentária Anual de 2026.

Entre as prioridades estão a recomposição orçamentária, o fortalecimento de políticas de permanência estudantil e o incentivo a novos investimentos. A iniciativa também busca articular essas demandas a pautas nacionais, como a efetivação do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB para a área e o uso de royalties do petróleo em medidas de justiça social.

“Estamos vivenciando um momento árduo, que pede coragem e compatibilidade. Viemos mostrar o que a UNE propõe para este novo ciclo, com foco em avançar cada vez mais nas políticas de permanência e assistência estudantil”, disse Letícia Holanda. Ela também destacou a importância da regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil, entre outras medidas, que, segundo a dirigente, precisam sair do papel e se traduzir em melhorias concretas no cotidiano das universidades.

Para o vice-presidente da UNE-AC, Rubisclei Júnior, a prioridade local é garantir a recomposição orçamentária das universidades. “Aqui no Acre, a universidade hoje só sobrevive graças às emendas. Isso é uma realidade”, afirmou, defendendo que o Ministério da Educação e o governo federal retomem o financiamento direto para assegurar mais bolsas e melhor infraestrutura.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Isaac Dayan Bastos da Silva; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarina Lima de Carvalho; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; representantes dos centros acadêmicos: Adsson Fernando da Silva Sousa (CA de Geografia); Raissa Brasil Tojal (CA de História); e Thais Gabriela Lebre de Souza (CA de Letras/Português).

 

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

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Tomaz Silva / Agência Brasil

Pode não parecer, mas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro não se limitam só aos motoristas de carros e motos — na verdade, as normas incluem também a conduta dos ciclistas. Mesmo assim, a aplicação das penalidades ainda gera dúvidas.

Nem todos sabem, mas o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) descreve situações específicas em que ciclistas podem ser autuados, como pedalar em locais proibidos — o artigo 255 do CTB, por exemplo, diz que conduzir bicicleta em passeios sem permissão ou de forma agressiva configura infração média, com multa de R$ 130,16 e possibilidade de remoção da bicicleta.

Já o artigo 244 amplia as situações de infração para “ciclos”, nome dado à categoria que inclui bicicletas. Entre os exemplos estão transportar crianças sem segurança adequada, circular em vias de trânsito rápido e carregar passageiros fora do assento correto. Em casos mais graves, como manobras arriscadas ou malabarismos, a penalidade prevista é multa de R$ 293,47.

De fato, o CTB prevê punições para estas condutas, mas o mais curioso é que a aplicação dessas regras não está em vigor. Isso porque a Resolução 706/17, que estabelecia os procedimentos de autuação de ciclistas e pedestres, foi revogada pela norma 772/19.

Em outras palavras, estas infrações existem e, mesmo que um ciclista cometa alguma delas, não há hoje um mecanismo legal que permita a cobrança da multa.




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