POLÍTICA
PEC de corte de gastos aprovada na Câmara não vai…

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10 meses atrásem
Lucas Mathias
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira, 19, a Proposta de Emenda à Constituição 45/2024, uma parte do pacote de ajustes fiscais propostos pelo governo federal. O texto, que agora segue para o Senado, buscava, em um dos seus pontos, conter os gastos com os chamados “supersalários”, aqueles que ultrapassam o teto constitucional, que hoje é de 44 mil reais mensais. Na prática, no entanto, a versão que avançou entre os parlamentares não vai conter os penduricalhos — adicionais concedidos a uma parcela do alto funcionalismo público e que aumentam sua remuneração, como bônus e auxílios. Tais benefícios, em 2023, custaram ao menos 11,1 bilhões de reais em 2023 à administração pública, como aponta um estudo do Movimento Pessoas à Frente.
Criada para conter os gastos públicos, a PEC enviada pelo governo federal buscava, em um de seus principais pontos, impor limites aos supersalários no serviço público. Para isso, determinava que a regulamentação desses penduricalhos deveria ser definida via lei complementar. Na prática, isso traria mais obstáculos ao pagamento dessas indenizações. No Congresso, contudo, o texto sofreu alterações e ficou definido que essas regras serão definidas em lei ordinária — o que, em tese, trará pouco efeito na contenção dessas despesas.
Segundo um estudo inédito do Movimento Pessoas à Frente, realizado pelo pesquisador Bruno Carazza, o impacto desses “supersalários” aos cofres da administração pública no ano passado chegou a 7,1 bilhões apenas no Judiciário, enquanto no Ministério Público essa despesa chegou a 4 bilhões de reais. Ambos os órgãos concentram a maior parte desse grupo, que ao todo soma apenas 4,5 mil servidores, em sua maioria (70%) magistrados, promotores e procuradores.
“A redação da PEC vai continuar permitindo que essas carreiras continuem legislando em causa própria, por meio de resoluções do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público. A porta para o pagamento desses penduricalhos, que acabam furando o teto, continua aberta”, explica Carazza.
De acordo com o levantamento, feito com base nos dados do Judiciário, Ministério Público, Governo Federal, Câmara e Senado, 93% dos magistrados brasileiros receberam um valor superior ao teto no agregado no último ano, enquanto no MP esse índice é de 91,5%. No último ano, por exemplo, mais de mil juízes receberam mais de um milhão de reais.
E as despesas podem ser ainda mais alarmantes que os 11,1 bilhões identificados, já que nem todos os órgãos publicam dados de suas folhas de pagamento em bases que permitem o manejo dessas informações, casos de Tribunais de Contas, estados e municípios, por exemplo.
“Infelizmente, o relator da PEC [o deputado Moses Rodrigues (União-CE)] e o plenário da Câmara acabaram cedendo às pressões corporativistas dessas carreiras do Judiciário e do Ministério Público. E o que poderia ser uma discussão séria e republicana sobre o que está sujeito ou não ao teto, vai ter pouco efeito na prática”, pontua o pesquisador Bruno Carazza.
Para ele, a desidratação do texto enviado pelo governo federal na Câmara passa ainda um recado ao mercado, que tem voltado suas críticas especialmente ao Planalto e à Fazenda.
“O mercado tem colocado muita pressão sobre o governo, sobre as propostas de ajuste fiscal. Mas, esse caso deixa evidente que o Congresso também joga contra o equilíbrio fiscal, a responsabilidade nas contas públicos e até contra a moralidade nos pagamentos dos serviços públicos. A proposta do governo era de impor regras mais rigorosas nesses pagamentos acima do teto. O Congresso cedeu ao lobby dessas carreiras poderosas e acabou aprovando um projeto que abre portas para esses gastos”, conclui.
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A articulação para mudar quem define o teto de jur…

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5 meses atrásem
5 de maio de 2025
Nicholas Shores
O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica.
Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.
A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira.
Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.
Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios.
Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.
Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.
Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.
Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.
Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.
Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.
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