ACRE
Pedágio urbano e qualidade de vida: uma ponte entre Nova York e o Brasil – 30/01/2025 – Opinião
PUBLICADO
10 meses atrásem
Cadu Ronca
Na primeira semana do ano, Nova York tornou-se a pioneira cidade dos Estados Unidos a implementar a taxa de congestionamento, uma medida que visa desestimular o uso de veículos automotores em sua região central.
Esse marco é carregado de simbolismo. Em um país que historicamente promoveu a cultura do automóvel, a metrópole adota uma política urbana que desafia esse paradigma, alinhada a um modelo de mobilidade eficiente e que promove mais bem-estar coletivo.
Nova York não busca apenas melhorar a qualidade do ar e reduzir o congestionamento, mas também se posiciona como referência para outras grandes cidades, incluindo o Brasil. Com um PIB de cerca de US$ 2,2 trilhões (2023), é o maior centro financeiro global, abrigando as principais bolsas de valores (Wall Street e Nasdaq) e sedes de multinacionais e bancos de investimentos.
Ainda assim, a cidade se destaca por ser altamente caminhável, ciclável e equipada com uma ampla rede de transporte público. A infraestrutura urbana é marcada pelas fachadas ativas —edifícios com comércios que interagem diretamente com o espaço público, gerando vitalidade, segurança e atratividade para pedestres.
Jane Jacobs, em “Morte e Vida das Grandes Cidades Norte-Americanas”, defendeu a importância de ruas vibrantes para a saúde urbana. Ela liderou movimentos contra a construção de vias expressas que cortariam bairros de Nova York, argumentando que rodovias ampliam a segregação social e deterioram comunidades. Hoje, sabe-se que a ativista urbana estava certa.
A decisão de implementar a taxa de congestionamento (US$ 9 para carros, ou pouco mais de R$ 50, e US$ 4,50 para motocicletas, com vigência das 5h às 21h, nos dias úteis, e das 9h às 21h aos fins de semana) resultou de anos de debate. A receita gerada —estimada em bilhões de dólares anuais— será destinada à melhoria e ampliação do metrô, incluindo a acessibilidade para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. A Autoridade Metropolitana de Transportes (MTA) prevê uma redução de 17% no fluxo de veículos na região central, aliviando um congestionamento que custa anualmente US$ 20 bilhões em perda de produtividade.
Estudos mostram que os nova-iorquinos têm um terço menos chance de morrer em sinistros de transporte terrestre comparados a moradores de outras cidades americanas. Essa segurança decorre de limites de velocidade rigorosos, alta densidade de pedestres e ciclistas e uso intensivo de transporte coletivo. O sistema de trânsito prioriza a convivência segura entre motoristas, pedestres e ciclistas, refletindo-se em um trânsito mais calmo e com menos fatalidades.
As cidades brasileiras enfrentam desafios semelhantes, como congestionamentos e sinistros de trânsito. Em São Paulo, a dependência do automóvel é incentivada por políticas públicas que favorecem o transporte individual. As faixas azuis para motos, sem eficácia comprovada, e o aumento das tarifas de ônibus vão na contramão de políticas de mobilidade modernas e seguras.
Por outro lado, Fortaleza se destaca por políticas robustas em mobilidade ativa. Com 500 km de infraestrutura cicloviária (maior malha proporcional entre as capitais do país) e ferramentas de mensuração como o Painel de Dados do Ciclista e o Relatório Anual de Segurança Viária, a cidade promove deslocamentos mais responsáveis e melhora a saúde urbana.
Fortaleza também conta com o apoio consultivo do Instituto Aromeiazero em iniciativas de economia circular, como a campanha para liberar espaços ocupados por bicicletas abandonadas em condomínios e de geração de renda —caso do projeto “Dando Grau”, que capacita empreendedores a utilizarem bicicletas como meio de trabalho. Essas iniciativas integram o equipamento público Grau Fortaleza (Galeria de Recondicionamento e Aprendizagem Urbana de Bicicletas), fomentando um ambiente urbano mais inclusivo e resiliente.
A experiência de Nova York demonstra que medidas como o pedágio urbano, aliadas ao foco no transporte coletivo e na mobilidade ativa, contribuem para melhores indicadores de bem-estar social. O Brasil também oferece exemplos de referência, como Fortaleza, que inspira o mundo com soluções inovadoras e que colocam a vida das pessoas no centro das políticas públicas.
TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
ACRE
PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
19 de novembro de 2025A Ufac realizou, nessa terça-feira, 18, no teatro E-Amazônia, campus-sede, a abertura do 4º Simpósio de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). Com o tema “A Produção do Conhecimento, a Formação Docente e o Compromisso Social”, o evento marca os dez anos do programa e reúne estudantes, professores e pesquisadores da comunidade acadêmica. A programação terminou nesta quarta-feira, 19, com debates, mesas-redondas e apresentação de estudos que abordam os desafios e avanços da pesquisa em educação no Estado.
Representando a Reitoria, a pró-reitora de Pós-Graduação, Margarida Lima Carvalho, destacou o papel coletivo na consolidação do programa. “Não se faz um programa de pós-graduação somente com a coordenação, mas com uma equipe inteira comprometida e formada por professores dedicados.”
O coordenador do PPGE, Nádson Araújo dos Santos, reforçou a relevância histórica do momento. “Uma década pode parecer pouco diante dos longos caminhos da ciência, mas nós sabemos que dez anos em educação carregam o peso de muitas lutas, muitas conquistas e muitos sonhos coletivos.”
A aluna do programa, Nicoly de Lima Quintela, também ressaltou o significado acadêmico da programação e a importância do evento para a formação crítica e investigativa dos estudantes. “O simpósio não é simplesmente dois dias de palestra, mas dois dias de produção de conhecimento.”
A palestra de abertura foi conduzida por Mariam Fabia Alves, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), que discutiu os rumos da pesquisa educacional no Brasil e os desafios contemporâneos enfrentados pela área. O evento contou ainda com um espaço de homenagens, incluindo a exibição de vídeos e a entrega de placas a professores e colaboradores que contribuíram para o fortalecimento do PPGE ao longo desses dez anos.
Também participaram da solenidade o diretor do Cela, Selmo Azevedo Apontes; a presidente estadual da Associação de Política e Administração da Educação; e a coordenadora estadual da Anfope, Francisca do Nascimento Pereira Filha.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
Relacionado
ACRE
Consu da Ufac adia votação para 24/11 devido ao ponto facultativo — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
19 de novembro de 2025A votação do Conselho Universitário (Consu) da Ufac, prevista para sexta-feira, 21, foi adiada para a próxima segunda-feira, 24. O adiamento ocorre em razão do ponto facultativo decretado pela Reitoria para esta sexta-feira, 21, após o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.
A votação será realizada na segunda-feira, 24, a partir das 9h, por meio do sistema eletrônico do Órgão dos Colegiados Superiores. Os conselheiros deverão acessar o sistema com sua matrícula e senha institucional, selecionar a pauta em votação e registrar seu voto conforme as orientações enviadas previamente por e-mail institucional. Em caso de dúvidas, o suporte da Secrecs estará disponível antes e durante o período de votação.
Relacionado
ACRE
Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
4 dias atrásem
19 de novembro de 2025A professora Aline Andréia Nicolli, do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela) da Ufac, foi eleita presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), para o biênio 2025-2027, tornando-se a primeira representante da região Norte a assumir a presidência da entidade.
Segundo ela, sua eleição simboliza não apenas o reconhecimento de sua trajetória acadêmica (recentemente promovida ao cargo de professora titular), mas também a valorização da pesquisa produzida no Norte do país. Além disso, Aline considera que sua escolha resulta de sua ampla participação em redes de pesquisa, da produção científica qualificada e do engajamento em discussões sobre formação de professores, práticas pedagógicas e políticas públicas para o ensino de ciências.
“Essa eleição também reflete o prestígio crescente das pesquisas desenvolvidas na região Norte, reforçando a mensagem de que é possível produzir ciência rigorosa, inovadora e socialmente comprometida, mesmo diante das dificuldades operacionais e logísticas que marcam a realidade amazônica”, opinou a professora.
Aline explicou que, à frente da Abrapec, deverá conduzir iniciativas que ampliem a interlocução da associação com universidades, escolas e entidades científicas, fortalecendo a pesquisa em educação em ciências e contribuindo para a consolidação de espaços acadêmicos mais diversos, plurais e conectados aos desafios educacionais do país.
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
ACRE6 dias agoProjeto Político Curricular — Universidade Federal do Acre
ACRE6 dias agoAlmecina Balbino é empossada pró-reitora de Inovação e Tecnologia — Universidade Federal do Acre
ACRE5 dias agoSeminário do mestrado em Geografia da Ufac ocorre de 24 a 26/11 — Universidade Federal do Acre
ACRE4 dias agoProfessora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login