POLÍTICA
Perto de ir para o União Brasil, Pablo Marçal já f…
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Ramiro Brites
Nas eleições deste ano em São Paulo, a cidade com mais eleitores no país, Pablo Marçal trouxe o discurso dos coaches para o palanque. Baseada na teologia da prosperidade das igrejas neopentecostais, a narrativa messiânica do candidato do PRTB foi da fé na “mentalidade vencedora” à inovação disruptiva pregada em startups e arrebanhou 1,7 milhão de votos (28% do total válido). Sem tempo de TV, usou as redes sociais e os debates como campo de batalha e levou desconforto à direita e à esquerda. De um lado, tomou votos de Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Jair Bolsonaro, e deixou no ar o questionamento sobre se o bolsonarismo tem o monopólio da direita. Do outro, quase tirou Guilherme Boulos (PSOL), candidato de Lula, do segundo turno e levou a esquerda ao divã ao mostrar como o eleitorado de baixa e média renda e da periferia foi seduzido pelo discurso do empreendedorismo e da presença menor do Estado na vida deles. O fenômeno eleitoral de 2024 se movimenta agora pensando em um salto para daqui a dois anos, quando pode disputar o governo paulista ou, como ele diz sonhar, a Presidência da República.
O primeiro grande passo está perto de ser dado: buscar uma casa maior. A sua filiação ao União Brasil, terceira maior bancada na Câmara, está na mesa do presidente do partido, Antonio Rueda, desde abril. A negociação esfriou durante o período eleitoral e foi retomada nos últimos meses. “As conversas estão em aberto, falta aparar algumas arestas”, disse Marçal a VEJA, sem especificar quais. Ele afirma que, “por enquanto”, não considera procurar outra legenda. Integrantes do partido afirmam que a filiação só deverá ocorrer em 2025. Um desafio para o coach será explicar ao seu eleitorado como o candidato antissistema foi parar em uma das grandes legendas do establishment político, herdeira do DEM (que, por sua vez, era herdeiro do PFL e da Arena).
A trajetória de embates de Marçal promete não acabar, porque a simples negociação de sua filiação já provoca desconforto no União. O partido já tem um candidato a presidente em 2026: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que prepara até o lançamento de sua pré-candidatura após o Carnaval, em Salvador, ao lado do prefeito Bruno Reis, um dos campeões de voto na última eleição, e do vice-presidente da sigla, ACM Neto. Marçal faz média: afirma que Caiado é o primeiro da lista e que o respeita pela experiência. “Quando eu estava nascendo, ele já batia com essa questão do conservadorismo”, diz. Nos bastidores, porém, aliados de Marçal avaliam que as pesquisas de intenção de voto é que definirão o candidato ao Planalto e apostam na popularidade de Marçal. Já o entorno de Caiado acha que o coach está usando a negociação para valorizá-lo no “mercado partidário”.
É notório que a atual legenda de Marçal, o PRTB, foi um entrave na campanha. O partido não tem representação na Câmara dos Deputados e, portanto, não possui tempo de TV e fundo eleitoral. Pior, em meio à eleição, um áudio em que o presidente da legenda, Leonardo Avalanche, reivindica a autoria das articulações que levaram à soltura do traficante André do Rap, do PCC, causou estrago ao candidato. Apesar disso, Avalanche conta com Marçal para alavancar plano de expansão da sigla. Ele quer que o coach viaje pelo país para atrair influenciadores de internet e artistas à legenda, que passará por “revolução digital”. Segundo Avalanche, o interesse do União Brasil, repleto de caciques, é “o famoso canto da sereia” e que, ao fim, sobraria a Marçal uma vaga de deputado federal. “No PRTB, Marçal joga como o principal atacante. Não ficará no banco de reservas”, acredita.
Em meio às negociações sobre o seu futuro partidário, Marçal retomou a atividade que o levou à notoriedade. Ele tem feito palestras e anunciado seu novo livro — Como Trabalhar Menos e Ganhar Mais. Nos eventos, aproveita para abordar o fim da jornada de seis dias de trabalho por semana, em voga no Congresso. O discurso voltado a “configurações mentais” cada vez mais se aproxima da política. Junto do coordenador da sua campanha, Filipe Sabará, ele está prestes a lançar um curso baseado na sua candidatura. “É um case de sucesso pelos votos. Um crescimento assombroso”, afirma o terceiro colocado no pleito paulistano.
O tom agressivo que adotou na campanha lhe rendeu processos, principalmente na Justiça Eleitoral, onde enfrenta três casos. O imbróglio mais próximo de ter sentença envolve uma denúncia do Ministério Público e do PSB por abuso de poder econômico ao pagar apoiadores para produzir e divulgar cortes de vídeos nas redes — o processo está pronto para decisão. Os outros dois são referentes a uma suspeita de lavagem de dinheiro na eleição de 2022 e à apresentação de um laudo falso de uso de drogas contra Boulos, às vésperas do primeiro turno. “Isso está na fase de inquérito e a chance de inelegibilidade é muito remota”, diz o advogado de Marçal, Paulo Hamilton Siqueira Junior, referindo-se ao atestado fajuto. Embora faça parte do papel da defesa mostrar-se otimista, não há como negar: antes de sonhar com voos mais altos, o coach tem um encontro marcado com os tribunais.
Publicado em VEJA de 29 de novembro de 2024, edição nº 2921
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Rui Costa admite ‘instabilidade’ na relação com o…
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5 de dezembro de 2024Da Redação
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, admitiu na noite desta quinta-feira, 5, que há uma “instabilidade” no Congresso em função do imbróglio envolvendo as emendas parlamentares e que a votação apertada a favor da urgência de dois projetos do pacote fiscal do governo pode ser atribuída à “insatisfação” de deputados em relação aos repasses.
“A votação reflete também uma instabilidade com a questão das emendas parlamentares, todos sabem disso, vocês sabem disso. Até então as emendas estavam totalmente bloqueadas. Havia, e há, uma insatisfação parlamentar pela não execução das emendas em função do bloqueio por decisão judicial”, afirmou Costa a jornalistas após participar da abertura do seminário A Realidade Brasileira e os Desafios do Partido dos Trabalhadores, organizado pelo partido em Brasília.
O ministro ressaltou que o desbloqueio do pagamento das emendas, autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, ocorreu apenas nesta semana — os repasses estavam suspensos desde agosto. Costa afirmou que o governo vai “intensificar o diálogo” com os parlamentares. “Não temos dúvida da aprovação das medidas e de eventual aperfeiçoamento daquilo que está lá. Pode ter algum aperfeiçoamento, e a gente sempre tem dialogado, e até aqui não tem dúvida da aprovação das medidas”, disse.
Apesar de ter liberado o pagamento das emendas, Flávio Dino determinou novas restrições para os repasses — que não estavam previstas no projeto discutido entre Congresso e governo. A proposta foi aprovada pelos parlamentares e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de novembro.
As novas regras impostas por Dino e referendadas de forma unânime pelo plenário do STF irritaram parlamentares. Na quarta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que a decisão do ministro causou “instabilidade”, “ansiedade” e “turbulência interna” no Congresso. “Você nunca vai ver um deputado julgando alguém, ou condenando alguém num tribunal, como também não deve ver nunca um juiz legislando”, disse.
Lira chegou a dizer que o governo não tinha votos “nem mesmo para aprovar a urgência” dos projetos, sinalizando que a negociação para aprovação do mérito das propostas deve ser complicada para o Planalto. As urgências de dois projetos — o que permite que eles possam ser votados diretamente em plenário, sem passar por comissões —, foram aprovadas, mas com uma pequena margem.
O primeiro texto aborda gatilhos em caso de déficit fiscal, como a proibição de conceder, ampliar ou prorrogar incentivos e benefícios tributários, além de autorizar o bloqueio de emendas parlamentares. A matéria teve a urgência aprovada por 260 deputados, com 98 votos contrários e duas abstenções. Eram necessários ao menos 257 votos a favor.
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Pará pede ajuda ao governo Lula para queimadas no…
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5 de dezembro de 2024 Matheus Leitão
Diante do cenário atípico de queimadas enfrentado em 2024, o governador do Pará, Helder Barbalho, ligou esta semana para a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para pedir mais ajuda do Ibama no combate aos incêndios. O governo federal responde por 70% da área do Estado.
O governo do Pará intensificou o combate às queimadas em todo o Estado. Desde o último sábado, as operações do Corpo de Bombeiros Militar receberam reforço significativo, com o envio de mais 40 bombeiros, totalizando 120 profissionais na linha de frente. Além disso, oito novas viaturas e abafadores de incêndio foram incorporados às 3 já em operação, com o suporte adicional de dois helicópteros no combate aéreo.
Em agosto, o governo já havia decretado emergência ambiental, proibindo o uso de fogo para manejo de áreas e implementando o Plano Estadual de Ações de Combate à Estiagem, Queimadas e Incêndios Florestais (PAEINF 2024). Esse plano ampliou o efetivo militar em 66% e promoveu ações de salvamento, combate a incêndios e assistência humanitária.
Apesar dos desafios climáticos, o Pará registrou avanços expressivos na preservação ambiental, como a redução histórica de 28,4% no desmatamento em 2024, segundo o sistema PRODES/Inpe, equivalente a uma diminuição de 937 km².
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MP vai investigar prefeito de cidade gaúcha por cr…
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5 de dezembro de 2024 Pedro Pupulim
O Ministério Público Eleitoral abriu, em 27 de novembro deste ano, uma investigação para apurar se Bernardo Dalla Corte (PSDB), prefeito da cidade de Júlio de Castilhos (RS), cometeu crime eleitoral durante as eleições municipais de 2024. O órgão recebeu denúncias apontando que o investigado, à época candidato à reeleição, se valeu da Secretaria de Agricultura daquela prefeitura para distribuir alimentos, lonas e outros materiais a eleitores durante a noite.
Segundo o MP, caso confirmada, a atitude representa o crime previsto no artigo 299 do Código Eleitoral: “Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”.
Além da denúncia, a Justiça Eleitoral apreendeu, por meio de mandado de busca e apreensão, relatórios, formulários e aparelho de armazenamento de imagens da câmera de vigilância relacionados ao suposto ocorrido. O material apreendido será analisado pela Procuradoria Regional da República da 4ª Região, em Porto Alegre.
O prazo para a conclusão das investigações é de 90 dias. Após isso, o MP deverá direcionar o próximo passo a ser dado, como requisitar mais investigações ou oferecer denúncia contra Bernardo Dalla Corte.
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