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‘Rir de Deus é um direito’, diz chefe do Charlie Hebdo – 06/01/2025 – Mundo

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André Fontenelle

“Vocês são de esquerda ou de direita?”, pergunta Gérard Biard, zombeteiro, assim que se senta com a Folha para uma hora de entrevista. Esse é o espírito do Charlie Hebdo: zombar de tudo e de todos, tendo como único limite a lei.

Biard, redator-chefe do semanário há duas décadas, passou metade de seus 65 anos no Charlie, cuja versão atual ajudou a fundar, em 1992. O jornal acaba de lançar “Charlie Liberté”, livro que retraça a carreira das oito vítimas do atentado de 7 de janeiro de 2015. Biard escapou da morte porque estava em Londres, de férias, naquele dia.

Como conciliar o trabalho de fazer um jornal com as medidas de segurança?

Quando estamos na Redação, não há nada que faça lembrar o caminho percorrido. A equipe editorial —somos cerca de 50, incluindo a parte administrativa e os colaboradores— não trabalha junta o tempo todo. Quando estamos em trabalho presencial, tentamos fazer como sempre fizemos, tentando ser um pouco despreocupados. Afinal de contas, somos um jornal satírico. Temos a obrigação moral de tentar fazer rir, não necessariamente o tempo todo, mas pelo menos uma vez por edição.

Vocês ainda recebem ameaças?

Hoje em dia, quem não recebe ameaças? Basta estar nas redes sociais ou olhar meio torto para alguém na rua e pronto. As ameaças se tornaram uma interação social quase banal. A única diferença, no nosso caso, é que sabemos que às vezes uma ameaça pode se tornar realidade. Portanto, tratamos algumas com mais seriedade do que outras. Mas confiamos que as pessoas encarregadas de avaliar o nível de ameaça o façam adequadamente.

Dez anos depois, o sr. acha que a intolerância aumentou ou diminuiu?

Na Europa, os tribunais passaram a ter uma concepção muito mais ampla da liberdade de expressão. Mas, paradoxalmente, aumentou ainda mais a tensão na sociedade, por causa das redes sociais, que estão criando uma sociedade totalmente individualista. Nelas, as pessoas só falam sobre si mesmas, não sobre os outros.

Isso não é nada social; pelo contrário, é totalmente associal. Os algoritmos nos ajudam a encontrar só quem concorda conosco. Assim que você expressa uma opinião diferente, pode ser confrontado por alguém que diz: “Você não me respeita.” Mas viver em sociedade significa aprender a tolerar muitas coisas, ser um adulto. Caso contrário, você continua sendo uma criança em uma bolha.

E nesse mundo, qual é o papel do Charlie Hebdo, que sempre foi um jornal provocador?

Não é um jornal provocador. É um jornal que usa a sátira e a caricatura. A sátira não foi criada para agradar ninguém. É uma ferramenta jornalística. As charges e caricaturas da imprensa são ferramentas jornalísticas. Também são usadas para mostrar um indivíduo, um fenômeno social ou um evento atual sob uma luz que não percebemos necessariamente no início. É outra maneira de ver as coisas. E de entender o mundo. É isso que Charlie faz.

Mesmo correndo o risco de ser mal interpretado?

Historicamente, Charlie sempre foi incompreendido. Especialmente por aqueles que não querem entender. Ou que não o leem. Esse também é um dos principais problemas atuais: uma caricatura publicada na imprensa é retirada do contexto nas redes sociais e, às vezes, apropriada indevidamente.

Fundamos uma associação chamada “Desenhe, Crie, Liberdade”. Vamos às escolas de ensino médio explicar aos alunos o que é caricatura, o que é liberdade de expressão e o que são charges satíricas. Como cada vez menos jornais publicam charges, em todo o mundo, as pessoas estão cada vez menos acostumadas a entendê-las.

No Brasil, um cartunista [Millôr Fernandes] dizia: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados.”

Sim! Voilà! O papel da imprensa não é apenas vasculhar latas de lixo ou a carteira dos políticos, mas também mostrar como é a sociedade e explicar fatos sociais específicos. É disso que se trata o jornalismo.

É uma forma de perpetuar a memória das vítimas de 7 de janeiro de 2015?

O primeiro objetivo do livro que lançamos é desmentir os dois terroristas que saíram das redações em 7 de janeiro de 2015 gritando: “Matamos Charlie Hebdo!”. Não, eles não mataram o Charlie Hebdo, nem mataram os cartunistas que alvejaram, nem as pessoas que morreram no ataque. Porque os desenhos deles são relevantes ainda hoje. As questões que eles abordam ainda são questões com as quais lidamos hoje.

Também não é coincidência o fato de o livro se chamar “Charlie Liberté”. Charlie permitiu que eles exercessem sua liberdade. E é isso que sempre tentamos fazer. Pessoalmente, não consigo me imaginar escrevendo para nenhum outro jornal. Porque é um jornal que me oferece uma liberdade que acho que não encontraria em outro lugar. Posso cobrir qualquer assunto, inclusive aqueles sobre os quais não sei nada, no tom que eu quiser.

Nunca ocorre a vocês o pensamento: “Não, isto aqui é demais?” Qual é o limite?

Obedecer à mesma lei que os jornalistas. A lei de imprensa de 1881 define a expressão pública. Se você escreve em um jornal, fala na rua ou em uma assembleia, isso é expressão pública. Portanto, exercemos nossa liberdade dentro dos limites da lei, em uma democracia que nos permite muita liberdade. Depois disso, cada um tem seus próprios limites. Eu, por exemplo, não discuto a vida particular de uma figura pública, a menos que ela tenha decidido tornar pública sua vida particular. Mas se não for o caso, com quem ele dorme, quantas vezes por dia e em que posição, não me interessa.

Na França, a esquerda quer tirar do Código Penal o crime de “apologia do terrorismo“. Como o sr. vê essa questão?

O problema é que a definição de apologia do terrorismo foi ampliada, por exemplo, para o ecoterrorismo, que pessoalmente não acho terrorismo. Mas parte da esquerda está pedindo isso com segundas intenções. Há uma antiga corrente antissemita não apenas na extrema direita, mas também na esquerda. Mas não cabe aos jornalistas nem aos ativistas definir o que é genocídio. Cabe aos juízes.

No momento, há uma suspeita de que Binyamin Netanyahu cometeu crimes de guerra. Por outro lado, não há dúvida de que o Hamas cometeu terrorismo em outubro de 2023. Massacrar civis pacíficos, que estavam entre os mais pacíficos e pró-palestinos da população israelense, e telefonar para a mãe dizendo “Mamãe, matei uns judeus hoje” não é um ato de resistência. É outra coisa. Então é assim que chamamos em Charlie. Não é preciso chamar Netanyahu de nazista para dizer que ele é um criminoso. É isso que estamos tentando fazer, o que é difícil de explicar hoje em dia quando se é um jornal de esquerda.

E Charlie Hebdo é de esquerda ou direita?

[Surpreso] Ah, não! De esquerda. Na esquerda existem todas as colorações, digamos assim: do vermelho quase preto até o rosa bem pálido. Mas dentro disso há fundamentos inegociáveis, como o secularismo, que é historicamente um valor de esquerda. A ideia de secularismo vem do Iluminismo, que diz que Deus é uma ideia, e só. E o universalismo. Os direitos humanos se aplicam a toda a humanidade. Essa é a essência da esquerda. Dizer que precisamos de direitos universais, e que o dogma religioso não pode ser a base para leis civis, é ser de esquerda.

É um jornal ateu, também?

Sim, é um jornal ateu. Nosso fundador, François Cavanna [1923-2014], dizia: “É o jornal da razão contra todos os dogmas, políticos ou religiosos”. É isso que a gente tenta fazer toda semana: privilegiar a razão. E a realidade. Não estamos procurando a verdade. Estamos tentando contar a realidade. Aliás, esse deveria ser o trabalho de todo jornalista.

Vocês criaram um concurso de caricaturas de Deus.

É para mostrar que a ideia de Deus está arruinando a vida de milhões e milhões de pessoas em todo o mundo. Todos os dias, pessoas são oprimidas, torturadas, mortas e espancadas em nome da ideia de Deus. Portanto, temos o direito de rir dessa ideia. Porque você precisa desafiar esse poder. Não se trata de desafiar a fé. A fé é outra coisa. Fé é o que você tem dentro de si. Existem três coisas. Existe a fé. Existe a adoração, que é como você expressa essa fé. E depois existe a religião, que é o que organiza a fé e a adoração para controlar uma sociedade. Portanto, é política. E temos o direito de rir disso.

E isso faz parte da tradição do Charlie Hebdo. E temos o direito de rir disso na França. Muitas pessoas pensam que o crime de blasfêmia foi abolido na França em 1905, quando a lei da laicidade foi aprovada. Não, ele foi abolido em 1881 com a lei de imprensa, que é a lei da liberdade de expressão. Em outras palavras, Deus é uma ideia como qualquer outra. Você tem o direito de ter essa ideia, mas ela não é mais valiosa do que qualquer outra ideia. Nem mais, nem menos. Portanto, temos o direito de ridicularizá-la. Temos o direito de contestá-la. Você tem o direito de dizer que eu discordo.

Como evitar que a amargura tome conta de Charlie Hebdo, por conta da tragédia de dez anos atrás?

Nossa primeira preocupação, quando criamos este jornal, era nos divertirmos, não nos entediarmos. E certamente não sermos amargos. Afinal de contas, somos um jornal satírico, um jornal de caricaturas. Tentamos dar risada e lembrar que eles [as vítimas do atentado de 2015] estavam fazendo isso para dar risadas. Caso contrário, não fariam. É isso.


Raio-X | Gérard Biard, 65

Um dos fundadores da segunda versão de Charlie Hebdo, em 1992. É redator-chefe desde 2004. Sua biografia no site do semanário afirma que “não tem Facebook nem Twitter, então não adianta procurá-lo para mandá-lo foder a própria mãe” e que “não é agente do Mossad” (a agência de inteligência de Israel).



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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