NOSSAS REDES

MUNDO

USP mapeia genética de câncer de pâncreas no Brasil – 12/12/2024 – Equilíbrio e Saúde

PUBLICADO

em

USP mapeia genética de câncer de pâncreas no Brasil - 12/12/2024 - Equilíbrio e Saúde

Karina Ninni

O câncer de pâncreas entrou recentemente no rol das estatísticas divulgadas periodicamente pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Embora não esteja entre os tipos de câncer que ocorrem com mais frequência no Brasil, a alta letalidade faz dele uma das principais causas de morte pela doença no país e o diagnóstico tardio é um dos fatores que concorrem para essa situação.

“O que chama a atenção é a ausência de dados sobre a doença, não apenas no Brasil, mas na América Latina toda. Não há estudos sobre câncer de pâncreas com a população brasileira porque sua incidência é baixa em nosso país, se comparada a outros tumores, como de mama ou de pulmão. Entretanto, é o tipo com maior índice de fatalidade e mata muito rapidamente”, lamenta Lívia Munhoz Rodrigues, doutora em oncologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).

Junto com uma equipe que reúne integrantes do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), do Departamento de Medicina Legal, Bioética, Medicina do Trabalho e Medicina Física e Reabilitação da FM-USP e do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor), Rodrigues realizou um estudo pioneiro com 192 portadores de adenocarcinoma pancreático —o tipo mais comum de tumor no pâncreas— atendidos no Icesp pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Os cientistas buscaram alterações em 113 genes de câncer (os chamados oncogenes, que podem causar a doença quando sofrem mutações ou são ativados de forma anormal) por meio do sequenciamento de DNA genômico. São variações (ou PGVs, sigla em inglês para variantes germinativas patogênicas) que as pessoas podem herdar dos seus ascendentes.

Descobriram que 6,25% da amostragem (12 pacientes) era portadora de PGVs em genes já reconhecidos como sendo de predisposição ao câncer de pâncreas, enquanto 13% (25 pacientes) eram portadores de PGVs em genes com associação limitada ou não previamente associados à doença.

“Não fizemos uma pré-seleção da amostragem por histórico familiar da doença, e esse é um dos diferenciais do nosso estudo. Além disso, foram incluídos pacientes nascidos em quase todas as regiões do país, exceto a Norte. Foram 123 pacientes nascidos no Sudeste; 55 no Nordeste; sete no Sul, quatro no Centro-Oeste e três estrangeiros.” A amostragem incluiu pacientes atendidos de 2018 a 2022.

O trabalho foi publicado recentemente na revista Scientific Reports e teve o apoio da Fapesp por meio de dois projetos (18/04847-1 e 18/04712-9).

Novidades

“O mais interessante do nosso trabalho ter sido feito no Brasil foi avaliar uma população nunca antes estudada e encontrar alterações em genes ainda pouco associados ao câncer de pâncreas. Talvez estejam relacionados à doença, mas não podemos dizer com certeza ainda. São necessários mais estudos”, adianta Maria Aparecida Azevedo Koike Folgueira, professora do Departamento de Radiologia e Oncologia da FM-USP.

Ela revela que, entre esses genes pouco associados à doença, há dois muito interessantes, que fazem a proteção do telômero, a extremidade dos cromossomos. “São dois genes que podem estar associados ao melanoma, não achamos nada ainda relativo ao câncer de pâncreas. Temos de ir mais a fundo.”

De acordo com a pesquisadora, o trabalho recentemente publicado é bastante importante. “Estamos numa era de sequenciamento e de descobrir causas do câncer. Uma delas é hereditária. São alterações que a gente herda e que aumentam a predisposição ao câncer. Temos vários estudos na população europeia, americana, asiática e só agora fizemos um trabalho com uma população grande e miscigenada como a nossa.”

Estudos com populações americanas e europeias mostram algumas diferenças étnicas, incluindo maior prevalência de PGVs nos genes BRCA1 e BRCA2 em pacientes judeus Ashkenazi. No Brasil, não há dados sobre PGVs associados ao câncer de pâncreas, mas há exemplos PGVs associados ao câncer de mama. Por isso, dizem as cientistas, é tão importante conhecer nossa população.

“Como pelo menos 20% dos estudos feitos sobre câncer de pâncreas nas populações caucasianas envolvem pacientes pré-selecionados por história familiar, aumenta ainda mais a probabilidade de os cientistas encontrarem variações nesses genes com maior penetrância. Nós não selecionamos por histórico familiar e também por isso temos menos pacientes com variantes patogênicas nos genes BRCA 1 e BRCA2. Além disso, temos cinco pacientes nos quais observamos variantes em uma determinada família de genes – a família FANC. Isso não é muito comum, é algo relevante que temos a mostrar, mas ainda temos muito a compreender sobre seu papel no câncer de pâncreas”, comenta Rodrigues.

Segundo as cientistas, os genes dessa família produzem proteínas que fazem o reparo do DNA. “A maioria dos genes nos quais encontramos alterações codifica proteínas de reparo do DNA, uma função muito importante”, explica Folgueira.

Diagnóstico precoce

O grupo foi além e fez também o sequenciamento do exoma tumoral (exame que avalia o perfil genético de um tumor) de seis pacientes para procurar alterações que pudessem refletir a função daqueles genes.

“Fizemos tanto o sequenciamento das células do sangue, para ver as alterações que foram herdadas, quanto os testes no tumor para investigar as alterações que já estão acontecendo e que são responsáveis pelo fato de ele ser maligno. Pelas alterações do tumor, não foi possível confirmar que as alterações detectadas no sangue eram responsáveis pela doença. Focamos mais na funcionalidade”, diz a professora.

A cientista se mostra preocupada com a letalidade desse tipo de tumor. “A maioria dos pacientes morre. Por isso, temos de detectar o tumor precocemente. E a descoberta dessas alterações pode auxiliar o tratamento. Já há medicamentos efetivos para alterações nos genes BRCA1 e BRCA2, por exemplo”, completa.

Segundo ela, de acordo com diretrizes americanas (NCCN), só o fato de uma pessoa ter câncer de pâncreas já é suficiente para encaminhá-la para um aconselhamento genético e um teste genético. No Brasil, somente a saúde complementar oferece esses testes, não disponíveis no SUS.

“Os exames incluem ressonância magnética ou ultrassonografia transendoscópica [uma endoscopia com um ultrassom na ponta do endoscópio]. É algo mais caro que uma mamografia, por exemplo. Assim, em nossa opinião, faltam estudos de custo-efetividade. Ou seja: saber se o custo do teste para detecção precoce de câncer de pâncreas, que é elevado, é compensatório, no sentido de ser efetivo para o diagnóstico e tratamento da doença em pessoas de alto risco. Esse é um dos nossos próximos passos”, revela Folgueira.

Rodrigues alerta para o fato de que, dos 192 pacientes estudados, apenas 37 apresentaram variantes patogênicas em alguns dos 113 genes investigados.

“E os outros? Bem, eles não apresentaram variantes nos genes que nós investigamos, mas metade deles era tabagista e 60% tinha sobrepeso ou obesidade. Então, é preciso valorizar a busca por um estilo de vida mais saudável, é preciso que as pessoas entendam que devem abandonar o tabaco e maneirar o consumo de álcool. Esses fatores podem impactar as estatísticas do câncer de pâncreas.”





Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Como fortalecer seus relacionamentos em 2025? – 23/01/2025 – Equilíbrio

PUBLICADO

em

Como fortalecer seus relacionamentos em 2025? - 23/01/2025 - Equilíbrio

Catherine Pearson

Relacionamentos são coisas belas e complicadas que afetam nosso bem-estar tanto quanto o que comemos e se dormimos o suficiente.

É por isso que a seção Well do The New York Times leva os relacionamentos a sério, consultando alguns dos principais pesquisadores e terapeutas do mundo para orientações sobre o que fortalece nossas amizades, casamentos e relações familiares —e o que ameaça esses laços.

Às vezes, eles dão conselhos abrangentes que parecem levar uma vida inteira para serem realizados. Outras vezes, oferecem uma dica simples, mas eficaz. Com isso em mente, aqui estão sete dos nossos conselhos favoritos sobre relacionamentos de especialistas ao longo do último ano.

1. ‘REPLANTE’ SUAS AMIZADES.

Se você está procurando fortalecer seus laços platônicos, considere “replantar”, uma estratégia que promove a proximidade ao renovar a forma como você se conecta com um amigo, diz Marisa G. Franco, psicóloga e autora de “Platonic”.

Talvez você deva convidar um colega de trabalho para sua próxima reunião do clube do livro. Ou pedir ao amigo que você normalmente encontra para um happy hour para fazer uma “caminhada de admiração”. A novidade pode revigorar sua conexão, e passar tempo em diferentes contextos permite que você experimente diferentes lados da personalidade de um amigo.

2. NAMORANDO? ATENTE PARA OS ‘SINAIS AMARELOS’.

Se você está no cenário de namoro, pode ter se tornado bastante habilidoso em identificar “sinais vermelhos”, mas “sinais amarelos” —comportamentos ou atitudes que indicam que você deve proceder com cautela— podem ser mais difíceis de identificar, mesmo para o mais experiente dos namoradores.

Jancee Dunn, colunista do boletim Well, analisou os sinais mais sutis a serem observados em um potencial parceiro romântico: Seu encontro acha que todos os seus antigos parceiros são loucos? Seu círculo íntimo tem reservas sobre seu novo relacionamento? Esses não são necessariamente motivos para terminar, descobriu Jancee, mas são sinais de alerta que merecem sua atenção.

3. APRENDA A AMAR AS ‘DECLARAÇÕES EU’.

A “declaração eu” é um elemento básico da linguagem terapêutica que os conselheiros de casais usam repetidamente como uma ferramenta para ajudar a reduzir as acusações entre parceiros e incentivar a comunicação produtiva.

A fórmula básica: “Eu me sinto X quando Y acontece”, geralmente seguida pela expressão de uma necessidade. Então, em vez de dizer algo como: “Você sempre olha para o seu telefone durante o jantar!”, você pode dizer: “Eu me sinto sozinho quando você olha para o seu telefone durante as refeições, e preciso da sua atenção total à mesa.”

4. ELIMINE ESTA FRASE DO SEU VOCABULÁRIO.

Vivemos em uma sociedade que teme o luto, e encontrar as “palavras certas” para ajudar alguém em dor nunca é fácil. Mas certas expressões —particularmente “tudo acontece por uma razão”— podem soar como desdém, relata Jancee.

O luto precisa ser testemunhado, não desviado, diz David Kessler, autor de vários livros sobre o tema que perdeu seu filho anos atrás. Em vez disso, diga à pessoa que você sente muito, ou talvez compartilhe uma ou duas memórias favoritas. Especialistas dizem que sua presença é mais poderosa do que clichês.

5. ABRACE O PODER DA ‘REVISÃO RELACIONAL’.

À medida que envelhecemos, a maioria de nós entende que nenhum relacionamento romântico pode nos oferecer tudo o que queremos ou precisamos, afirma Terrence Real, terapeuta familiar e autor do livro “Us: Getting Past You and Me to Build a More Loving Relationship”. Por isso, ele recomenda uma verificação ocasional que ele chama de “revisão relacional”.

Pergunte a si mesmo: “Estou recebendo o suficiente neste relacionamento para que lamentar o que não recebo seja aceitável para mim?” sugere Real. Afinal, “lamentar e digerir os limites das imperfeições humanas de cada um é uma parte central da intimidade a longo prazo”, diz ele.

6. NÃO DEIXE A COMPARAÇÃO ROUBAR SUA ALEGRIA SEXUAL.

Terapeutas e educadores sexuais passam muito tempo tranquilizando as pessoas de que não existe “normal” quando se trata de intimidade. As pessoas ficam especialmente presas à frequência e se estão tendo uma quantidade “típica” de sexo, diz Lori Brotto, psicóloga e professora da Universidade da Colúmbia Britânica, autora de “Better Sex Through Mindfulness”. Mas a comparação não melhorará sua vida sexual. Uma pergunta mais relevante: Quanto você aproveita o sexo que está tendo?

7. ORGANIZE ENCONTROS PELO PRAZER DE FAZÊ-LO.

Perto do fim de sua vida, Ruth Westheimer, a terapeuta sexual mais conhecida dos Estados Unidos, voltou seu foco da intimidade para a crise da solidão. Em seu último livro, publicado meses após sua morte aos 96 anos, Ruth ofereceu 100 lições para a conexão humana. Entre elas? Pare de contabilizar com que frequência você organiza ou inicia planos. Dê o primeiro passo e reúna seus entes queridos ao seu redor porque isso lhe traz contentamento, aconselha Ruth, não porque você espera um convite em troca.





Leia Mais: Folha

Continue lendo

MUNDO

aprovação da lei que estabelece um número mínimo de “cuidadores por paciente”

PUBLICADO

em

aprovação da lei que estabelece um número mínimo de “cuidadores por paciente”

Enfermeira do hospital universitário de Estrasburgo, 6 de novembro de 2024.

Estaremos caminhando para uma “mudança de paradigma” que acabaria por permitir que os hospitais saíssem da crise? A aprovação, na Assembleia Nacional, quinta-feira, 23 de janeiro, do projeto de lei que defende o estabelecimento progressivo de “proporção cuidador-paciente”constitui um sinal forte, como foi tão solicitado no mundo da saúde.

Nas bancadas do Hemiciclo, o texto foi defendido como o “primeiro tijolo”o “ponto de partida” de um “virada necessária” reconstruir o sistema hospitalar, nas palavras do deputado (PS) de Mayenne, Guillaume Garot, que conseguiu incluir o projeto de lei no nicho parlamentar socialista. Isto teve de esperar dois anos: o texto inicial, apresentado pelo médico e senador (Praça Pública) de Paris, Bernard Jomier, foi aprovado em fevereiro de 2023 no Senado. Na Assembleia Nacional de quinta-feira, a luz verde foi finalmente dada, e de forma muito ampla: dos 211 eleitores, e dos 141 votos expressos, 138 foram a favor do texto, com três contra.

Por trás da palavra de «proporções»trata-se de enfermeiros, cuidadores e outras profissões paramédicas para quem o texto pretende estabelecer um número mínimo em torno dos leitos dos pacientes. Uma promessa de melhores cuidados para eles e melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde. Com, em última instância, a esperança de maior atratividade do hospital público.

Você ainda tem 75,63% deste artigo para ler. O restante é reservado aos assinantes.



Leia Mais: Le Monde

Continue lendo

MUNDO

A tempestade Éowyn deverá ser uma das mais perigosas já registradas na Irlanda | Irlanda

PUBLICADO

em

A tempestade Éowyn deverá ser uma das mais perigosas já registradas na Irlanda | Irlanda

Lisa O’Carroll in Dublin

A Irlanda está se preparando para o que foi descrito como uma das tempestades mais perigosas já vistas, com o centro meteorológico nacional alertando sobre ventos violentos a partir das 2h de sexta-feira.

Os serviços de emergência estavam em alerta máximo e o país preparava-se para uma paralisação virtual na sexta-feira, com aeroportos, escolas, parques e escritórios fechados e transportes públicos cancelados durante os horários de pico da tempestade Éowyn.

Keith Leonard, presidente do grupo nacional de coordenação de emergências, disse que a tempestade seria uma das tempestades mais perigosas que a Irlanda já viu. “Esperamos que esta tempestade seja destrutiva, perigosa e perturbadora. Podemos esperar (rajadas) superiores a 130km/h para o interior, o que é muito, muito incomum. Será um evento climático prejudicial, perigoso e destrutivo.”

Ele disse que os ventos trariam condições severas, o que constituiria um risco à vida e à propriedade.

O público foi avisado para ficar em casa, evitar a costa e ter telefones e lanternas totalmente carregados. O Conselho de Fornecimento de Eletricidade disse que grandes danos à infraestrutura elétrica são esperados e cortes generalizados de energia são esperados.

Leonard disse que é provável que o número de pessoas que perderam energia ultrapasse o número de 385 mil da tempestade Ophelia em 2017. “A nossa mensagem mais importante hoje é que todos precisam de abrigo no local durante todos os avisos vermelhos”, disse ele.

“É provável que vejamos cortes de energia significativos e generalizados, por isso encorajo todos a se prepararem com antecedência. Certifique-se de que telefones, lanternas e laptops estejam totalmente carregados. Certifique-se de que não há móveis de jardim soltos ou outros itens em sua propriedade que possam causar problemas com ventos fortes.”

As autoridades locais estão a encorajar qualquer pessoa que viva em casas móveis ou outras residências com potenciais problemas estruturais a considerar ficar com amigos ou familiares durante a tempestade.

O conselho do condado de Donegal está oferecendo vouchers para incentivar as pessoas nessas situações que não têm alternativas a se mudarem para um hotel ou pousada.

Met Éireann aconselhou as pessoas a evitarem a costa, onde são esperados ventos de força 10. Ventos de força 12 são esperados mais longe no mar, de Valentia, no condado de Kerry, no sudoeste do país, até Erris Head, no noroeste do condado de Mayo.

Eoin Sherlock, hidrometeorologista-chefe do Met Éireann, disse na quinta-feira: “O fato de estarmos hoje no grupo nacional de coordenação de emergência significa que esta está entre as tempestades mais perigosas que a Irlanda terá enfrentado. Isto no extremo das tempestades do Atlântico.”

A tempestade mais perigosa registrada na história da Irlanda foi o furacão Debbie. Esta não foi uma tempestade no Atlântico, mas um raro ciclone tropical, que atingiu a Irlanda em 16 de setembro de 1961.



Leia Mais: The Guardian



Continue lendo

MAIS LIDAS