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A grande divisão da memória: a Grã-Bretanha lutou pela liberdade na Europa, mas contra ela nas colônias | Mihir Bose

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7 meses atrásem
Mihir Bose
Ccom o Dia da Memória chegando, discussões sobre se as papoulas deve ser usado estão em pleno fluxo. No entanto, há uma questão que parece nunca ser ouvida no debate anual que agora marca esta ocasião solene: enquanto a Grã-Bretanha lutou na Segunda Guerra Mundial para derrotar a Alemanha nazi, colocando em risco a sua própria existência como país livre, negou a liberdade aos seus colônias.
Winston Churchill não escondeu a sua crença de que as pessoas “de cor” não tinham o direito de serem livres. Em agosto de 1941, em Placentia Bay, Terra Nova, assinou com o presidente dos EUA, Franklin D Roosevelt, a Carta do Atlântico que afirmava “o direito de todos os povos de escolher a forma de governo sob a qual viverão”. Isto foi aclamado como um grande objetivo de guerra dos aliados. No entanto, no seu regresso, Churchill disse à Câmara dos Comuns que isto não era “aplicável às raças de cor no império colonial”, mas apenas aos estados e nações da Europa.
Mais tarde, durante a guerra, Roosevelt levantou a questão da tutela colonial como um prelúdio à liberdade das colónias, mas Churchill respondeu: “Nada seria tirado do Império Britânico sem guerra.”
O que torna o silêncio sobre esta questão agora muito surpreendente é que, tanto antes como durante a Segunda Guerra Mundial, a questão da liberdade negada às colónias foi frequentemente levantada. Ninguém fez isso de forma mais eloquente do que George Orwell.
Pouco antes do início da guerra, com muita conversa sobre como combater o fascismo, Orwell apresentou um argumento do escritor americano Clarence K Streit, que disse que a maneira de fazê-lo era por 15 democracias da Europa e dos EUA, que Streit listados, para se unir e formar um governo comum. Orwell escreveu: “O que cheira, como sempre, é hipocrisia e justiça própria”. Orwell salientou que países como o Reino Unido, a França, a Bélgica e os Países Baixos consideravam as suas colónias como dependências cujos recursos estavam à disposição das “democracias”, mas cujos “habitantes de cor” não tinham “o direito de voto”. Apesar, ele argumentou, Índia contendo “mais habitantes do que todas as ’15 democracias’ juntas”.
Muitos dos altos escalões do governo britânico rejeitaram o argumento de que estavam a ser hipócritas. Orwell e outros fizeram campanha durante a guerra para que a Índia fosse equiparada à Austrália, à Nova Zelândia e a outras colónias brancas, que há muito tinham recebido a sua liberdade, mas ele não conseguiu fazê-los mudar de ideias.
Em vez disso, quando Mahatma Gandhi e outros líderes do movimento pela liberdade indiano apontaram a hipocrisia dos objetivos de guerra britânicos. Eles foram presos, passando grande parte da guerra em prisões britânicas. Gandhi estava na prisão quando soube que sua esposa havia morrido.
O governo britânico, preocupado com o efeito que este duplo padrão pode ter na opinião dos EUA, pediu à propagandista Beverley Nichols que escrever um livro denunciando Gandhi. Antes da guerra, Nichols fez discursos para a Juventude Hitlerista, descreveu Oswald Mosley, o líder da União Britânica de Fascistas, como o homem que uniria o país e evitaria a guerra, e mesmo depois de Dunquerque, impressionado com o “apelo à razão” de Hitler. discurso, sentiu que um acordo de paz com a Alemanha nazista poderia ser feito.
No veredicto sobre a Índia, Nichols comparou Gandhi a Hitler, escrevendo: “O Heil Hitler alemão tem um equivalente impressionante no Gandhiji indiano… As semelhanças entre Gandhi e Hitler são, claro, inúmeras.” Churchill recomendou o livro à sua esposa, dizendo: “Ele foi escrito com alguma distinção e muita reflexão”.
Quando, em 1942, uma revolta eclodiu na Índia depois que Gandhi pediu a saída dos britânicos por meio do movimento Abandonar a Índia, foi necessário todo o poder armado do Raj para suprimi-la, com policiais e soldados abrindo fogo 369 vezes, matando cerca de 1.000 indianos. e ferindo 2.000. A RAF bombardeou territórios rebeldes seis vezes, a Lei do Chicoteamento foi reintroduzida e a punição coletiva foi imposta. Em Março de 1943, o General Lockhart escreveu que a Índia era agora “um país ocupado e hostil”.
Os indianos lutaram pelos aliados, com mais de 2,5 milhões a juntarem-se ao exército indiano, a maior força voluntária da história, com 90 mil mortos ou mutilados. Mas, como escreve o historiador Richard Overy: “A Grã-Bretanha obrigou a Índia a pagar pelo seu papel na guerra, forçando o governo indiano a incorrer num grande défice anual de uma economia que mal podia suportar o custo, e a aceitar aumentos acentuados nos impostos para a população indiana”, chamando-a de “efetivamente uma forma de coerção económica”.
Agora, quase 80 anos depois, com tanta coisa sobre a guerra continuando a emergir através de livros, filmes, peças de teatro e documentárioscertamente este é um assunto que os britânicos não deveriam mais evitar discutir. Se não se falar sobre isso, a divisão entre a forma como as pessoas na Grã-Bretanha veem a guerra e como as pessoas nas antigas colónias a veem continuará a crescer, impedindo uma compreensão plena da história. Algo que é tão necessário.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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MUNDO
Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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