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ASML: a mais importante Big Tech da qual você nunca ouviu falar
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Num mundo onde gigantes como Nvidia e Microsoft dominam as manchetes, a ASML não é a primeira empresa de inteligência artificial que vem à mente.
No entanto, essa companhia holandesa desempenha papel central no desenvolvimento dos chips que tornam a IA possível, o que a torna uma das mais estratégicas empresas de tecnologia no mundo.
Fruto de uma joint venture firmada há 40 anos entre a Philips e a fabricante de máquina de chips ASMI (Advanced Semiconductor Materials International), a ASML possui um valor de mercado de cerca de € 300 bilhões, o que a coloca dentre as maiores empresas europeias em valor de mercado, ao lado de gigantes mais conhecidas como Novo Nordisk e LVMH.
Negociada a 27x o lucro esperado para os próximos 12 meses (cerca de 25% abaixo de sua média histórica nos últimos 5 anos), a ASML oferece uma oportunidade atrativa de exposição à IA, especialmente quando comparada aos múltiplos de outras empresas do setor, como a Nvidia, negociadas hoje a cerca de 40x o mesmo múltiplo.
Não é a primeira vez que o mundo se surpreende com o tamanho e importância de uma empresa holandesa que também atua longe dos olhos da maioria das pessoas.
Fundada em 1602, a Companhia Holandesa das Índias Orientais (Vereenigde Oostindische Compagnie, VOC) foi uma das primeiras e mais poderosas corporações multinacionais da história. Com o objetivo de monopolizar o comércio de especiarias entre a Europa e a Ásia, a VOC foi peça-chave no desenvolvimento do comércio global, abrindo rotas e estabelecendo colônias em territórios que hoje correspondem à Indonésia, Índia e outras regiões estratégicas da Ásia.
Mais de 400 anos depois, a ASML é uma espécie de Companhia das Índias Orientais contemporânea, moldando o futuro de sua indústria de maneira profunda, ainda que distante dos holofotes.
A importância dos chips na nossa vida já é amplamente reconhecida. De smartphones a computadores, passando por carros e eletrodomésticos inteligentes, esses semicondutores estão presentes em praticamente tudo o que usamos.
A Inteligência Artificial exige um enorme poder de processamento, e é aí que também entram os chips. Cada vez menores e mais potentes, eles são fundamentais não apenas para tecnologias emergentes, mas também para os sistemas modernos de defesa, conforme muito bem explorado no livro ‘A Guerra dos Chips’, do historiador Chris Miller.
Nesse contexto, o papel da ASML se tornou cada vez mais crucial, não apenas para as fabricantes tradicionais de chips, como Intel e Samsung, mas também para muitas empresas do Vale do Silício, de Apple a Nvidia, que adotaram o modelo de tecnologia fabless, onde se investe muito em design de chips, terceirizando sua fabricação para empresas especializadas, as chamadas foundries.
A ASML é a única empresa no mundo capaz de produzir as máquinas de litografia ultravioleta extrema (EUV, na sigla em inglês) que as principais fabricantes de chips tanto precisam.
Do tamanho equivalente a um ônibus e custando de US$150-250 milhões cada (com os modelos mais modernos podendo chegar a US$ 350 milhões), estas máquinas são capazes de gravar padrões altamente miniaturizados (ou mais densos) em wafers de silício, um processo fundamental para a indústria de semicondutores na criação de chips cada vez menores e mais poderosos.
Os EUA consideram essa tecnologia tão estratégica que há anos fazem lobby para impedir que a ASML venda suas máquinas mais modernas no mercado chinês.
Seu diferencial tecnológico se dá não só pelos mais de € 30 bilhões investidos ao longo dos últimos 20 anos, como também pelo desenvolvimento de uma complexa rede de fornecedores. A fabricação de uma máquina de EUV envolve a integração de mais de 100.000 componentes individuais, exigindo grande coordenação logística e precisão na montagem. Muitos destes componentes são fabricados por fornecedores exclusivos, alguns deles inclusive tendo a ASML como acionista, como é o caso da Carl Zeiss SMT, produtora de sistemas óticos, onde a ASML tem uma participação de 25%.
Replicar uma empresa já é difícil; replicar um ecossistema de produção inteiro, como o da ASML, beira o impossível.
No entanto, mesmo possuindo um diferencial tecnológico tão grande e sendo tão fundamental para a crescente demanda por IA, o mercado tem se questionado quanto ao seu desempenho futuro.
De fato, no meio da manhã de hoje, um aparente erro técnico antecipou a divulgação dos números do terceiro tri da ASML, esperados apenas para o dia seguinte.
Com net bookings abaixo do esperado (€ 2.6bn vs. € 5.4bn), e uma revisão do guidance para 2025 tanto em receita (€ 30-35bn vs. € 30-40bn) quanto em margem bruta (51-53% vs. 54-56%), a ação da ASML caiu mais de 15% no dia, carregando outras importantes empresas do setor.
Tal resultado deu força a uma narrativa mais negativa para a empresa. Já há alguns meses o mercado tem se mostrado mais reticente com a ASML, especialmente por conta de flutuações cíclicas no setor de chips de memória, como DRAM, que demandam menos tecnologia de ponta em comparação com o segmento de chips lógicos, como aqueles demandados por IA. Além disso, as crescentes pressões dos EUA sobre a Holanda têm buscado restringir que a ASML forneça serviços e máquinas menos modernas para empresas chinesas, que atualmente representam cerca de 25% do negócio da empresa, contribuindo para a instabilidade no setor e afetando suas expectativas de crescimento.
Embora reconheçamos esses desafios, acreditamos que a ASML está unicamente posicionada para aproveitar a crescente demanda por soluções de IA, computação de alto desempenho, Internet of Things e direção autônoma, dentre outras.
Especificamente, a tecnologia High NA da ASML (próxima geração de EUV), com um design ótico superior em relação à tecnologia EUV atual, permite a produção de chips mais potentes, com melhores recursos e maior densidade, tornando-a essencial para o desenvolvimento de tecnologias ainda mais avançadas e eficientes.
Além disso, uma das maiores questões estratégicas para a ASML nos próximos anos será sua relação geopolítica. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), uma das maiores clientes da ASML, está no centro das tensões entre China e Estados Unidos. Qualquer conflito na região pode perturbar severamente a cadeia de fornecimento global de semicondutores, o que não é do interesse de muitos países, principalmente dos EUA. Isso coloca a ASML em uma posição singular, já que a necessidade de nearshoring (produção mais próxima de mercados ocidentais) exige um investimento significativo em novas fábricas e equipamentos, o que beneficia diretamente a empresa.
Seu robusto backlog aponta para um crescimento de receita da ordem de 20% para 2025, nos dando confiança de que a ASML, mesmo estando em uma indústria cíclica, está em linha para atingir sua meta de receita entre € 44-60bi em 2030, o que triplicaria seu EPS no período em relação ao valor de hoje.
É difícil prever quem serão os vencedores definitivos na atual corrida por Inteligência Artificial, mas a probabilidade de que eles estejam utilizando chips fabricados com as máquinas da ASML é extremamente alta.
Quem quer que domine o futuro da IA estará, assim como os mercadores europeus do passado, muito provavelmente navegando com o auxílio essencial de uma tecnologia invisível de outra grande empresa holandesa.
Daniel Martins é co-fundador da GeoCapital, uma gestora especializada em ações globais.
André Kim e Karina Fugita são respectivamente sócio e analista na mesma gestora.
O Brazil Journal convida gestores de ações globais a escrever sobre teses e posições de suas carteiras. Envie para globalstocks@braziljournal.com.
Daniel Martins, André Kim e Karina Fugita
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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