NOSSAS REDES

ACRE

Bancos multilaterais têm de atrair setor privado ao clima – 22/11/2024 – Ambiente

PUBLICADO

em

Diante do impasse sobre o financiamento público das ações de países pobres pelas nações ricas na COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em curso em Baku (Azerbaijão), o apelo ao investimento privado tornou-se um ponto crucial. Pelo menos, para o mundo desenvolvido, que resiste ao aumento de suas contribuições no patamar esperado.

Nesse contexto, tudo depende do papel dos bancos multilaterais de desenvolvimento, que comprometeram-se a aumentar seus empréstimos a países pobres a US$ 120 bilhões por ano até 2030. E, especialmente, em trazer mais US$ 65 bilhões do setor privado anualmente aos projetos dessas nações de transição verde e de mitigação dos efeitos do clima. Mas essa tarefa não será fácil.

Rob Drijkoningen, chefe da área de endividamento de mercados emergentes do Neuberger Berman, gestora de investimentos americana que detém US$ 27 bilhões em títulos soberanos e corporativos de países em desenvolvimento, seria um parceiro natural.

Mas, depois de conversar neste ano com o EIB (Banco de Investimento Europeu, na sigla em inglês) e o EBRD (Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento) sobre acertos potenciais, ele conclui haver obstáculos demais.

Conforme afirmou, os bancos de desenvolvimento não estão dispostos a abrir seus livros e partilhar informação suficiente sobre os riscos dos investimentos. Tampouco permitem aos investidores privados escolher os projetos de seus interesses.

Para as gestoras de ativos, esses obstáculos acabam com a atração de seus clientes, que já têm pouco apetite por projetos de infraestrutura de longo prazo em nações em desenvolvimento.

Com seus baixas baixos, porém, os governos ocidentais esperam um massivo aumento de investimentos do setor privado como meio de a ajuda climática aos países pobres alcançar US$ 2 trilhões ao ano.

Depois da vitória do negacionista Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, cresceram as preocupações de que a diferença entre o que é necessário e o que será apostado no financiamento climático aumente ainda mais se Washington cair fora da briga climática mundial.

Aceleração de reformas

Uma reforma de instituições multilaterais como o Banco Mundial, ainda em andamento, já permitiu o aumento de 41% na mobilização de fundos do setor privado para países de baixa renda em 2022 por 27 bancos de fomento, de acordo com um relatório divulgado neste ano. As mudanças tiveram o objetivo de reformular os procedimentos para empréstimos, como meio de garantir melhor uso do dinheiro.

A presidente do EBRD, Odile Renaud-Basso, afirmou que a instituição está trabalhando duro para prover mais informações ao setor privado. Mas agregou haver limites sobre o que pode se tornar público.

Uma análise da Reuters sobre dados de empréstimos e entrevistas com duas dúzias de bancos de desenvolvimento, negociadores climáticos, investidores privados e organizações sem fins lucrativos mostrou que a mudança nas instituições multilaterais de fomento precisa acelerar-se significativamente. Caso contrário, o setor privado não cumprirá o papel que dele se espera.

Pressionar os bancos de desenvolvimento a acelerar suas reformas tornou-se também, para os países ricos, uma forma de esquivarem-se de discussões sobre novos aportes de capital deles nessas instituições.

Desde a reforma, o EBRD entrega US$ 3.58, em recursos privados para cada dólar que investe em sua carteira de projetos. O valor é superior aos US$ 2 de três anos atrás. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) também mergulhou na mudança em seus negócios, o que o permitiu quintuplicar seu capital privado mobilizado entre 2019 e 2023, para US$ 4 bilhões.

Há diversas formas de emprestadores multilaterais atraírem recursos privados. A mais comum, há seis décadas, é o parcelamento de seus próprios empréstimos e a venda dessas cotas aos investidores privados, de forma a liberar dinheiro para novas operações.

Nazmeera Moola, chefe do escritório de sustentabilidade da gestora de ativos Ninety One, disse que uma série de problemas —inclusive, os prazos e os retornos em prazos longos— reduziram a atração desses ativos.

Enquanto isso, completou Moola, vários investidores institucionais de grande porte, como os fundos de pensão e as empresas de seguro, avaliam os investimentos diretos, por meio de empréstimos corporativos ou de financiamento de projetos em mercados emergentes, como “opções assustadoras”.

Garantias

Para Harmen van Wijnen, presidente do conselho do fundo de pensões ABP, que investiu 1 bilhão de euros nas parcelas dos bancos de fomento, dar um salto para riscos desconhecidos —como o financiamento de projetos em mercados emergentes — exige garantias de credores multilaterais. Alguns bancos já as provêm, como o hedge contra possível colapso da moeda local.

Na COP29, alguns bancos sinalizaram com a proposta de uma garantia de US$ 1 bilhão, pelos EUA, para empréstimos já existentes do ADB (Banco de Desenvolvimento da Ásia, na sigla em inglês) aos governos. Dessa forma, o ADB poderia financiar mais de US$ 4,5 bilhões em projetos climáticos.

Renaud-Basso afirmou que está estudando garantias aos empréstimos soberanos como forma de liberar mais dinheiro aos investimentos climáticos, mas não deu mais detalhes.

Além das garantias, há relutância de alguns bancos de desenvolvimento em atuar como parceiro menor nos empréstimos, dadas as pressões que sofrem para fechar grandes negócios e maximizar seus próprios retornos. Isso os deixa em competição com investidores privados.

Gianpiero Nacci, diretor de negócios sustentáveis do EBRD, afirmou que o trabalho dos bancos para mudar sua cultura e estrutura é ainda um “trabalho em andamento”.

Dada a escala da mudança climática, alguns especialistas escolheram caminhar sozinhos, como Hubert Danso, executivo-chefe da Africa Investor, uma plataforma que conecta investidores privados a projetos de infraestrutura verdes no continente. “Há uma falha de mercado nos bancos multilaterais de desenvolvimento, que são incapazes de reunir o capital necessário”, afirmou.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

ACRE

Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac.

A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.


Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.”

A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou.
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.”

Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”


Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Enanpoll — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

enanpoll-event.jpg

Notícias


publicado:
26/09/2025 14h57,


última modificação:
26/09/2025 14h58

1 a 3 de outubro de 2025



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.

“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”

Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

MAIS LIDAS