Apontado como autor do tiro que matou a menina Ágatha Félix em 2019, o policial militar Rodrigo José de Matos Soares foi absolvido por um júri popular na madrugada deste sábado (9). Para os jurados, ele não teve intenção de atingir a vítima, que na época tinha oito anos.
Ágatha dentro de uma van com a mãe a caminho de casa no complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. Os policiais que faziam patrulha na região alegaram que dispararam contra uma moto com dois suspeitos. Investigações indicaram que uma das balas ricocheteou num poste e atingiu a menina.
Dois meses após o crime, Soares foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por homicídio doloso qualificado “por motivo torpe [fútil] e mediante recurso que dificultou a defesa das vítimas, em momento pacífico na localidade, com movimentação normal de pessoas e veículos”.
O julgamento foi iniciado por volta de 12h desta sexta-feira (8), presidido pelo juiz Cariel Bezerra Catriota. Já na madrugada de sábado, após depoimentos de testemunhas, os jurados disseram entender que o policial foi realmente o autor dos disparos, mas que não teve a intenção de matar Ágatha.
Por isso, também rejeitaram a tese de motivo torpe e de uso de recurso que dificultou a defesa da vítima. “Ante o exposto, atendendo à vontade soberana do Egrégio Conselho de Sentença desta comarca, julgo improcedente a acusação e absolvo Rodrigo José de Matos Soares da acusação”, escreveu o juiz.
A morte de Ágatha foi seguida por uma série de versões desencontradas da Polícia Militar e dos próprios policiais envolvidos. Em um primeiro momento, a corporação disse que havia um confronto com criminosos no momento dos disparos.
Em nota divulgada no dia seguinte, a PM afirmou que as equipes policiais “foram atacadas de várias localidades da comunidade de forma simultânea”. “Os policiais revidaram à agressão”, defendeu, no texto.
Em depoimentos posteriores, os próprios envolvidos começaram a desmentir a versão. Disseram que foram atacados por ocupantes de uma moto que passou pelo local. Depois, descobriu-se que estes não estavam armados.
“O júri confirmou que o policial réu mentiu e realmente foi o autor do tiro que acertou a menina. Mesmo assim, absolveu ele”, escreveu em rede social o advogado Rodrigo Mondego, que na época acompanhou o caso pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro. “Estou com um sentimento de tristeza e nojo dessa sociedade que aceita mansamente a morte de crianças.”
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