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Como as festas da Tupperware empoderaram mulheres suburbanas que vivem em casa – DW – 20/09/2024

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Karen Watters, de Michigan, tinha 18 anos, era recém-casada e tinha um filho pequeno quando começou a vender Tupperware na década de 1970.

“Naquela época, eu não conseguia nem conseguir um cartão de crédito. O banco não me dava, mesmo que eu trabalhasse. Aqueles eram tempos diferentes para as mulheres”, disse ela à DW. Antes de 1974, as mulheres casadas nos EUA não podiam solicitar um cartão de crédito em seu próprio nome.

Ela organizava reuniões para amigos e conhecidos conhecidas como “festas Tupperware”, ganhando uma comissão por tudo que vendia. Ela então usou o dinheiro para ajudar o marido a concluir a universidade.

“Ele estava estudando engenharia elétrica e eu comprei todas as suas ferramentas. Ele conseguiu todas as suas coisas com o dinheiro que ganhei vendendo Tupperware. E precisávamos do dinheiro.”

Para Watters, como para muitas outras mulheres, vender recipientes plásticos seláveis ​​era uma forma de ajudar a família a sobreviver. A festa Tupperware, uma nova abordagem de vendas introduzida na década de 1950, empoderou milhares de mulheres ao iniciarem seus próprios negócios.

A empresa agora anunciou sua falência, mas isso não diminui sua relevância para a história e como ajudou muitas donas de casa a se tornarem empresárias.

Recipientes coloridos de Tupperware empilhados.
Para muitas pessoas, o icônico nome da marca Tupperware agora se refere a qualquer recipiente de plástico lacrado.Imagem: Wolfram Steinberg/dpa/picture Alliance

Um grande fenômeno

Os recipientes de plástico duráveis ​​e seláveis ​​foram criados por Earl Tupper, um empresário e químico de New Hampshire que descobriu uma maneira de fazer plástico flexível a partir de um subproduto industrial que selava tão firmemente quanto uma lata de tinta. Em 1946, Tupper “teve uma centelha de inspiração ao criar moldes em uma fábrica de plásticos”, segundo o site da empresa.

Mas quando seus contêineres foram lançados inicialmente, eles não pegaram o sucesso que o empresário esperava. As donas de casa estavam céticas em relação à construção barata e à textura oleosa e confusas sobre a necessidade de “arrotar” os recipientes para deixar sair o ar para que pudessem selar adequadamente.

Foi necessário um exército de vendedores amadores, principalmente mulheres suburbanas, para ajudar a marca a se popularizar. Milhares de mulheres nos EUA e, eventualmente, em todo o mundo, iniciaram os seus próprios negócios vendendo os produtos em reuniões caseiras conhecidas como festas Tupperware. O fenômeno varreu os EUA e atingiu o pico nas décadas de 1950 e 1960.

O grande responsável pelo sucesso do império Tupperware foi Brownie Wise, uma mãe solteira com pouca educação formal que Tupper assumiu como vice-presidente e chefe de vendas. Um gênio do marketing com talento para vendas, ela ajudou a revolucionar a marca com seus métodos de marketing exclusivos.

Wise já havia trabalhado para uma empresa de produtos de limpeza chamada Stanley Home. Ela organizava o que a empresa chamava de “festas em casa”, encontros de donas de casa e seus amigos para vender produtos. Wise rapidamente viu um mercado para a Tupperware também nesses eventos.

Brownie Wise demonstra como o Tupperware permanece bem lacrado ao jogar uma tigela em uma festa Tupperware.
Brownie Wise – mostrado jogando uma tigela cheia de água – foi, em muitos aspectos, o cérebro por trás da operação TupperwareImagem: Smithsonian Archives Center, Museu Nacional de História Americana/AP Photo/picture Alliance

Suas demonstrações animadas de produtos, que incluíam jogos divertidos de festa e lançamento de recipientes pela sala para mostrar que não quebraram, instruíram os compradores sobre o produto ao longo do caminho. Na sede da empresa na Flórida, Wise treinou outros mulheres em seus métodos de vendascriando manuais e introduzindo incentivos de vendas generosos para atrair mais vendedoras, e logo o produto estava decolando.

Para encorajar a sua força de vendas, a empresa concebeu promoções criativas em que os vendedores competiam por “tudo, desde novos ferros eléctricos até uma viagem à Europa com Brownie Wise”, conforme descrito num artigo da emissora pública norte-americana PBS.

Em meados da década de 1950, Wise era o ícone da empresa e a primeira mulher a aparecer na capa da Semana de Negócios revista. Ela também apareceu em revistas populares como Cosmopolita e Diário da Casa Feminina.

De dona de casa a empreendedora

As condições socioeconómicas da década de 1950 foram perfeitas para o sucesso desta estratégia de marketing. Mulheres que ingressaram no mercado de trabalho durante Segunda Guerra Mundial foram expulsos e agora deveriam ficar em casa com as crianças durante o baby boom.

Vender Tupperware foi uma forma de gerar renda para mulheres cujos maridos não queriam que elas trabalhassem fora de casa – bem como uma forma de as mulheres suburbanas que vivem em casa escaparem das rotinas domésticas e se socializarem.

A anfitriã de uma festa convidaria um vendedor da Tupperware para ir até sua casa e em troca receber produtos Tupperware gratuitos, enquanto o vendedor ganharia uma comissão com base na quantidade de produtos vendidos.

Portanto, as festas da Tupperware impactaram simbolicamente e incorporaram a cultura de uma época em diferentes níveis. Eles permitiram que as donas de casa ganhassem autonomia ao se tornarem consultoras, gestoras e distribuidoras do produto. Os partidos se sentiram subversivos de certa forma. Ao mesmo tempo, o modelo de negócio reforçou a ideia de que o verdadeiro lugar da mulher era em casa.

Earl Tupper e Brownie Wise conversam em uma foto de 1951.
Tupper e Wise construíram um negócio que se tornou um sucesso em todo o mundoImagem: picture-alliance/AP Photo/Tupperware

O fim das tigelas para arrotar

Apesar da narrativa de empoderamento feminino por trás da ascensão da marca – com Brownie Wise celebrada como uma das primeiras mulheres a “incline-se” — a história não terminou bem para a empresária pioneira. Ela foi demitida da empresa que ajudou a construir em 1958 após um desentendimento com Tupper, sem receber nem ações.

No mesmo ano, Tupper vendeu a empresa, chamada Tupperware Home Parties, para a Rexall Drug Company por US$ 16 milhões (€ 14,3 milhões) e acompanhou o sucesso de sua marca na Costa Rica, onde se aposentou.

Na verdade, o modelo de negócio viu os produtos expandirem-se rapidamente para a Europa, Ásia e América Latina.

Desde então, a marca continuou a ser vendida principalmente da mesma forma, através de festas da Tupperware, em vez de lojas físicas.

Mulheres sentadas juntas em um sofá em uma festa da Tupperware na Alemanha em 2006.
As festas Tupperware em casa continuaram sendo o principal meio de venda dos produtosImagem: Jochen Zick/Keystone/aliança de imagens

Novos designs fazem parte da estratégia da marca há muito tempo: a Tupperware recebeu mais de 280 prêmios de design por design e funcionalidade de seus produtos desde 1982.

No entanto, a marca entrou agora em falência, alegando uma diminuição do interesse nos seus produtos e uma diminuição das margens de lucro. Entre outras razões, a Tupperware não conseguiu atrair tanto os consumidores mais jovens.

Ainda assim, desde cosméticos a brinquedos sexuais, muitas outras empresas adoptaram entretanto o método partidário para vender produtos, inspirado no sucesso da Tupperware. Em meio à ascensão da gig economy, os vendedores diretos independentes são agora inundados com oportunidades de escolha: há 7,3 milhões nos EUA em 2023de acordo com a Associação de Venda Direta.

Embora possa ser o fim de uma era, a Tupperware permanece incorporada na vida de milhões de pessoas e integrada na história do século XX.

Mulheres africanas assumem o empreendedorismo

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Editado por: Elizabeth Grenier



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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