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Documentário simula tentativa de golpe militar nos EUA – 02/11/2024 – Ilustríssima

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Rodrigo Salem

[RESUMO] Recém-lançado nos EUA, o documentário “War Game” propõe a políticos, estrategistas e militares um desafio hipotético que hoje soa assustadoramente real: como salvar a democracia no EUA e garantir a transição de poder se um candidato derrotado à Presidência incentivasse um golpe de Estado —e contasse com o apoio das Forças Armadas?

Em 6 de janeiro de 2021, uma multidão de apoiadores do então presidente republicano Donald Trump invadiu o Congresso norte-americano, em Washington, na tentativa de impedir a ratificação da vitória do democrata Joe Biden nas eleições à Presidência do país.

Incitada pelo próprio republicano, que se recusava a admitir derrota e bradava que o pleito havia sido “fraudado”, a turba causou a fuga de políticos, causou mortes e vandalizou o prédio histórico em um ato de horror inédito na história recente dos EUA.

Os insurrecionistas foram reprimidos e debelados com a ajuda da Guarda Nacional, tropas locais de segurança e a polícia. Mas o que aconteceria se, em um futuro hipotético, embora não muito distante, os militares, em vez de defenderem o governo eleito norte-americano e sua democracia, ficassem do lado do candidato derrotado e participassem ativamente do golpe de Estado no país?

É o que pergunta o tenso documentário “War Game” (“Jogo de Guerra”, em tradução livre), dirigido por Jesse Moss e Tony Gerber. Lançado em circuito limitado em agosto passado nos cinemas norte-americanos e ainda inédito no Brasil, o filme é uma espécie de psicodrama protagonizado por militares aposentados, oficiais da inteligência e políticos republicanos, democratas e independentes que fizeram parte dos cinco últimos governos.

Nesta situação hipotética, eles precisam encontrar uma maneira de garantir uma transição de poder da forma menos traumática possível após o candidato ficcional à Presidência Robert Strickland (interpretado pelo ator Chris Coffey) não admitir a derrota nas urnas e insuflar seus apoiadores —entre eles, militares— a não reconhecer o novo governo.

Resumindo: o grupo deve encontrar uma solução firme e com bases legais, mas que não dê início a uma nova guerra civil nos Estados Unidos —coincidentemente, cenário de outro longa recente, “Guerra Civil”, sucesso de bilheteria dirigido por Alex Garland e protagonizado por Kirsten Dunst e Wagner Moura.

Origem da experiência

A semente do projeto começou fora da indústria cinematográfica. A Vet Voice, uma organização encarregada de recolocar ex-militares na posição de “líderes civis”, inspirou-se no artigo do jornal The Washington Post no qual três generais fora da ativa pedem para o Departamento de Defesa norte-americano avaliar o cenário de guerra interna movido por uma iminente tentativa de golpe ou insurreição com suporte das Forças Armadas.

Paul D. Eaton, Antonio M. Taguba e Steven M. Anderson vão mais longe no texto publicado em dezembro de 2021. Os oficiais de reserva de alta patente explicam que o Exército do país reflete sua sociedade e que, assim como ela, abrigaria elementos antidemocráticos radicais.

“Os sinais de uma possível turbulência nas nossas Forças Armadas estão visíveis”, escreveram eles, citando que o ataque ao Capitólio teve a presença de muitos veteranos e membros ativos do Exército, além de um grupo de militares reformados autodenominado Flag Officers 4 America (Oficiais da Bandeira pelos EUA) espalhando as mentiras do ex-presidente sobre a ilegitimidade das eleições.

Insatisfeita com a pouca ação do governo, a Vet Voice gostou do pedido dos generais da reserva e organizou o próprio Role-Playing Game, um jogo em que seus participantes fingem ser personagens fictícios baseados em atributos estabelecidos.

De um lado, o presidente democrata fictício reeleito John Hotham, interpretado por Steve Bullock, ex-governador do estado do Montana, e sua equipe na Casa Branca buscam a transição pacífica de poder. Do outro, insurgentes integrantes da também fictícia Ordem de Colombo convocam os “verdadeiros patriotas”, inclusive militares, a se rebelarem contra o que consideram uma eleição ilegítima.

O exercício proposto pela organização tem o objetivo de encontrar as fraquezas no sistema político norte-americano e preparar melhor as autoridades para uma crise de tal escala —os dados finais foram entregues ao Departamento de Defesa.

Os diretores Gerber e Moss, que já tinham experimentado formato similar no documentário “Full Battle Rattle”, sobre uma cidade cenográfica iraquiana construída no deserto do Mojave para treinar soldados norte-americanos, procuraram a Vet Voice para formar uma parceria.

“Aquele filme e a experiência imersiva que lidava com uma história igualmente complexa e politicamente relevante sob uma perspectiva incomum nos convenceu que poderíamos construir uma colaboração diretorial similar”, disseram os cineastas em declaração à imprensa. “Tínhamos a confiança e compartilhávamos uma visão criativa do que o longa poderia ser e falar sobre esse momento delicado na história do nosso país.”

A dupla recebeu o convite para incrementar a simulação realizada em 6 de janeiro de 2023 e filmar as seis horas de atividade —para editar posteriormente na 1h30 de duração do que se tornaria “War Game”. Eles trouxeram um diretor de arte de peças da Broadway para replicar os cenários da “sala de crise” da Casa Branca, o salão de imprensa da Presidência e o quartel-general dos inimigos. Os cineastas acreditavam que a verossimilhança ajudaria a extrair performances mais realistas dos envolvidos pouco familiarizados com a dramaturgia.

O resultado é um documentário tão envolvente quanto assustador que não se prende apenas ao formato teatral da experiência. Traz diversas sequências reais da invasão ao Capitólio e também faz questão de desvendar a biografia de vários “atores”. Caso de Kris Goldsmith, veterano militar especializado nos estudos de desinformação e movimentos de extremistas internos, que assume o papel de líder da Célula Vermelha, responsável pela tentativa de impedir a ratificação do presidente eleito.

Os organizadores do “jogo de guerra” alimentam a equipe da Casa Branca com notícias em tempo real sobre generais se rebelando contra o governo federal, governadores negando apoio ao político eleito, membros da Guarda Nacional tomando partido dos extremistas e a multidão cercando o Congresso. A responsabilidade dos nomes por trás deste “Show de Truman político” é aumentar a tensão de um possível golpe militar sem cair na fantasia.

Por outro lado, os jogadores do lado da democracia debatem e analisam a maneira mais realista e pacífica para contornar a situação no tempo estabelecido. E eles recorrem ao seu currículo e a sua experiência para solucionar o quebra-cabeça.

Por exemplo, Elizabeth Neumann, vice-chefe de gabinete do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos durante o governo Trump, ganha a função de conselheira de segurança interna no projeto. Um agente da CIA tem a oportunidade de viver o diretor da Inteligência dos EUA. “War Game” ainda possui ex-senadores, membros do serviço secreto, porta-vozes, militares, assessores políticos e jornalistas nos seu elenco.

Os diretores dizem que a senadora democrata Heidi Heitkamp, que assume o papel de assessora direta do presidente em “War Game”, define o projeto como “lição básica de prevenção a golpes”. Uma das lições levantadas pelo filme é como impedir um golpe sem criar nenhum mártir com a mensagem errada, que apelasse para respostas radicais.

A equipe da Casa Branca de mentirinha é seduzida diversas vezes pela possibilidade de adotar a Lei da Insurreição, que dá poderes plenos ao presidente dos EUA para usar as Forças Armadas dentro do país. Seria um ato de desespero sem vitória, como faz questão de lembrar um dos insurgentes da Ordem de Colombo, já que a imagem das tropas norte-americanas abatendo os próprios cidadãos poderia ser o estopim de uma guerra civil.

Uma falha de “War Game” é se concentrar nas consequências de um levante militar nos Estados Unidos sem contextualizar o evento fictício com a ação do país em outros casos semelhantes fora das suas fronteiras.

O longa só não pode ser acusado de fantasioso na sua projeção de uma transição de poder ainda mais conturbada em janeiro de 2025. Em julho passado, durante a companha presidencial, o candidato republicano Donald Trump discursou para líderes cristãos na Flórida: “Saiam e votem. Em quatro anos, vocês não precisarão votar de novo. Nós vamos consertar tudo tão bem que vocês não precisarão votar”. A realidade pode ser bem mais assustadora que qualquer drama.



Leia Mais: Folha

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac, por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (Proex) e em parceria com a Federação do Desporto Universitário Acreano (FDUA), apresentou oficialmente a delegação que representará a instituição nos Jogos Universitários Brasileiros (Jubs) de 2025. O grupo, formado por cerca de 70 estudantes-atletas e técnicos voluntários, foi apresentado em cerimônia realizada na quadra do Sesi neste sábado, 27.

A equipe, que competirá no maior evento de desporto universitário da América Latina, levará as cores da Ufac e do Acre em diversas modalidades: handebol, voleibol, xadrez, taekwondo, basquete, cheerleading, futsal e a modalidade eletrônica Free Fire. A edição deste ano dos jogos ocorrerá em Natal, no Rio Grande do Norte, entre 5 e 19 de outubro, e deve reunir mais de 6.500 atletas de todo o país.

A abertura do evento ficou por conta da apresentação da bateria Kamboteria, da Associação Atlética Acadêmica de Medicina da Ufac, a Sinistra. Sob o comando da mestra Alexia de Albuquerque, o grupo animou os presentes com o som de tamborins, chocalhos, agogôs, repiques e caixas.

Em um dos momentos mais simbólicos da solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, entregou as bandeiras do Acre e da universidade aos atletas. Em sua fala, ela destacou o orgulho e a confiança depositada na delegação.

“Este é um momento de grande alegria para a nossa universidade. Ver a dedicação e o talento de nossos estudantes-atletas nos enche de orgulho. Vocês não estão apenas indo competir; estão levando o nome da Ufac e a força do nosso estado para todo o Brasil”, disse a reitora, que complementou: “O esporte universitário é uma ferramenta poderosa de formação, que ensina sobre disciplina, trabalho em equipe e superação”.

A cerimônia contou ainda com a apresentação do time de cheerleading, que empolgou os presentes com suas acrobacias, e foi encerrada com um jogo amistoso de vôlei.

Compuseram o dispositivo de honra do evento o deputado federal e representante da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro; o deputado estadual Eduardo Ribeiro; o vereador de Rio Branco Samir Bestene; o vice-presidente da Federação do Desporto Universitário do Acre, Sandro Melo; o pró-reitor de Extensão, Carlos Paula de Moraes; a diretora de Arte, Cultura e Integração Comunitária, Lya Beiruth; o coordenador do Centro de Referência Paralímpico e Dirigente Oficial da Delegação da Ufac nos Jubs 2025, Jader de Andrade Bezerra; e o presidente da Liga das Atléticas da Ufac, Max William da Silva Pedrosa.

 



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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac.

A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.


Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.”

A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou.
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.”

Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”


Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.



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Enanpoll — Universidade Federal do Acre

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publicado:
26/09/2025 14h57,


última modificação:
26/09/2025 14h58

1 a 3 de outubro de 2025



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