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Drummond registrou paixão pelo cinema ao longo de 60 anos – 16/11/2024 – Ilustríssima

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Sérgio Augusto

[RESUMO] O texto a seguir é o prefácio de Sérgio Augusto para o livro “O Cinema de Perto”, que reúne a produção em prosa e verso de Carlos Drummond de Andrade sobre o tema, publicada em jornais de 1920 a 1980. Um apaixonado cinemeiro , termo que preferia a cinéfilo, o poeta escreveu sobre seus filmes favoritos, fez declarações de amor para atrizes (Greta Garbo antes de todas), defendeu as vantagens do preto e branco em relação às cores, combateu a censura, celebrou a geração do cinema novo e torceu o nariz para figurões da modernidade das telas, como os cineastas Godard, Antonioni e Bergman.

Quem se aventurar a escrever a história da crítica de cinema praticada por poetas dificilmente encontrará um ancestral do norte-americano Vachel Lindsay (1879-1931).

Um dos fundadores da poesia cantada moderna, o jazz poet de Illinois também foi o primeiro poeta a escrever sobre filmes e estética cinematográfica de que se tem registro, inclusive sob a forma de

livro: seu pioneiro “The Art of the Moving Picture” foi posto à venda em 1915, quando Hollywood era pouco mais que um matagal seco e dispunha de apenas um estúdio de filmagem em funcionamento.

Já pelas bandas de cá, só na década seguinte o modernismo abriria espaço, na revista Klaxon, para que dois poetas da terra, Mário de Andrade e Guilherme de Almeida, dessem vazão em público e letra de fôrma à sua paixão pelo cinema.

Mário de Andrade escreveu sobre filmes, cineastas e tópicos cognatos entre maio de 1922 e janeiro de 1923, por vezes oculto por um pseudônimo. Guilherme de Almeida foi mais longe, assinando críticas

de filmes periodicamente no jornal O Estado de S. Paulo, entre 1926 e 1942, e editando um livro, “Gente de Cinema”, em 1929.

Tempos depois, Vinicius de Moraes, o concretista José Lino Grünewald e Van Jafa, este mais comprometido com a crítica teatral diária, ampliaram a linhagem em variados veículos da imprensa carioca; noves fora Caetano Veloso, que, antes de virar compositor, foi crítico de cinema na Bahia.

Antes deles, porém, outro poeta, justo o maior de todos, Carlos Drummond de Andrade, já se dedicava, intensamente, a refletir e escrever sobre cinema e os sortilégios de seus ídolos. O poeta de Itabira foi um ativo cronista cinematográfico em publicações de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro, ao longo de praticamente seis décadas.

Tinha apenas 17 anos ao lograr uma oportunidade no modesto diário Jornal de Minas. Emplacou, em 15 de abril de 1920, um comentário sobre “a moral e o cinema”, motivado pela histérica perseguição que a Liga Pela Moralidade mineira moveu contra o filme norte-americano “Diana, a Caçadora”, após sua estreia no cinema Pathé, de Belo Horizonte.

Também colaborou no Diário de Minas, quando os filmes ainda eram mudos e Carlitos era chamado de Carlito, fixando-se em seguida no Minas Gerais, órgão oficial do governo do Estado, no qual publicou mais de uma centena de crônicas entre 1929 e 1934, oculto a princípio sob os pseudônimos de Antônio Crispim, Barba Azul e Mickey (como o camundongo recém-inventado por Walt Disney).

Ao mudar-se para o Rio de Janeiro, em 1934, novos horizontes se lhe abriram na imprensa carioca e paulista. O prestigioso matutino carioca Correio da Manhã abrigou seus escritos entre 1954 e 1969. Em seu derradeiro mirante, no Jornal do Brasil (1969-1984), Drummond completaria 30 anos de atividade ininterrupta, à base de três crônicas por semana, quase sempre em prosa, com ocasionais observações e devaneios em versos.

Até haicais ele cometeu ao refletir sobre a “sétima arte” ou a “décima musa”, expressões que, aliás, sempre evitou usar, assim como nunca se identificou como “cinéfilo”, francesismo, a seu ver, pernóstico e com similar nacional.

Éramos todos “cinemeiros” simplesmente, prosaicos fãs de cinema, “esse complemento audiovisual que consola, estimula, distrai, chateia, irrita e fascina”, nas palavras do poeta, fiel devoto da mais poderosa (e politeísta) religião laica do século passado.

A ida ao cinema era a sua missa dominical. Buscava viver outra vida “sem perder as garantias da nossa”. Juntar as duas e corrigir uma com os recursos infinitos da outra era sua mais infalível receita existencial.

Idolatrava mais as estrelas do silencioso do que suas sucessoras na mitologia cinematográfica, por ele injustamente reduzidas à categoria de “mitinhos” para espectadores adolescentes.

Às suas favoritas, fez declarações de amor explícitas, ora e vez incitando-as a recusar papéis não condizentes com seu tipo físico ou sua aura, como fez numa crônica de 1971, para o Jornal do Brasil, tão logo soube que o italiano Luchino Visconti tentava convencer Greta Garbo a voltar às telas, por ela abandonadas 30 anos antes, no papel da proustiana rainha de Nápoles numa adaptação cinematográfica de “Em Busca do Tempo Perdido”. “Nem sequer recuse, responda com seu majestoso silêncio”, recomendou o cronista.

Com frequência imaginava suas musas presentes na vida real, a encher de magia e glamour a insipidez provinciana das Alterosas e até mesmo a cosmopolita paisagem carioca. Sublimou Clara Bow embriagando-se com champanhe num baile do Automóvel Clube do Rio, Eleanor Powell dançando “num lugar feito de nuvens cinzentas”, e Romy Schneider dando sopa na mesma avenida Atlântica de Copacabana em que vislumbrou um desfile com os artistas da tela mortos naquele ano, devidamente anunciados por um alto-falante.

Talvez só num livro coubesse tudo o que em verso e prosa escreveu a respeito de Greta Garbo, a suprema deusa do seu devocionário. Definiu-a, em ocasiões diversas, como “mulher-fábula”, “mulher enigma”, “esfinge”, “mito lunar”, “ninfa-nenúfar”. Admirava a renitência com que cultivava sua persona etérea e reclusa (“trancada em si mesma para preservar a intangibilidade do mito”), gostava até de seus “filmes deliquescentes”, e chegou a incentivar os colegas de ofício a escrever sobre ela quando estivessem sem assunto.

Para protegê-la de qualquer ameaça, criou a Sociedade dos Templários de Greta Garbo, cuja presidência entregou a Manuel Bandeira, cabendo a Stéphane Mallarmé a “presidência metafísica” da entidade, a

despeito de o poeta francês ter morrido sete anos antes de Greta Lovisa Gustafsson nascer.

Sua garbolatria desinibiu-se de vez em 1955, com a invenção de uma misteriosa viagem da atriz sueca à capital mineira, ocorrida 26 anos antes. Mais que misteriosa, delirante.

Segundo Drummond, em outubro de 1929, Garbo veio “dar com sua angulosa e perturbadora figura” em Belo

Horizonte. O poeta Abgar Renault soubera da chegada da atriz, disfarçada de naturalista nórdica, por intermédio de um professor de sueco radicado nos Estados Unidos, e não resistiu à tentação de informar Drummond imediatamente.

O cinemeiro de Itabira não apenas ciceroneou a estrela pela cidade e arredores como se esmerou em mantê-la numa redoma, isolada até do círculo mais íntimo de amigos, e ainda a presenteou com um papagaio furtado do Parque da Cidade, que teria aprendido a falar “Hello, Greta!” e imitar a risada da atriz.

“Vimos descer do carro-dormitório, dentro de um capotão cinza que lhe cobria o queixo, e por trás dos primeiros óculos pretos que uma filha de Eva usou naquelas paragens, um vulto feminino estranho e seco, pisando duro em sapatões de salto baixo” —assim Drummond descreveu a chegada de Garbo à Estação Central de Belo Horizonte.

Por trás de seu par de “óculos pretos”, ela olhou para ele como a um carregador, e disse: “I want to be alone.” Revelou-se, contudo, cordialíssima, acrescentou o cronista.

Drummond admitiu que toda aquela história não passava de uma tremenda lorota na crônica “Sonho Modesto”, mas o fez levando a brincadeira adiante. Segundo ele, a confissão tornou-se obrigatória apenas depois que o jornalista Pompeu de Sousa tentou persuadi-lo a relembrar o episódio numa entrevista ao Diário Carioca, suplementada por fotos, fac-símiles de bilhetes da atriz e outros souvenirs igualmente inexistentes.

Em defesa de sua musa suprema, Drummond terçou armas com Vinicius de Moraes, fã de Marlene Dietrich, por causa de um artigo de Vinicius no Diário Carioca, que, na opinião de Drummond, menoscabava o mito de Garbo, ousando comparar “uma mulher (a sra. Marlene Dietrich) com uma pura e transcendente abstração (Greta Garbo)”.

Considerava a atriz de “O Anjo Azul” (1930) um mito puramente exterior, um fenômeno de fotogenia forjado

em jogos de luz por um Pigmaleão vienense, chamado Josef von Sternberg.

Além de templário de Garbo, Drummond autodeclarou-se segundo tesoureiro perpétuo da Sociedade dos Amigos de Joan Crawford, xodó de outro poeta mineiro, Emílio Moura, que cuidava do livro de atas da agremiação.

É bem provável que Crawford, reconhecida por Drummond como “a única figura ou instituição que passou pela Segunda Guerra Mundial sem perda substancial de prestígio”, tenha sido a segunda divindade do seu

Olimpo.

Deixou-se enfeitiçar por sua “inteligência sensual”, sobretudo por seus olhos grandes, meio esbugalhados, pelas sobrancelhas espessas, pela boca longa e úmida, pelo rosto quadrado, que, admitia, não era bonito. “Mas tudo que amamos verdadeiramente”, ressalvou, “não é bonito, é intenso, e dói”.

Comparou-a a uma “orquídea, cravo, trescalante”, e, esgotado o jardim, a um verso de Baudelaire, a outro de William Blake e, turbinando a hipérbole, a uma equação einsteiniana.

Com Crawford, sublimou uma conversa, a bordo de um navio, mas não a viu pessoalmente em nenhuma das vezes em que a atriz e empresária (herdeira da Pepsi-Cola) visitou o Brasil. Dela se despediu com um poema in memoriam, em maio de 1977, preito que não pôde prestar à sua amada Garbo, que viveu mais três anos do que ele.

De todo modo, foi com ela na cabeça que Drummond escreveu seu penúltimo poema, em 1987. Àquela

altura, nem precisava mais confessar que havia “imaginado, maquinado, vestido e amado” Garbo, mas o fez, para que não pairasse qualquer dúvida a respeito.

Das estrelas que lhe apertaram a mão no plano da fantasia, Catherine Deneuve parece ter sido outra das que mais vivamente o impressionavam. Supostamente apresentados em Paris, teriam mantido uma breve correspondência, tão platônica quanto fictícia, envolvendo pedras semipreciosas colecionadas pela atriz e abundantes na fazenda de soja que Cyro dos Anjos tinha em Montes Claros, no norte de Minas.

Saudosista, nostálgico, eclético em suas preferências, Drummond era visceralmente contrário à dublagem de filmes estrangeiros, prática que, segundo ele, “serve antes de incentivo à cristalização do analfabetismo,

pela preguiça mental”.

Ao contrário de Vinicius de Moraes, não se meteu na polêmica defesa do cinema mudo frente ao sonoro. Ligou-se mais no confronto entre os filmes em preto e branco e em cores. Nos primeiros, a seu ver, “as coisas feias doem menos, e as bonitas continuam bonitas, com possibilidade de se vestirem com roupagens ainda mais belas, criadas pela nossa fantasia”.

Achava o cinema em Technicolor “de um cafajestismo que ofende nosso pudor visual” e não recebeu o CinemaScope e outras telas esticadas com chá e simpatia.

Adentrou a década de 1960 remando contra a maré, a torcer o nariz para os figurões da modernidade cinematográfica. Chegou a pedir uma “vacina cultural contra os gênios cinematográficos, tipo Godard, Pasolini, Antonioni“, que, segundo ele, “costumam tirar à gente o gosto de ir ao cinema, devido à genialidade excessiva de suas criações”. Nem sequer de Bergman livrou a cara.

Sempre cordial com o cinema brasileiro e atento aos seus eternos problemas de produção e distribuição, qualificou um plano salvacionista elaborado pelo cineasta Alberto Cavalcanti na década de 1950 de “bem-intencionado, mas inábil”, pela possibilidade de manter nossa indústria de filmes controlada

além da conta pelo governo.

Era uma voz permanentemente solidária contra a censura e um entusiasta do que de melhor o cinema brasileiro produziu nas últimas quatro décadas do século passado.

Defendeu e celebrou Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Ruy Guerra e, com especial desvelo, Joaquim Pedro de Andrade, autor de “O Padre e a Moça”, filme de 1966, inspirado num fragmento de seu poema “O Padre, a Moça”, que a censura tudo fez para proibir em todo o território nacional, por considerá-lo “imoral e anticlerical”. Também daquela vez os dois Andrades venceram a parada.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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