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O urso que se tornou ‘soldado’ do exército polonês – 30/10/2024 – Bichos

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Vanessa Pearce
BBC News
Um urso —famoso por gostar de cerveja, cigarro e boxe— lutou ao lado das tropas aliadas na Segunda Guerra Mundial.
Wojtek foi “adotado” pelo 2º Corpo do Exército polonês em 1943, depois que sua mãe foi baleada por caçadores.
O urso pardo sírio, encontrado no Oriente Médio, viajou com os soldados quando eles foram enviados para a Itália. Membros das forças aliadas já descreveram seu choque ao ver Wojtek carregando projéteis de artilharia durante a Batalha de Monte Cassino.
Esta história de amizade e coragem foi adaptada agora para uma produção teatral em Coventry, na Inglaterra, pelo escritor Alan Pollock, autor do livro infantil “The Bear Who Went To War” (“O urso que foi para a guerra”, em tradução livre).
O pai de Sue Butler foi um dos soldados que lutou na guerra ao lado de Wojtek.
“Meu pai disse que ele era um símbolo que unia os soldados. Ele era muito mais do que um urso, e pensava que era um deles”, diz Butler, falando com a reportagem de Solihull, na Inglaterra.
Assim como muitos veteranos, o cabo Andrzej Gasior não costumava falar muito sobre suas experiências de guerra, conta Butler.
“Quando ele começou a me contar histórias sobre esse soldado que, na verdade, era um urso, eu não acreditei nele no começo. Pensei que ele estava me provocando.”
“Mas eu estava em um clube polonês local, quando um amigo dele trouxe uma foto de Wojtek para me mostrar.”
O pai de Butler havia sido enviado para um campo de trabalho forçado na Sibéria aos 16 anos, depois de ser flagrado cruzando a fronteira polonesa para negociar botas e alimentos.
Ele ficou doente e disse que a guerra salvou sua vida, uma vez que a invasão da Polônia fez com que a União Soviética libertasse os poloneses.
Foi então que ele se juntou ao Exército Livre Polonês, como ele chamava, e conheceu Wojtek enquanto estava no Oriente Médio.
Wojtek ficou conhecido como um urso que gostava de cerveja e cigarros, mas a verdade pode ser um pouco mais prosaica.
Ele gostava especialmente de tâmaras —que o pai de Butler costumava carregar no bolso como um agrado para ele.
“Ele me disse que outros soldados lutavam com o urso. E, embora às vezes ele [Wojtek] seja visto [em fotos] tomando garrafas de cerveja, meu pai falou que a cerveja, às vezes, era cara demais e, com frequência, o que havia na garrafa era apenas água.”
O urso também pedia cigarros, que ele comia.
Butler afirma que os soldados eram muito protetores com seu companheiro urso, que servia como um grande incentivo moral à tropa.
“Ele era um urso desalojado, e eles eram pessoas desalojadas. Ambos estavam sem suas famílias”, ela observa.
O animal era “muito engraçado e bastante travesso”, ela acrescenta, mas no fim das contas, o urso “achava que era um deles [dos homens]”.
“Todos eles saíram fracos [da Sibéria], e foram oprimidos pelo Estado russo por muito tempo. Esse urso, que está sem a mãe, de repente entra em suas vidas”, explica.
Quando as forças polonesas foram enviadas para lutar em outros países europeus, a única maneira de levar o urso com elas era “alistá-lo”.
Ele recebeu então um nome, uma patente e um número de registro —e participou da campanha italiana.
Em uma entrevista, um veterano britânico contou que ficou surpreso ao ver o urso de 1,82 metro carregando projéteis durante a Batalha de Monte Cassino.
O emblema do batalhão se tornou uma imagem de Wojtek carregando um projétil.
Butler contou que seu pai disse a ela: “Tenho certeza de que ele nos manteve firmes” durante a batalha.
“O urso demonstrou claramente que estava assustado com as explosões, mas se acostumou, e carregava caixas enormes com artilharia pelo local”, ela relata.
‘CHOROU COMO UM BEBÊ’
Quando os soldados poloneses foram desmobilizados, Wojtek foi viver em Berwickshire, na Escócia, antes de ser levado para o zoológico de Edimburgo, onde acabou morrendo em 1963.
Gasior foi para a Inglaterra, primeiro para trabalhar em uma mina de carvão em Preston, e depois entrou para um circo e acabou na região de West Midlands.
Ele se casou com Johanna O’Connel, funcionária de uma cantina que conheceu na base aérea de Gaydon, em Warwickshire. O casal se estabeleceu posteriormente em Birmingham.
Butler contou que seu pai visitou Wojtek em Edimburgo, antes de se mudar para o sul.
“Os homens poloneses da época dele eram ensinados a não chorar, porque isso era visto como um sinal de fraqueza”, diz ela.
“Mas ele me falou que quando viu Wojtek no zoológico, chorou como um bebê.”
O dramaturgo Alan Pollock conta que ficou sabendo da história do urso por meio de uma mulher de 90 anos, enquanto fazia uma pesquisa no Clube Polonês de Coventry.
“Eu tive que interrompê-la e dizer: ‘Desculpa, você pode repetir isso? Um urso era um soldado raso no Exército polonês?'”, ele relembra.
“Ela me contou a história e, a partir daquele momento, fiquei fascinado. Acho que nunca ouvi uma história que eu soubesse tão imediatamente que queria contar.”
Segundo ele, muitos dos soldados acabaram se estabelecendo no Reino Unido.
“Eles achavam que, uma vez a batalha sendo vencida, poderiam voltar para casa. Mas a Polônia está ocupada pela União Soviética, e eles não podiam voltar”, diz o dramaturgo.
“A maioria deles saiu de casa em 1939 ou 1940, e muitos deles nunca mais viram suas casas ou suas famílias novamente.”
Butler contou que só recentemente ouviu falar da produção teatral por meio de sua nora, que trabalha com teatro.
“Acho que a Julia comentou com meu filho, Tom, e ele disse: ‘Tenho certeza absoluta de que meu avô conheceu aquele urso’, mas acho que ela não acreditou nele no começo.”
“O mundo é pequeno e, às vezes, as coisas se alinham, não é mesmo?”, acrescenta.
O pai dela viveu até os 92 anos, e morreu em 2014.
“Ele é meu herói, meu pai. Ele era um homem incrível, e eu tenho muito orgulho de ser filha dele.”
Este texto foi publicado originalmente aqui.
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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

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26 de setembro de 2025
A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac.
A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.
Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.”
A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou.A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.”
Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”
Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.
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publicado:
26/09/2025 14h57,
última modificação:
26/09/2025 14h58
1 a 3 de outubro de 2025
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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

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2 dias atrásem
24 de setembro de 2025
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.
“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”
A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”
Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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