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Oscar para Mikey Madison escancara preconceitos do prêmio – 03/03/2025 – Ilustrada

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Oscar para Mikey Madison escancara preconceitos do prêmio - 03/03/2025 - Ilustrada

Leonardo Sanchez

Uma atriz que já teve popularidade arrebatadora envelhece, cai em desgraça e é preterida por uma bem mais nova, com seu senso de novidade e ar misterioso. A vida imitou a arte na última noite de Oscar, que pareceu repetir a trama do filme “A Substância” ao premiar Mikey Madison, de “Anora“, em vez das favoritas Demi Moore ou Fernanda Torres.

Afinal, como uma desconhecida de 25 anos conseguiu desbancar as duas atrizes que vinham dominando a temporada, uma respeitadíssima e com um discurso de volta por cima irresistível e outra que arrebatou Hollywood com seu carisma, num papel que se encaixa nas preferências históricas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas?

Moore, aos 62 anos, vinha ganhando boa parte dos troféus que servem de termômetro para o Oscar com “A Substância”. Torres, aos 59, era a nova descoberta e obsessão da mídia na temporada de premiações com “Ainda Estou Aqui“. Madison, por sua vez, nem garantida entre as indicadas era, há menos de dois meses.

Sua vitória, porém, diz mais sobre a Academia do que sobre sua performance —boa, mas longe de inesquecível, ao contrário das outras duas. Madison tem currículo modesto, com menos de uma dezena de papéis, pouco expressivos, em longas-metragens.

Nascida em Los Angeles, Mikaela Madison Rosberg já quis seguir carreira no hipismo, mas, criada na meca do cinema, mudou de ideia ao aparecer em curtas no início dos anos 2010. Não trabalhou com nenhum diretor de peso até ser escalada para viver uma integrante da família Manson em “Era Uma Vez em… Hollywood“, de Quentin Tarantino —e foi incinerada viva por Leonardo DiCaprio em seu final catártico.

Em “Pânico”, de três anos atrás, viveu outra psicopata, Amber Freeman, e depois integrou o elenco das séries “Better Things” e “A Informante”, ambas de alcance bastante limitado. Então veio “Anora”, e aí tudo mudou.

Neste domingo, o Oscar reforçou que ainda está preso a preconceitos e preferências do passado, por mais que tente se renovar com políticas como a diversificação de seus membros. Mais importante, mostrou que não está imune ao etarismo que assola a indústria, retratado em “A Substância” e tão lembrado por atrizes de peso, como Nicole Kidman e Meryl Streep, que urgem o cinema e a televisão a criar bons papéis para mulheres acima dos 40 anos de idade, as “lobas”.

Em quase um século de história, apenas 30 mulheres com mais de 40 anos venceram o Oscar de melhor atriz, enquanto 63 atores na mesma faixa etária o fizeram. Adrien Brody, que recebeu sua segunda estatueta neste ano, é o único homem abaixo dos 30 anos a triunfar em melhor ator, enquanto 18 mulheres, contando agora com Madison, o fizeram. Os dados são de um levantamento da emissora Sky News.

Olhando para os números, parece delírio pensar que Moore tinha chances reais. Sua campanha perde força também ao lembrarmos a resistência da Academia em premiar filmes de gênero.

Não à toa, “A Substância”, um terror com o agravante de seguir a linha “body horror” —filmes que causam espanto a partir da violação gráfica do corpo humano— teve que se contentar com a estatueta de cabelo e maquiagem, apesar de competir, entre outras, nas prestigiosas filme, direção e roteiro original.

A mera indicação de Moore era um teste da elasticidade das normas informais da Academia, já que são várias as atrizes elogiadas por trabalhos de terror que ficaram de fora do prêmio. Em anos recentes, são exemplos notáveis Lupita Nyong’o, por “Nós”, e Vera Farmiga, por “Invocação do Mal”.

Na categoria de melhor filme, “A Substância” engordou uma franzina lista de terrores indicados, composta por “Amargo Pesadelo”, “O Exorcista”, “Tubarão”, “O Silêncio dos Inocentes”, “O Sexto Sentido”, “Cisne Negro” e “Corra!”.

No caso de Fernanda Torres, o desafio era maior. Um quarto de século depois de sua mãe, Fernanda Montenegro, perder para outra novinha da indústria, uma insossa Gwyneth Paltrow, então com 27 anos, ela também viu sua poderosa campanha ruir diante do clubinho de homens brancos, mais velhos, heterossexuais e americanos que continua tendo peso enorme nos resultados dos Academy Awards.

Se nem americanas conseguem driblar os preconceitos enraizados no corpo de votantes, imagine uma forasteira. Emma Stone, hoje aos 36, acabou com a festa de estrangeiras mais velhas em duas ocasiões. A primeira foi com “La La Land: Cantando Estações”, ao levar o prêmio em cima de Isabelle Huppert, diva do cinema francês. A segunda, com o recente “Pobres Criaturas”, em cima da alemã Sandra Hüller.

Outras grandes damas francesas, Emmanuelle Riva, por “Amor”, e Catherine Deneuve, por “Indochina”, são mais dois exemplos de peso entre as preteridas por atrizes americanas ou britânicas.

Torres parecia estar no caminho para quebrar o tabu e fazer justiça para a mãe e para o Brasil, que ainda sente o amargor da derrota de “Central do Brasil”, mas não conseguiu, mesmo num papel que historicamente agrada aos votantes do Oscar.

A atriz, afinal, interpretou uma personagem real, precisou passar por uma transformação física ao perder peso e entregou uma performance que, apesar de contida, lançava mão de sentimentalismo. Tudo parte de uma receita que a Academia tende a recompensar.

Com um vestido num tom de rosa ironicamente parecido com aquele usado por Paltrow para aceitar seu Oscar na cerimônia de 1999, Madison frustrou os brasileiros, que pareciam estar mais empolgados em torcer por Torres em melhor atriz do que pelo próprio “Ainda Estou Aqui” em melhor filme ou filme internacional.

A história se repete, apesar de a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dar sinais tímidos de que quer mudar. Eles só não valem tanto para mulheres, ao que parece.



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Enanpoll — Universidade Federal do Acre

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publicado:
26/09/2025 14h57,


última modificação:
26/09/2025 14h58

1 a 3 de outubro de 2025



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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

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Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.

“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”

Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

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Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu, nessa segunda-feira, 22, no gabinete da Reitoria, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Representando a liderança da entidade, esteve presente Letícia Holanda, responsável pelas relações institucionais. O encontro teve como foco a apresentação da agenda da UNE, que reúne propostas para o Congresso Nacional com a meta de ampliar os recursos destinados à educação na Lei Orçamentária Anual de 2026.

Entre as prioridades estão a recomposição orçamentária, o fortalecimento de políticas de permanência estudantil e o incentivo a novos investimentos. A iniciativa também busca articular essas demandas a pautas nacionais, como a efetivação do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB para a área e o uso de royalties do petróleo em medidas de justiça social.

“Estamos vivenciando um momento árduo, que pede coragem e compatibilidade. Viemos mostrar o que a UNE propõe para este novo ciclo, com foco em avançar cada vez mais nas políticas de permanência e assistência estudantil”, disse Letícia Holanda. Ela também destacou a importância da regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil, entre outras medidas, que, segundo a dirigente, precisam sair do papel e se traduzir em melhorias concretas no cotidiano das universidades.

Para o vice-presidente da UNE-AC, Rubisclei Júnior, a prioridade local é garantir a recomposição orçamentária das universidades. “Aqui no Acre, a universidade hoje só sobrevive graças às emendas. Isso é uma realidade”, afirmou, defendendo que o Ministério da Educação e o governo federal retomem o financiamento direto para assegurar mais bolsas e melhor infraestrutura.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Isaac Dayan Bastos da Silva; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarina Lima de Carvalho; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; representantes dos centros acadêmicos: Adsson Fernando da Silva Sousa (CA de Geografia); Raissa Brasil Tojal (CA de História); e Thais Gabriela Lebre de Souza (CA de Letras/Português).

 

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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