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Sociedade civil acelera reconstrução – DW – 29/11/2024

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Quando Fatima Atiyeh chegou à sua casa no libanês cidade costeira de Tiro, no primeiro dia do cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, a expectativa deu lugar à tristeza.

“Minha casa está danificada, as janelas estão quebradas e as portas arrancadas”, disse ela à DW na quinta-feira.

“A primeira noite foi muito difícil”, disse Atiyeh, acrescentando que prendeu um lençol na moldura da porta do quarto para ter uma sensação de privacidade. “Eu não me sentia seguro, mas era tão bom estar em casa novamente, embora não houvesse eletricidade nem água.”

A maioria dos cerca de 1,3 milhões de libaneses que, como Atiyeh, fugiram temendo Ataques israelenses, decidiram regressar às suas casas à luz do actual cessar-fogo.

O acordo de cessar-fogo, mediado pelos Estados Unidos e pela França, prevê uma pausa de 60 dias nos combates entre Israel e o Hezbollah, que mataram pelo menos 3.823 pessoas e feriram mais 15.859 no Líbano desde outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde libanês. Os ataques do Hezbollah mataram 45 civis no norte de Israel e nas Colinas de Golã ocupadas por Israel. Pelo menos 73 soldados israelenses foram mortos no norte de Israel, nas Colinas de Golã, e em combate no sul do Líbano, segundo as autoridades israelenses.

O Hezbollah é classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, Alemanha e vários outros países, enquanto a União Europeia classifica o braço armado do Hezbollah como um grupo terrorista.

Uma economia em dificuldades agravada pela guerra

Embora os ataques tenham cessado em grande parte, muitos no Líbano questionam-se sobre onde recorrer para reparar ou reconstruir as suas casas. O Banco Mundial estimou recentemente que os danos físicos e as perdas económicas no Líbano ascenderam a 8,5 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros).

Mesmo antes Hezbolá tinha começado a atacar Israel em apoio ao Hamas, outra organização terrorista designada apoiada pelo Irão em Gaza, o Líbano já estava política e economicamente em má forma.

Um governo provisório está em vigor desde 2022, e um vazio político deixou muitas instituições governamentais em Beirute incapaz de agir.

Resta saber se isto mudará no início do próximo ano, depois de o presidente parlamentar do Líbano, Nabih Berri, ter anunciado esta semana eleições presidenciais para Janeiro de 2025.

O Líbano também esteve à beira de uma colapso económico que piorou como consequência da guerra. De acordo com a Human Rights Watch, quase 80% da população do Líbano vive sob a linha de pobreza depois que a inflação atingiu 250%.

Um migrante africano deslocado pendura roupa num armazém
Cidadãos que regressam muitas vezes encontram as suas casas sem janelas, portas, eletricidade e água depois dos ataques israelitas terem demolido aldeias inteirasImagem: JOSEPH EID/AFP

Cooperação como solução?

“A situação atual é um fardo enorme para o setor financeiro isso praticamente entrou em colapso”, disse Anna Fleischer, diretora do escritório de Beirute da Fundação Alemã Heinrich Böll.

“O governo sozinho não será capaz de arcar com este fardo”, disse ela à DW.

Na sua opinião, o mais provável é que as iniciativas privadas sejam as primeiras a tentar reconstruir o que foi danificado ou destruído.

Contudo, os activistas não podem sozinhos arcar com o fardo da reconstruir um paísela disse.

“A resposta humanitária para o Líbano, assim como para a população do país, está à mercê de forças e interesses políticos significativos”, disse à DW Lynn Zoviaghian, fundadora do Zovighian Public Office, com sede em Beirute, que protege comunidades que enfrentam crimes de atrocidade.

Na sua opinião, a sociedade civil do Líbano foi incumbida da “missão quase impossível de reconstruir um país no ausência de um estadopara converter a ajuda de emergência em financiamento estratégico baseado nas necessidades e para definir uma visão a longo prazo.”

Ela está convencida de que os activistas e as organizações de base locais precisam de ser capacitados e incluídos nas futuras decisões de financiamento que afectarão a vida das pessoas nos próximos anos.

“A população precisa de bens que durem mais do que apenas a nossa vida, como casas, estradas, segurança, infra-estruturas médicas e capacitação económica”, disse ela.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) fez eco à sua opinião.

“No Líbano, as organizações da sociedade civil desempenham um papel papel crucial ajudando a colmatar a lacuna entre os planos de recuperação e as necessidades reais das pessoas”, disse à DW o porta-voz do PNUD, Antoine Maalouf.

“São eles que podem apoiar a garantia de que os esforços de recuperação, como a remoção de escombros, a limpeza de ruas, a reparação de infra-estruturas e o restabelecimento de serviços, sejam centrados nas pessoas, através do envolvimento com as comunidades locais e do apoio a iniciativas de base”, disse Maalouf.

Um homem sentado nos escombros de uma casa destruída
O Banco Mundial descobriu que os danos às estruturas físicas ascendem a 3,4 mil milhões de dólares.Imagem: Aliança de foto/imagem Hassan Ammar/AP

A sociedade civil intervém

“Sabemos que o governo ou o município não fornecerão qualquer ajuda num futuro próximo”, disse Ali Safieddine, cidadão de Tiro, de 20 anos, à DW.

“É por isso que a minha irmã e eu decidimos lançar e divulgar anúncios para reparações de janelas e alumínio para casas danificadas”, disse ele, destacando que estão a manter os preços tão baixos que as pessoas podem dar-se ao luxo de reparar as suas casas.

Atualmente, estão trabalhando em janelas de 40 residências.

“O primeiro passo é cobrir as casas com lonas plásticas, depois instalaremos as janelas”, explicou Safieddine.

“Também estamos recrutando trabalhadores devido à alta demanda“Podemos ajudar as pessoas a voltar ao trabalho e ao mesmo tempo proteger suas casas”, disse ele à DW.

Salah Sebraoui, vice-prefeito de Tiro, não esconde que está satisfeito com estas iniciativas.

“As necessidades da população são enormes e o município tem recursos limitados”, disse à DW.

Actualmente, o município está concentrado na reparação da estação de água e no fornecimento de electricidade, disse Sebraoui.

“Cerca de 90% da cidade está às escuras”, acrescentou.

No entanto, até agora, não existe um plano detalhado para a reconstrução nem houve uma reunião do conselho municipal, disse ele à DW.

Quão duradoura é a trégua de Israel com o Hezbollah do Líbano?

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Editado por: Sean M. Sinico



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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