POLÍTICA
Em vitória para Bolsonaro, Davi Alcolumbre é eleito presidente do Senado; Renan desiste

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Resultado representa uma vitória do governo, mas deixa feridas que podem ser problemáticas para a gestão Bolsonaro.
Foto de capa: O senador Renan Calheiros (MDB-AL) durante seu discurso de candidato. Sessão do senado tenta realizar a eleição para presidente, após tumultuada sessão de ontem, onde não se chegou a nenhum resultado https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias.
Depois de muita confusão, de recurso ao Supremo Tribunal Federal e da anulação de uma votação sob suspeita de fraude, o plenário do Senado elegeu na noite deste sábado (2), em votação secreta, Davi Alcolumbre (DEM-AP), 41 como presidente da Casa até janeiro de 2021. Ele recebeu 42 dos 77 votos.
A vitória se deu após renúncia do até então favorito, Renan Calheiros (MDB-AL), que se retirou da disputa sob o argumento de que pressões antidemocráticas lhe suprimiram votos —ele chegou a citar os senadores José Serra (PSDB-SP), Mara Gabrilli (PSDB-SP) e Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
O resultado representa uma vitória do governo, mas deixa feridas que podem ser problemáticas para a gestão de Jair Bolsonaro.
A candidatura de Alcolumbre foi bancada pelo ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (DEM), que obtém fôlego para seguir na articulação política do governo.
Renan e aliados, porém, têm ainda relativo poder no Senado, o que pode representar problemas já que para a aprovar a principal medida do início de sua gestão, a reforma da Previdência, é preciso o apoio de pelo menos 60% dos deputados federais e dos senadores.
O governo tentará trabalhar também em outros temas prioritários que dependem do Congresso, como o pacote de combate à corrupção e a criminalidade que está sendo montado pelo ministro Sergio Moro (Justiça).
Em seu discurso de vitória, Davi citou Renan e prometeu não fazer revanchismo, defendeu a proposta de reformas e disse que vai priorizar os “anseios das ruas” em detrimento da “troca de conchavos das elites partidárias.”
O novo presidente do Senado também disse que combaterá a “intromissão amesquinhadora do Poder Judiciário”.
O resultado deste sábado também consolida nas mãos do DEM, até então uma legenda mediana, um dos maiores poderes da Esplanada dos Ministérios —comandará a Câmara (com Rodrigo Maia, reeleito na sexta) e o Senado, além de três ministérios do governo Bolsonaro.
No início do ano, o ministro da Casa Civil havia tentado montar um nome alternativo a Maia na Câmara, mas se afastou das articulações quando o colega do DEM conseguiu consolidar apoio, costurando alianças da direita à esquerda na Casa.
No Senado, por sua vez, a confusão e o tensionamento da votação —além do desgaste de Renan— beneficiou o nome patrocinado por Onyx.
Os senadores empossados passaram mais de 13 horas nesta sexta e sábado em sessões que motivaram diversos discursos, dos próprios parlamentares, dizendo-se envergonhados com o que estava acontecendo na Casa.
Uma sucessão de manobras antirregimentais, confusões e idas e vindas, votação anulada, de tudo um pouco aconteceu no Senado nesses dois dias.
O pano de fundo foi a disputa entre Renan —político de bastidores que soma 40 anos de trajetória política, 24 deles no Senado, Casa que já presidiu por quatro vezes— e o grupo governista comandado por Onyx Lorenzoni, antigo desafeto do emedebista.
Para barrar as pretensões de Renan, Onyx trabalhou o nome de Alcolumbre, político que há 15 anos habitava o chamado “baixo clero” do Congresso, de quem é próximo. A mulher do ministro da Casa Civil foi empregada do gabinete de Alcolumbre.
Foto: O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) exibe voto durante eleição para presidente da Casa, após tumultuada sessão no dia anterior. Apoiado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), conseguiu se eleger presidente https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias.
Desde esta sexta, o senador do Amapá e aliados tentaram passar por cima do regimento do Senado e fazer uma votação aberta para a escolha do comando da Casa, o que praticamente eliminava as chances de sucesso de Renan.
O emedebista é alvo da Lava Jato e de diversas campanhas públicas contra o que chamam de “velha política”. Ou seja, não teria chances em uma votação aberta.
Aliados de Renan inviabilizaram a sessão, operação que contou com o “sequestro” da pasta de condução dos trabalhos pela senadora Kátia Abreu (PDT-TO). Após o término da sessão ela disse ter deixado a pasta de volta sobre a Mesa do plenário.
Na madrugada deste sábado, o presidente do STF, Dias Toffoli, atendeu a pedido de aliados de Renan e mandou o Senado realizar votação secreta, como estabelece o regimento e como sempre foi feito.
A sessão foi retomada pouco antes das 12h deste sábado. Na primeira votação em cédulas de papel houve mais uma confusão.
Após a abertura da urna e checagem dos papéis, constatou-se a existência de 82 cédulas, sendo que só há 81 senadores.
Realizou-se, então nova votação. Nesse momento, o PSDB decidiu mostrar a cédula e declarar todos os seus votos em Davi Alcolumbre. Flávio Bolsonaro, que também não havia revelado o voto no primeiro escrutínio, fez o mesmo. Ele é investigado por movimentações suspeitas em suas contas e já era cobrado em redes sociais por um suposto acordo de apoio a Renan em troca de escapar do Conselho de Ética.
Renan apontou essas mudanças de posição de Flávio e do PSDB como razões para sair da disputa.
Logo após deixar às pressas o plenário, ele negou que vá entrar na Justiça e deixou em aberto qual será sua relação com o governo Jair Bolsonaro.
“Eu retiro a postulação porque entendo que o Davi não é o Davi, é o Golias. Davi sou eu. Ele é o Golias, atropela o Congresso. O próximo passo é o Supremo Tribunal Federal sem o cabo e sem o sargento”, afirmou Renan em entrevista, fazendo alusão a uma declaração de outro filho do presidente da República, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em uma palestra Eduardo havia dito que não era necessário nem um jipe, basta um soldado e um cabo para fechar o STF.
Segundo o senador do MDB, Flávio foi pressionado a abrir seu voto no segundo escrutínio.
“Estou saindo porque o voto foi declarado na forma do regimento como secreto. Eles abriram o voto. Na primeira votação, houve um equívoco, um voto a mais e, por conta disso, eles abriram o voto do PSDB para inibir quatro possibilidades de votos que tínhamos. Qual a lisura? E no final o filho do presidente fez questão de abrir o voto”, afirmou.
Foto: O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) exibe voto durante eleição para presidente da Casa, após tumultuada sessão no dia anterior. Apoiado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), conseguiu se eleger presidente https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias.
Político com mandato desde 2001, quando tinha 23 anos, Alcolumbre foi vereador até 2002, deputado federal de 2003 a 2014 e senador desde então.
Em todos esses anos, quase nunca participou de movimentações políticas de relevo. O maior feito político de sua carreira foi desbancar em 2014 o candidato de José Sarney (MDB-AP) e se eleger senador pelo Amapá.
Além de Renan e Alcolumbre, registraram-se como candidatos e foram até o final Esperidião Amim (PP-SC), Angelo Coronel (PSD-BA), Regguffe (sem partido-DF) e Fernando Collor (PROS-AL).
Quatro dos 81 senadores não votaram: Renan, Jader Barbalho (MDB-PA), Eduardo Braga (MDB-AM) e Maria do Carmo (DEM-SE).
O presidente do Senado é o terceiro na linha sucessória da Presidência da República e tem, entre outros poderes, o de definir a pauta de votações do plenário. Por Daniel Carvalho , Ranier Bragon , Thais Bilenky e Marina Dias.
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POLÍTICA
STF aperta o cerco, e Bolsonaro planeja giro pelo…

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22 de março de 2025
Marcela Mattos
Com o cerco jurídico cada vez mais fechado, o ex-presidente Jair Bolsonaro definiu como estratégia ampliar a realização de atos e manifestações como uma demonstração de força política. A ideia passa por mobilizar milhares de pessoas na rua, reforçar o coro por uma anistia aos vândalos do 8 de janeiro – que, de tabela, pode beneficiar o ex-presidente – e repetir a tese de que Bolsonaro e seus aliados sofrem perseguição por parte do Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde que deixou o Palácio do Planalto, Bolsonaro promoveu quatro grandes manifestações em seu favor – todas elas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Agora, a ideia é expandir o roteiro e chegar a cidades do Nordeste, região em que o presidente Lula tradicionalmente sai à frente no eleitorado.
Durante ato em Copacabana no último domingo, 16, o ex-presidente anunciou que organizará uma próxima manifestação em 6 de abril na Avenida Paulista. Depois, disse, vai ao Nordeste – a primeira parada provavelmente será Aracaju, em Sergipe, berço político do relator do projeto da anistia na Câmara, deputado Rodrigo Valadares (União-SE).
A intensificação das viagens será uma resposta à esperada decisão do Supremo de tornar o ex-presidente e ex-ministros réus por uma tentativa de golpe depois das eleições de 2022. Nos dias 25 e 25, a Corte vai julgar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República que enquadrou Bolsonaro em cinco crimes, o que pode render 40 anos de prisão.
Jogo de pressão
Aliados do ex-presidente espalham a tese de que uma eventual condenação pode gerar uma convulsão popular de proporções inesperadas – ter o povo na rua, portanto, ajuda a manter o jogo de pressão contra o Judiciário.
A VEJA, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o pai deve manter o ritmo acelerado de viagens mesmo se virar réu. “A mensagem que leva é exatamente essa: Bolsonaro é perseguido por não ter feito nada, e vai repercutir isso para as pessoas do Nordeste. É um movimento acertado para levar esse recado”, disse.
Flávio reforça ainda que, independentemente do público presente, os atos geram engajamento e conteúdo nas redes sociais. Segundo ele, além dos apoiadores em Copacabana, um total de 3 milhões de pessoas acompanharam o ato em tempo real pela internet, isso sem contar o outro sem número de “cortes”, os vídeos curtos que são disparados para seguidores. “É isso que ele tem que fazer: mostrar para a opinião pública que a gente está do lado certo”, disse.
Apesar da estratégia, como mostra reportagem de VEJA desta edição, o STF também reforça suas armas e montou um arsenal jurídico para conter a pressão por manobras que absolvam ou aliviem as penas para os acusados no inquérito do golpe. No Supremo, há uma principal convicção: todo o esforço será absolutamente inútil.
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Bolsonaro não será anistiado, garantem ministros d…

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22 de março de 2025
Laryssa Borges
A preço de hoje, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) consideram não haver espaço para que Jair Bolsonaro seja beneficiado por uma anistia. Experientes, os magistrados têm atuado diretamente junto a líderes partidários para medir a temperatura da classe política em perdoar crimes da gravidade de golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado democrático e montaram eles próprios um arsenal de teses jurídicas para, diante de uma possível ofensiva parlamentar, barrar a concessão de uma clemência ao ex-presidente. No limite, consideram até interpretações que vetariam a anistia em um eventual governo de direita a partir de 2026.
Com o avanço das investigações que apontaram que, entre os capítulos para a ruptura institucional, estavam o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, o tribunal avalia não fazer sentido permitir que a anulação das hoje prováveis condenações de Bolsonaro seja levada a cabo porque daria munição para o ex-mandatário, militares e aqueles que foram usados como massa de manobra considerarem novos ultrajes ao sistema democrático.
“Haverá uma série de discussões sobre o cabimento da anistia, tendo em vista a própria gravidade do crime”, disse a VEJA um ministro. “É até constrangedor falar em anistia quando Bolsonaro e militares são acusados de tramar as mortes de um ministro do Supremo e do presidente da República. Aqui não tem bobo da corte”, completa.
Há meses, magistrados verbalizam interpretações que minariam a possibilidade de sobrevida política e eleitoral a Bolsonaro em caso de condenação criminal. Um marco importante foi delineado no julgamento do indulto dado pelo ex-presidente ao então deputado Daniel Silveira, condenado por ataques à Suprema Corte e ameaça aos ministros. Na ocasião, Moraes, tratado como algoz dos bolsonaristas, afirmou que, embora benefícios como o indulto estejam previstos na Constituição, eles não podem ser sacados da cartola para “atacar outro poder do Estado”. Como o capitão pregava abertamente contra o STF, juízes da Suprema Corte consideram a avalição de Moraes no caso de Daniel Silveira um alerta.
No mesmo julgamento, o ministro Dias Toffoli afirmou que a possibilidade de perdão prevista na Constituição segue uma espécie de lógica própria. Para ele, como é o sistema democrático quem concede a anulação de crimes a um determinado grupo, se este grupo ataca aquele que um dia tentou abolir, não há espaço para indulto, anistia ou graça. Luiz Fux tem avaliação semelhante e considera que crimes contra o Estado Democrático de Direito não podem ser contemplados com anistia.
Segundo magistrados consultados por VEJA, no campo jurídico a ampla maioria do tribunal rejeita, por exemplo, a possibilidade de anistia a condenados por crimes como golpe de Estado e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, base da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente e que começará a ser julgada pela Primeira Turma do STF no próximo dia 25.
Para barrar outras investidas, ministros avaliam que a violência do plano golpista, cujo ponto alto incluía a execução de autoridades, pode equiparar a trama a um enredo terrorista, crime que, pela Constituição, não pode ser alvo de clemência. Já ainda os que argumentam que uma anistia que mire acima de tudo Jair Bolsonaro teria por objetivo incentivar a desobediência a decisões do Judiciário, o que violaria a separação de poderes, cláusula pétrea da Constituição.
Por todos esses fatores, ministros da Suprema Corte são categóricos: uma eventual anistia ao ex-presidente não ficaria de pé no Judiciário.
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Matheus Leitão
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“O Brasil veio se tornando referência no que diz respeito, em termos de velocidade, de apuração, de tecnologia. Ou seja, muitos países têm que olhar para o Brasil e ver o que está sendo feito aqui. Em pouco tempo, os dados [dos votos] são contabilizados, a gente tem a proclamação de um resultado, a diplomação, e é isso de fato o que garante a representatividade. A gente tem que fazer o agradecimento à justiça eleitoral por todo esse trabalho, por todo esse empenho como garantidora da democracia brasileira” (Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, elogiando a qualidade das urnas eletrônicas no 87º Encontro do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais. Será que o ex-ministro da Infraestrutura contou para Jair Bolsonaro o que pensa sobre a justiça eleitoral?)
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