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governo enfrenta novos protestos – DW – 06/11/2024

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Moçambique pode estar a enfrentar uma escalada da agitação que continua no país da África Austral desde a eleição do novo presidente Daniel Chapo em outubro.

Esta quinta-feira, as manifestações organizadas pela oposição nas ruas da capital Maputo deverão culminar num grande comício. Os observadores temem o aumento da violência e dos tumultos.

O analista moçambicano Fredson Guilengue, que trabalha para a Fundação Rosa Luxemburgo na vizinha África do Sul, disse que devido à natureza repressiva do regime do país durante muitos anos, o uso da violência parece ter-se tornado a única forma de interagir eficazmente com quem está no poder. .

“O regime está tentando usar a força para impedir as manifestações das pessoas. Até agora isso não funcionou, as pessoas ainda estão nas ruas”, disse ele à DW. “Acredito que o governo aumentará a violência apenas para impedir as manifestações.”

Pneus são vistos queimando em uma rua após um motim de manifestantes, com policiais parados nas proximidades
Os motins eclodiram logo após o anúncio dos resultados das eleições, reivindicando a vitória do partido no poder de Moçambique, a FRELIMO.Imagem: Alfredo Zungia/AFP

Governo ignorando protestos

Guilengue acusa o governo de mal se envolver ou mesmo reconhecer os manifestantes, recusando-se a discutir o tipo de mudança que muitos moçambicanos querem ver. Isto pode ser uma receita para o desastre, uma vez que Moçambique é conhecido pelas suas eleições disputadas.

Desde que as primeiras eleições multipartidárias foram realizadas em 1994, cada eleição resulta em Moçambique tem sido altamente contestada – não apenas por figuras da oposição, mas também por analistas independentes.

Nem um único resultado em 30 anos foi visto como credível, sublinha Guilengue, acrescentando que as recorrentes alegações de fraude eleitoral e o controlo contínuo do partido no poder sobre as eleições, bem como sobre o poder judicial, apenas agravam a crescente falta de credibilidade com que o partido no poder, a FRELIMO, está sendo tratado.

Repetidamente, estes tipos de desenvolvimentos levaram à instabilidade pós-eleitoral em todo o país, incluindo repetidos conflitos armados.

Este ano, no entanto, o sentimento de descontentamento entre os moçambicanos é palpável em todo o lado, em Maputo e não só: protestos intensos eclodiram logo após a publicação dos resultados eleitorais, em 24 de Outubro, com a oposição a contestar os resultados e a acusar a FRELIMO de fraude eleitoral durante as eleições de 9 de Outubro. .

Apoiantes do líder da oposição Venâncio Mondlane apresentaram queixa ao Tribunal Constitucional e saíram às ruas em protesto imediatamente após o anúncio dos resultados oficiais pela comissão eleitoral do país.

Embora Mondlane, de 50 anos, tenha concorrido como candidato independente, contou com o apoio do Podemos – o Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique, que obteve oficialmente mais de 20% dos votos.

O candidato da FRELIMO, Daniel Chapo, venceu as eleições presidenciais com mais de 70% dos votos, de acordo com a contagem oficial. Entretanto, o candidato do tradicional principal partido da oposição de Moçambique, a Renamo, terminou oficialmente num distante terceiro lugar, com menos de 6% dos votos.

Polícia dispara gás lacrimogéneo em protesto na capital de Moçambique

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Regime repressivo acusado de matar opositores

Embora a FRELIMO ainda não tenha abordado os protestos de uma forma construtiva, a polícia respondeu às manifestações, utilizando gás lacrimogêneo e até abrir tiros para dispersar os manifestantes. O advogado e o porta-voz de Mondlane foram mortos a tiro por agressores desconhecidos, aumentando a raiva e a violência por parte dos manifestantes.

Pouco depois dos assassinatos, Mondlane desapareceu da vista do público, acusando a polícia de fazer ameaças contra ele. De acordo com relatos da comunicação social, a polícia acredita que Mondlane está escondido na África do Sul.

Guilengue está preocupado com o bem-estar e segurança de Mondlane: “Temos visto jornalistas independentes, comentadores públicos, académicos, activistas e muitas outras pessoas a serem assassinadas ou mortas em Moçambique apenas (por) expressarem a sua opinião sobre questões políticas e socioeconómicas no país com as quais eles não concordam”, disse ele à DW.

Contudo, nem todos acreditam que Mondlane esteja de facto em perigo real; Elisio Macamo, sociólogo moçambicano da Universidade de Basileia, na Suíça, afirma que deixar o país foi uma decisão sábia para a figura da oposição.

“Não creio que – tendo em conta a racionalidade política – eles teriam interesse em matá-lo”, disse ele à DW, sublinhando ao mesmo tempo que as manifestações são “uma mudança de jogo”.

“Nada parecido aconteceu em Moçambique antes”, disse Macamo sobre a escala dos protestos. “Os jovens perderam o medo e conseguiram mudar a narrativa, o foco agora está na fraude. (Mas) não creio que a vitória da FRELIMO possa ser explicada apenas pela fraude.”

O líder da oposição, Venâncio Mondlane, é visto no meio de uma grande multidão durante uma entrevista
O líder da oposição Venâncio Mondlane acusa o governo moçambicano de fraude eleitoral, apelando a protestos em massaImagem: Alfredo Zungia/AFP

Desinformação e gatekeeping digital

Na verdade, um factor importante para o resultado eleitoral é também a medida em que o candidato independente Mondlane dividiu o voto da oposição — e a FRELIMO também pode estar implicada nessa dinâmica.

“Há notícias falsas por aí”, explica Macamo, destacando que embora nem todas as tentativas de manipulação que ocorrem online possam ser atribuídas ao governo, algumas estão, de facto, directamente “ligadas ao partido FRELIMO” e que são estrategicamente concebidas para “contrariar a narrativas que vêm da oposição.”

Entretanto, outro método utilizado pelo governo para continuar a sua influência e impacto após as eleições são as severas restrições impostas ao acesso à Internet, acrescenta Macamo.

“Obviamente que as empresas de internet receberam instruções da polícia e das autoridades judiciais, provavelmente para cancelar ou restringir os serviços de internet”, acredita, a julgar pela sua própria experiência nas últimas semanas de contacto digital com pessoas em Moçambique.

E não acha que as coisas vão mudar tão cedo: “O governo vai continuar a ser repressivo, isso é certo. E temo que as coisas fiquem ainda mais fora de controlo. Só estou preocupado com o país neste momento”.

Enquanto isso, Mondlane tem implorado o melhor que pode aos seus apoiantes nas redes sociais para continuarem a manifestar-se contra os resultados oficiais das eleições na próxima semana.

Num discurso ao vivo na sua página do Facebook na sexta-feira (1 de Novembro), Mondlane garantiu que estavam reunidas todas as condições para regressar a Maputo e juntar-se aos protestos, dizendo aos apoiantes para não desistirem da luta.

Moçambique declara vencedor das eleições em meio a agitação latente

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Editado por: Sertan Sanderson



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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