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Marilena Chauí discute democracia e mundo digital no DR com Demori
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Gabriela Mendes – Repórter da EBC
Considerada uma das mais influentes e respeitadas filósofas do Brasil, Marilena Chauí é enfática quando diz que não existe uma democracia no Brasil. “A sociedade democrática não existe no Brasil. A condição de uma política democrática e de um Estado democrático é uma sociedade democrática. E a sociedade brasileira é uma sociedade autoritária, violenta, hierárquica, discriminadora, portanto, a condição para uma verdadeira democracia não existe no Brasil ainda.”
A afirmação foi feita em um bate-papo com o jornalista Leandro Demori, para o programa DR com Demori, que vai ao ar nesta terça-feira (5), às 23h, na TV Brasil.
Para Marilena Chauí, o novo grande sujeito politico do Brasil deve ser os movimentos sociais, que, segundo ela, organizam populações inteiras em torno de objetivos comuns e em torno, sobretudo, de direitos.
“Os movimentos sociais são, por natureza, democráticos, na medida em que eles lutam por novos direitos, por reconhecimentos e garantia de direitos. Então, eu acho que eles são os novos protagonistas políticos sem a menor dúvida”, afirma.
Mas ela acredita que a falta de uma pauta unificada, universal, é o grande problema enfrentado hoje para que a sociedade alcance uma política revolucionária. “Você só faz política revolucionária, política de mudança, quando você tem certos universais como referência. Aquilo que é comum a um grupo imenso de pessoas. […] Eu não estou vendo surgir esse referencial e mais, o que eu estou vendo, esses movimentos sociais se transformando cada vez mais em movimentos identitários, se fragmentando”, avaliou.
Marilena Chauí, escritora e filósofa brasileira, durante entrevista com Leandro Demori, no programa DR com Demori, na TV Brasil – Paulo Pinto/Agência Brasil
“Você tem o movimento de cada uma das formas de sexualidade, depois você tem o movimento de cada tipo de maternidade, cada tipo de paternidade, ou seja, em vez de os movimentos serem unificadores e a produção do universal, ao se tornarem movimentos de defesa de identidades […] eles vão se tornando fragmentados e eles não produzem essa referência comum que é necessária pra fazer uma mudança política e uma mudança social”, acrescentou.
Para Marilena Chauí, o que caracteriza a vida política numa democracia é a criação, a garantia e a conservação de direitos, assim como a capacidade de promovê-los. De tal modo que o poder é social. “E é esse poder social que se exprime nas tomadas de decisão políticas. Então, a política que se realiza depende da qualidade da sociedade em que a gente vive. A política vai exprimir se nós estamos numa sociedade conservadora, numa sociedade democrática, numa sociedade autoritária, numa sociedade violenta. A política exprime isso. Ela não corrige isso, ela é a expressão disso”, afirma.
Marilena Chauí também analisa as mudanças que o mundo digital está trazendo para a sociedade. Segundo ela, o que estamos vivendo não é apenas uma mudança tecnológica, mas uma mutação civilizacional. “Está surgindo uma nova subjetividade produzida por esse mundo digital. Primeiro, é uma subjetividade narcisista, ou seja, existir é ser visto. Se você não é visto, você não existe. Ser visto é a primeira marca do narcisismo. Só que, como você depende, para ser visto, do olhar do outro e você não tem o controle sobre o olhar do outro (…) Como Freud dizia, o narcisismo é inseparável da depressão, então, você tem uma subjetividade nova que é narcisista, depressiva e que depende desesperadamente do olhar alheio”, alerta. Ela atribui a esse vício na validação do outro trazido pela tecnologia a causa do aumento de casos de suicídio entre jovens em todo o mundo.
Outra questão trazida pela tecnologia, segundo ela, foi a mudança no modo de vida da sociedade. “Uma mudança na economia. O que é o surgimento do empresário de si mesmo, isto é, do ‘precariado’, é a desaparição da figura da classe trabalhadora. A classe trabalhadora que, concretamente, através do trabalho, se relacionava com o mundo, era a forma da relação social e política que vinha na constituição de classe. Agora, o que você tem é essa dispersão e essa ilusão de que eu sou dono de mim mesmo”, finaliza.
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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