NOSSAS REDES

POLÍTICA

Orçamento secreto institucionalizou a corrupção, d…

PUBLICADO

em

Orçamento secreto institucionalizou a corrupção, d...

Ricardo Chapola

O diretor-executivo da Transparência Internacional, Bruno Brandão, defende as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino que suspenderam o repasse de emendas parlamentares. Em entrevista a VEJA, ele declarou que a falta de transparência na aplicação de recursos públicos indicados por deputados e senadores contribui para que a questão se aproxime cada vez mais de um caso de polícia.

Brandão também citou a falta de informações sobre quem indica os valores — pilar do que ficou conhecido como orçamento secreto — e sobre onde a verba será aplicada — prática ainda recorrente — como motores do maior esquema de corrupção institucional já registrado na história do Brasil. “É uma grande prática de corrupção, de desvios bilionários e sistemáticos de recursos públicos, com um verniz de legalidade, um teatro de institucionalidade.”

A Transparência Internacional acionou o STF para questionar as regras de liberação das emendas diante das denúncias de corrupção e da repetição da lógica das emendas Brasil afora. “Virou uma prática que saiu só de Brasília e foi para o Brasil”, diz Brandão.

Leia os principais trechos da entrevista:

Qual a avaliação da TI sobre as determinações de Flávio Dino sobre a liberação de emendas?

A Transparência Internacional entende que foram muito positivas. O orçamento secreto e a farra das emenda são práticas inconstitucionais. Nada mais natural que o Supremo acabe com essa prática nefasta. Já faz dois anos que STF tomou a decisão de exigir mais transparência e vem enfrentando insubordinação do Congresso.  É o Brasil andando para trás. Na Suécia, o princípio de transparência pública é consolidado há 200 anos. No Brasil, infelizmente, estamos andando para trás para chegar ao absurdo máximo de um orçamento público secreto.

Quais são os riscos caso esse modelo de transferência de recursos públicos seja mantido?

O orçamento secreto é o maior esquema de corrupção institucional já registrado na história brasileira. É uma grande prática de corrupção, de desvios bilionários e sistemáticos de recursos públicos com um verniz de legalidade. Tem sido a base do equilíbrio (ou desequilíbrio) dos poderes nos últimos anos. Identificamos três grandes impactos sistêmicos do orçamento secreto. A destruição da capacidade do país de formular políticas públicas com base técnica, já que o dinheiro do orçamento secreto é usado para atender interesses eleitoreiros e desviado em esquemas de corrupção. Outro impacto é a pulverização da corrupção a nível municipal. Por último, é a distorção eleitoral, porque se criou um ciclo vicioso, no qual parlamentares, o Centrão, o bloco mais corrupto abocanha os recursos que vão favorecer a eleição deles mesmos ou de aliados. Eles, então, voltam ainda mais fortes para chantagear com mais força o governo de ocasião.

Continua após a publicidade

Qual custo político que mudanças como essas podem render ao governo? 

Nós já estamos vendo impacto político na relação entre Executivo e Legislativo. Esse embate é absolutamente necessário, porque é uma prática insustentável para qualquer governo. Sem dúvida, vai haver um custo pelo qual o governo já está pagando. O orçamento secreto é um esquema custoso para qualquer gestão que tenha sua própria agenda e acaba sendo responsabilizada pelos problemas no país que o orçamento secreto acarreta. Sem falar em ter que enfrentar um Centrão cada vez mais mais chantagista e mais poderoso.

Por que o Brasil enfrenta dificuldade de imprimir transparência sobre o destino dos recursos e sobre quem indicou a emenda? 

Quanto mais secreta for a distribuição, mais poder tem de quem controla o dinheiro. Os políticos podem distribuir esses recursos com muito mais discricionariedade a partir de fidelidade, favores políticos. Aqueles que são submissos, que se aliam a esses caciques, recebem mais recursos. Se isso for completamente transparente, outros deputados vão se insurgir e vão lutar mais para que o recurso seja distribuído de forma mais equânime. Essa é uma das razões pelas quais o segredo é politicamente estratégico. O político quer transparência para fazer a sua propaganda política na base, mas não entre os pares para que não haja disputa pelos recursos.

Em que momento a TI entendeu que a transferência de recursos por meio de emendas virou caso de polícia?

É um caso de polícia um caso geral. É uma forma de corrupção institucionalizada. Os casos concretos e específicos estão se multiplicando. Virou uma prática que saiu de Brasília e foi para o Brasil todo. A gente fez um estudo com o mapeamento dos Estados que passaram a adotar esses esquemas nos Estados e nos municípios. Estamos vendo como também se organizaram braços executivos do orçamento secreto, como na Codevasf, estatal que virou um grande gestor do orçamento secreto. Ali é um manancial de esquemas de corrupção e vários outros casos já foram relatados. Outro aspecto que já nos chamou a atenção foi o resultado das eleições de 2022. Nela, o Centrão voltou muito mais forte, com muito mais votos, uma base muito ampliada. Lira, por exemplo, voltou com quase o dobro de votos. As eleições tiveram um efeito de ampliar o bloco mais corrupto da política brasileira. Isso tudo nos levou a priorizar essa pauta e adotar uma estratégia jurídica sobre o assunto.



Leia Mais: Veja



Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

POLÍTICA

Flávio Bolsonaro processa Haddad; André Mendonça s…

PUBLICADO

em

Flávio Bolsonaro processa Haddad; André Mendonça s...

Da Redação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça será o relator do processo que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) abriu contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Na quarta-feira, durante o anúncio de que a Receita revogaria a nova norma sobre fiscalização de transações após confusão e fake news sobre o Pix, o ministro mencionou a investigação de rachadinha no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual pelo Rio. Após idas e vindas, o caso foi anulado.

“Não podemos colocar a perder os instrumentos que o Estado tem de combater o crime”, disse Haddad. “As rachadinhas do senador Flávio foram combatidas porque a autoridade identificou uma movimentação absurda nas contas do Flávio Bolsonaro. Agora o Flávio Bolsonaro está reclamando da Receita? Ele não pode reclamar da Receita, ele foi pego pela Receita.”

“Esse pessoal que comprou mais de cem imóveis com dinheiro de rachadinha não pode ficar indignado com o trabalho sério que a Receita está fazendo”, seguiu o ministro. “O Flávio Bolsonaro, ao invés de criticar o governo, deveria se explicar: como é que ele, sem nunca ter trabalhado, angariou um patrimônio espetacular?”

Flávio afirma que é “ficha limpa”. “O próprio Judiciário já reconheceu que as acusações contra mim eram ilegais e o caso foi arquivado a pedido do próprio Ministério Publico. Nunca houve sequer o recebimento de denúncia criminal contra mim, sou ficha limpa”, afirma.

“Haddad é um impostor, dorme e acorda pensando em como meter impostos no lombo dos brasileiros. Ele está totalmente perdido e quer esconder sua incompetência mentindo criminosamente contra mim. Como ele é um mentiroso, não tenho dúvidas de que será condenado”, diz o senador.





Leia Mais: Veja

Continue lendo

POLÍTICA

Posse do novo chefe do MP do Rio reúne de Paes e C…

PUBLICADO

em

Posse do novo chefe do MP do Rio reúne de Paes e C...

Ludmilla de Lima

Novo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Antonio José Campos Moreira tomou posse nesta sexta-feira com um discurso forte de combate à criminalidade. Mas chamou a atenção também o evento ter sido super concorrido entre a classe política fluminense. O governador Cláudio Castro (PL), o prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União Brasil), prestigiaram Campos Moreira, assim como eleitos de todo o estado na última eleição e nomes polêmicos que, inclusive, já foram alvos do próprio Ministério Público do Rio. Entre estes, estão os dos ex-governadores Luiz Fernando Pezão (MDB), agora prefeito de Piraí, e Wilson Witzel.

Campos Moreira, que era o titular da 1ª Procuradoria de Justiça junto à 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), assume para o biênio 2025/2027, foi o candidato mais votado na eleição interna para a lista tríplice, recebendo 62,75% (583) dos votos da classe. Seu nome foi confirmado para o cargo no dia 2 de janeiro por Cláudio Castro. A solenidade desta sexta foi no auditório da sede do MP do Rio e atraiu ainda representantes do Judiciário. “O MP moderno precisa de um redesenho institucional”, disse o novo procurador-geral, prometendo uma atuação maior no combate à violência urbana e ao crime organizado, cujo cenário atual no Rio classificou como “intolerável”. Entre o público, estavam o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, e o secretario estadual de Segurança, Victor Santos.

Ele afirmou que irá aprimorar a capacidade investigativa da instituição e que se empenhará para asfixiar financeiramente as organizações criminosas. “Vamos centrar nossos esforços na área de persecução, da investigação e da ação penal. Vamos qualificar a nossa investigação, procurar trazer ao MP instrumentos e ferramentas que nos permitam responder da melhor maneira”, explicou Campos Moreira, acrescentando que o MP prestará apoio às ações legítimas dos órgãos de segurança pública, “mas não deixará de coibir episódios pontuais de abuso ou desvios”. “Nossa atuação tem que ser técnica, imparcial e independente. Não vamos admitir intromissões indevidas naquilo que é espaço da instituição”, completou.

O promotor chefiará o MP no lugar de Luciano Mattos, que ficou por quatro anos no posto. No período, a instituição se envolveu no caso do assassinato Marielle Franco, de repercussão internacional.



Leia Mais: Veja



Continue lendo

POLÍTICA

Bolsonaro diz que Brasil vive ditadura “de uma pes…

PUBLICADO

em

Bolsonaro diz que Brasil vive ditadura “de uma pes...

Nicholas Shores

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista ao programa Os Três Poderes, de VEJA, que o Brasil vive uma “ditadura, onde se espera que o ditador saia do Executivo, e sai, agora, por parte de uma pessoa do poder Judiciário”.

Bolsonaro disse que não quer fazer uma bancada “enorme” de senadores em 2026 para cassar ministros do STF, mas, sim, “para mostrar que, ‘olha, ninguém sai do seu quadrado, cada um faz a sua parte’”.

“Não podemos continuar esticando essa corda. Isso vai ter fim um dia. Não podemos continuar fazendo injustiça no Brasil. Nós queremos paz”, declarou.

Ao longo da entrevista, o ex-presidente teceu diversas críticas ao minstro Alexandre de Moraes, que é relator de inquéritos contra Bolsonaro no STF e era presidente do TSE nas eleições de 2022.

O programa Os Três Poderes teve apresentação do editor José Benedito da Silva e comentários da repórter Marcela Mattos e dos colunistas Robson Bonin e Ricardo Rangel.





Leia Mais: Veja

Continue lendo

MAIS LIDAS