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‘Guerra Secreta’ dos EUA lembrada quando o Secretário de Defesa Lloyd Austin visita o Laos | Notícias sobre conflitos

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Em agosto, a família do sargento da Força Aérea dos Estados Unidos David S Price finalmente enterrou seus restos mortais após mais de 50 anos de espera.

O jovem de 26 anos estava estacionado numa base ultrassecreta da CIA – Lima Site 85 – no topo de uma montanha no nordeste do Laos quando foi invadida pelas forças comunistas do Laos e do Vietname em Março de 1968.

Price estava entre os 13 militares dos EUA, juntamente com 42 soldados tailandeses e da etnia Hmong, que foram mortos na estação de radar da CIA que foi usada para guiar aviões bombardeiros dos EUA nos seus ataques ao Laos e ao vizinho Vietname durante a Guerra do Vietname.

Demorou décadas para encontrar e identificar os restos mortais de Price, em grande parte porque os aviões de guerra dos EUA receberam ordens para destruir o site da CIA para encobrir o seu trabalho, parte de um esforço mais amplo para obscurecer “A Guerra Secreta” que Washington travou ilegalmente no Laos – um país oficialmente neutro – nas décadas de 1960 e 1970.

Este ano marca o 60º aniversário do início de uma importante vertente da guerra secreta dos EUA, a Operação Barrel Roll – uma campanha de bombardeamentos dos EUA de nove anos que faria com que o Laos se tornasse no país per capita mais bombardeado da história.

O que parecem ser lagoas são, na verdade, crateras de bombas cheias de água do bombardeio americano no Laos, como visto em 1997, perto da vila de Sam Neau, no nordeste do Laos (Arquivo: David Longstreath/AP Photo)

Primeira visita ao Laos de um secretário de defesa dos EUA

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, está na capital do Laos, Vientiane, esta semana, tornando-se o primeiro secretário de defesa de Washington a visitar o Laos.

Austin participará do Encontro-Plus de Ministros da Defesa da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) na quinta-feira, como parte de uma viagem regional que já incluiu paradas na Austrália, Filipinas e Fiji depois do Laos.

A visita do secretário da Defesa surge num contexto de intensificação da rivalidade geoestratégica na região Ásia-Pacífico, com os chefes da defesa do Sudeste Asiático à procura de garantias de segurança no meio de crescentes disputas marítimas com China no Mar da China Meridional e a incerteza antes do regresso do presidente eleito, Donald Trump, em Janeiro.

No entanto, não está na agenda oficial de Austin uma lembrança da Operação Barrel Roll e do início do capítulo mais sombrio da história moderna do Laos.

epa11730508 Uma foto de folheto disponibilizada pelo Secretariado da ASEAN mostra o Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin III (R), ouvindo o Vice-Primeiro Ministro e Ministro da Defesa Nacional do Laos, Chansamone Chanyalath (L), falando durante a Reunião Informal dos Ministros da Defesa ASEAN-EUA como parte de a Reunião dos Ministros da Defesa da ASEAN em Vientiane, Laos, 20 de novembro de 2024. Os Ministros da Defesa e representantes de segurança das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) reúnem-se numa cimeira organizado pelo Laos para estreitar os laços de defesa e segurança e discutir a agitação civil em curso em Mianmar e a tensão no Mar da China Meridional. EPA-EFE/SECRETARIA DA ASEAN / KUSUMA PANDU WIJAYA APOSTILA EDITORIAL SOMENTE PARA USO/SEM VENDAS
O Secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, à direita, ouvindo o Vice-Primeiro Ministro e Ministro da Defesa Nacional do Laos, Chansamone Chanyalath, à esquerda, falando durante a Reunião Informal dos Ministros da Defesa da ASEAN-EUA em Vientiane, Laos, em 20 de novembro de 2024 (Folheto/ASEAN Secretariado via EPA)

Operação Barril Roll

A Operação Barrel Roll formou um componente-chave da Guerra Secreta no Laos, assim chamada porque sucessivas administrações dos EUA conduziram operações militares no Laos, incluindo armar 30.000 forças locais anticomunistas da etnia Hmong, enquanto escondiam do Congresso o envolvimento da América na guerra.

Apenas revelada ao público dos EUA em 1971, a campanha militar no Laos foi um dos segredos mais bem guardados nos longos, desastrosos e, em última análise, mal sucedidos esforços anticomunistas da era da Guerra Fria dos EUA no Sudeste Asiático nas décadas de 1960 e 1970.

À medida que o conflito no vizinho Vietname se espalhava para o Laos, a Operação Barrel Roll viu os militares dos EUA realizarem 580.344 missões de bombardeamento – lançando 260 milhões de bombas – entre 1964 e 1973, enquanto visavam as rotas de abastecimento comunistas norte-vietnamitas dentro do Laos.

“Foi extremamente destrutivo e não resultou em praticamente nada. Eles estavam bombardeando fortemente de maneiras que não faziam sentido estrategicamente”, disse Bruce Lockhart, professor associado de história do Sudeste Asiático na Universidade Nacional de Cingapura, à Al Jazeera.

“O tipo de guerra que estava acontecendo lá simplesmente não era eficaz para bombardear. E então você causou uma enorme quantidade de danos e perda de vidas sem realmente realizar nada”, disse Lockhart.

Um pátio é usado como depósito de bombas lançadas pelos aviões da Força Aérea dos EUA durante a Guerra do Vietnã em Xieng Khouang, Laos, 1º de setembro de 2016. REUTERS/Jorge Silva PESQUISA "BOMBAS DO LAOS" PARA ESTA HISTÓRIA. PROCURAR "IMAGEM MAIS AMPLA" PARA TODAS AS HISTÓRIAS.
Pátio onde foram recolhidas bombas lançadas pela Força Aérea dos EUA na província de Xieng Khouang, no Laos (Arquivo: Jorge Silva/Reuters)

A Operação Barrel Roll viu o equivalente a uma bomba americana ser lançada a cada oito minutos, todos os dias, 24 horas por dia, durante nove anos.

O resultado foram mais bombas lançadas sobre o Laos – cujo estatuto de neutralidade foi protegido pelos acordos assinados nas Conferências de Genebra em 1954 e 1962 – do que durante toda a Segunda Guerra Mundial.

Legado duradouro do bombardeio dos EUA no Laos

Embora tenha passado mais de meio século desde que a última bomba dos EUA foi lançada, o legado duradouro dessa época ainda é sentido hoje. Com aproximadamente 30 por cento das bombas de fragmentação lançadas pelos EUA sem detonar, dezenas de milhões de engenhos não detonados (UXO) permanecem enterrados no solo do Laos.

Desde 1964, cerca de 50 mil pessoas foram mortas ou feridas por engenhos explosivos no Laos, de acordo com o Monitor de Minas Terrestres e Munições Cluster, com cerca de 20 mil dessas vítimas ocorrendo desde o fim da guerra em 1975.

Mulheres do Laos passam por bombas e projéteis espalhados pelas ruas desta província do norte. De 1964 a 1973, os aviões dos EUA lançaram dois milhões de toneladas de bombas no Laos, muitas delas não detonadas, ainda espalhadas pelo campo, causando vítimas ao povo do Laos.
Mulheres do Laos passam por restos de bombas dos EUA na beira de uma estrada no norte do Laos (Arquivo: Reuters)

As crianças, atraídas pela aparência de brinquedo das bombas coletivas, que são bombas de fragmentação do tamanho de bolas de tênis, lançadas aos milhões no Laos, representam aproximadamente 75 por cento das lesões.

Catorze das 18 províncias do Laos, e até um quarto das aldeias do país, estão “gravemente contaminadas” com engenhos explosivos, de acordo com a Ajuda Popular Norueguesa, que realiza trabalhos de desminagem e de engenhos explosivos no país.

Graças, em parte, a cerca de 391 milhões de dólares em financiamento dos EUA para eliminar engenhos explosivos no Laos desde 1995, a batalha contra as bombas está a ser vencida – embora lentamente.

O número de mortes causadas por bombas que não explodiram caiu de cerca de 200 para 300 anualmente na década de 1990, para cerca de 50 por ano no final da década de 2010. Mas por uma estimativaao ritmo atual das operações de desativação de bombas, serão necessários 200 anos até que o Laos esteja livre de engenhos explosivos.

PARA IR COM A remoção de explosivos militares Laos-EUA, RECURSO de Frank Zeller Os alunos passam por um cartaz alertando que a área está sob uma operação de remoção de minas por uma equipe de remoção de UXO (munições não detonadas) apoiada pelo British Mines Advisory Group (MAG) no local da escola secundária Phuckae, na província de Xiangkhoang, no norte, em 3 de abril de 2008. Laos, um pacata remanso do Sudeste Asiático, durante o A Guerra do Vietname tornou-se o país per capita mais bombardeado do mundo, com bombardeiros norte-americanos realizando cerca de 80 mil missões nas décadas de 1960 e 1970. FOTO AFP/HOANG DINH Nam (Foto de HOANG DINH NAM / AFP)
Estudantes passam por um cartaz alertando que a área está sob uma operação de remoção de minas na província de Xieng Khouang, no norte do Laos, em 2008 (Arquivo: Hoang Dinh Nam/AFP)

Tom Vater, um escritor baseado em Bangkok e co-autor do documentário The Most Secret Place On Earth – The CIA’s Covert War in Laos, disse à Al Jazeera que “UXO é o legado mais óbvio e visível da Guerra Secreta”.

Mas, acrescentou, outro legado da destrutiva campanha de bombardeamentos dos EUA foi a ascensão ao poder do Partido Revolucionário Popular do Laos, no poder, que acabou por derrotar as forças monarquistas apoiadas pelos EUA na guerra civil do país em 1975, governando o país com mão de ferro. desde então.

“A natureza da política no Laos é tão eremita, como na Coreia do Norte e em Cuba. Há uma semelhança nisso: simplesmente não há responsabilidade perante o mundo exterior. Esse é outro legado da Guerra Secreta”, disse Vater.

“Eles venceram a guerra civil e depois fecharam o país e depois seguiram em frente”, disse ele.

“Para a pequena elite comunista que governa o país, esta tem sido uma receita para o sucesso, por isso mantêm-na assim”, acrescentou.



Leia Mais: Aljazeera

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac apresenta delegação que vai para os Jubs 2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac, por meio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão (Proex) e em parceria com a Federação do Desporto Universitário Acreano (FDUA), apresentou oficialmente a delegação que representará a instituição nos Jogos Universitários Brasileiros (Jubs) de 2025. O grupo, formado por cerca de 70 estudantes-atletas e técnicos voluntários, foi apresentado em cerimônia realizada na quadra do Sesi neste sábado, 27.

A equipe, que competirá no maior evento de desporto universitário da América Latina, levará as cores da Ufac e do Acre em diversas modalidades: handebol, voleibol, xadrez, taekwondo, basquete, cheerleading, futsal e a modalidade eletrônica Free Fire. A edição deste ano dos jogos ocorrerá em Natal, no Rio Grande do Norte, entre 5 e 19 de outubro, e deve reunir mais de 6.500 atletas de todo o país.

A abertura do evento ficou por conta da apresentação da bateria Kamboteria, da Associação Atlética Acadêmica de Medicina da Ufac, a Sinistra. Sob o comando da mestra Alexia de Albuquerque, o grupo animou os presentes com o som de tamborins, chocalhos, agogôs, repiques e caixas.

Em um dos momentos mais simbólicos da solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, entregou as bandeiras do Acre e da universidade aos atletas. Em sua fala, ela destacou o orgulho e a confiança depositada na delegação.

“Este é um momento de grande alegria para a nossa universidade. Ver a dedicação e o talento de nossos estudantes-atletas nos enche de orgulho. Vocês não estão apenas indo competir; estão levando o nome da Ufac e a força do nosso estado para todo o Brasil”, disse a reitora, que complementou: “O esporte universitário é uma ferramenta poderosa de formação, que ensina sobre disciplina, trabalho em equipe e superação”.

A cerimônia contou ainda com a apresentação do time de cheerleading, que empolgou os presentes com suas acrobacias, e foi encerrada com um jogo amistoso de vôlei.

Compuseram o dispositivo de honra do evento o deputado federal e representante da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano Ribeiro; o deputado estadual Eduardo Ribeiro; o vereador de Rio Branco Samir Bestene; o vice-presidente da Federação do Desporto Universitário do Acre, Sandro Melo; o pró-reitor de Extensão, Carlos Paula de Moraes; a diretora de Arte, Cultura e Integração Comunitária, Lya Beiruth; o coordenador do Centro de Referência Paralímpico e Dirigente Oficial da Delegação da Ufac nos Jubs 2025, Jader de Andrade Bezerra; e o presidente da Liga das Atléticas da Ufac, Max William da Silva Pedrosa.

 



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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza 3ª Jornada das Profissões para alunos do ensino médio — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação da Ufac realizou a solenidade de abertura da 3ª Jornada das Profissões. O evento ocorreu nesta sexta-feira, 26, no Teatro Universitário, campus-sede, e reuniu estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas do Estado, com o objetivo de aproximá-los da universidade e auxiliá-los na escolha de uma carreira. A abertura contou com apresentação cultural do palhaço Microbinho e exibição do vídeo institucional da Ufac.

A programação prevê a participação de cerca de 3 mil alunos durante todo o dia, vindos de 20 escolas, entre elas o Ifac e o Colégio de Aplicação da Ufac. Ao longo da jornada, os jovens conhecem os 53 cursos de graduação da instituição, além de laboratórios, espaços culturais e de pesquisa, como o Museu de Paleontologia, o Parque Zoobotânico e o Complexo da Medicina Veterinária.


Na abertura, a reitora Guida Aquino destacou a importância do encontro para os estudantes e para a instituição. Segundo ela, a energia da juventude renova o compromisso da universidade com sua missão. “Vocês são a razão de existir dessa universidade”, disse. “Tenho certeza de que muitos dos que estão aqui hoje ingressarão em 2026 na Ufac. Aproveitem este momento, conheçam os cursos e escolham aquilo que os fará felizes.”

A reitora também ressaltou a trajetória do evento, que chega à 3ª edição consolidado, e agradeceu as parcerias institucionais que possibilitam sua realização, como a Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) e a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM). “Sozinho ninguém faz nada, mas juntos somos mais fortes; é assim que a Ufac tem crescido, firmando-se como referência no ensino superior da Amazônia”, afirmou.
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, explicou a proposta da jornada e o esforço coletivo envolvido na organização. “Nosso objetivo é mostrar os cursos de graduação da Ufac e ajudar esses jovens a identificarem áreas de afinidade que possam orientar suas escolhas profissionais. Muitos acreditam que a universidade é paga, então esse é também um momento de reforçar que se trata de uma instituição pública e gratuita.”

Entre os estudantes presentes estava Ana Luiza Souza de Oliveira, do 3º ano da Escola Boa União, que participou pela primeira vez da jornada. Ela contou estar animada com a experiência. “Quero ver de perto como funcionam as profissões, entender melhor cada uma. Tenho vontade de fazer Psicologia, mas também penso em Enfermagem. É uma oportunidade para tirar dúvidas.”


Também compuseram o dispositivo de honra o pró-reitor de Planejamento, Alexandre Hid; o pró-reitor de Administração, Tone Eli da Silva Roca; o presidente da FEM, Minoru Kinpara; além de diretores da universidade e representantes da SEE.



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Enanpoll — Universidade Federal do Acre

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publicado:
26/09/2025 14h57,


última modificação:
26/09/2025 14h58

1 a 3 de outubro de 2025



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